“Pitch-Black Blues”, segundo álbum de estúdio da banda finlandesa de gothic metal com toques de death metal melódico Cryhavoc, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: Gótico, Pesado, Sombrio, Melódico.
Estilo do Artista: Death Metal Melódico/Gothic Metal.
Comentário Geral: Acredito que dificilmente o nome da banda ou do álbum lhe chamou tanto a atenção quanto a capa. Uma imagem belíssima, tão libidinosa quanto artística e mesmo sendo tão plasticamente harmoniosa, ainda é extremamente excitante. Todas estas qualidades podem ser atribuídas também ao som da banda finlandesa Cryhavoc que se utiliza desta fotografia para estampar seu segundo lançamento, “Pitch-Black Blues”, lançado em 1999.
Sobre a belíssima capa do álbum, fotografada por Johan Sorensen, o guitarrista do Cryhavoc, Risto Raven, contou ao site Whiplash no ano 2000 que: “Kaapro encontrou a [foto] de ‘Sweetbriers’em uma revista de fotos e ele quis aquela foto na capa. Ele contou a ideia para o pessoal da Spinefarm e então eles compraram os direitos autorais das fotos. Com ‘Pitch-Black Blues’ nós pedimos ao mesmo fotógrafo que tirou a foto da primeira capa e ele mandou um pacotão cheio de fotos no estilo pra gente. Foi bem fácil escolher essa que se tornou a capa do ‘Pitch-Black Blues'”.
Originalmente, o Cryhavoc foi formado em 1992 como Preprophecy, nome que teriam até 1996, quando baterista e o baixista deixam a formação que é rebatizada como Ravensfall. Neste período, os membros do Absurdus completaram o time de músicos, mas quando sua banda principal conseguiu um contrato com a gravadora Candlelight Records eles deixaram o Ravensfall. Somente após esta jornada, com a entrada do baterista Pauli e o guitarrista Kari, o Cryhavoc foi enfim fundado.
Cabe mencionar que esse nome vem da citação “Cry, ‘Havoc!’ and let slip the dogs of war”, presente na obra de Shakespeare que conta o drama Júlio César. Além disso, o primeiro lançamento do Cryhavoc foi um split-cd ao lado do Wizzard e do Children of Bodom, que trazia uma canção de cada banda. Sobre a mudança do nome Risto Raven disse ao Whiplash que quando fizeram o acordo com a Spinefarm Records, pensaram em mudar o nome “porque aqui na Finlândia haviam toneladas de bandas com Raven-alguma-coisa e não queríamos ser apenas mais uma. Era o mais óbvio a fazer.”
Resumindo, oriundos da escola metálica escandinava, após algumas mudanças de formação e no nome da banda (que representam cada um dos degraus de evolução da sua musicalidade), o Cryhavoc conseguiu, em 1998, lançar um ótimo primeiro álbum, denominado “Sweetbriers” (de capa tão bela quanto a do segundo álbum). Assim como a maioria das bandas que consolidavam o “novo” metal extremo no final do anos 1990, o Cryhavoc evoluíra do death metal simples e brutal para uma sonoridade recheada de riffs ríspidos, vocais sorumbáticos, além de peso e melodia que se harmonizam em um instrumental carregado de atitude.
Se bem que o guitarrista Risto Raven defendeu em entrevista ao portal Whiplash que a carga melódica já era presente mesmo na era mais brutal da banda: “Sempre tivemos esta parte melódica muito forte conosco. Um bom exemplo é ‘Wolfdance’ que escrevemos em 95 e foi a última música do nosso período de Death Metal cru e após essa canção nós basicamente mudamos pra uma coisa mais rock”.
A recepção não podia ter sido melhor. Sendo comparados a nomes como Sentenced e In Flames muitos apostariam suas fichas que este grupo de Helsinque seria o próximo grande nome de uma cena pesada e melódica que crescia de modo exponencial. Apesar das comparações, o Cryhavoc se mostrava original, transpirando personalidade nas composições que podem causar estranheza no princípio da audição.
As faixas presentes em “Pitch-Black Blues” mostram um estilo moderno de se fazer heavy metal, com canções simples e diretas, passagens extremamente melódicas em contraste com a agressividade vocal, que não se contenta apenas em ficar no meio do caminho entre o gutural e a empostação gótica, imprimindo bastante groove nas linhas de voz.
No decorrer de cada minuto das estruturas montadas com riffs, refrãos, passagens cadenciadas e solos, percebemos detalhes que nos levam a apreciar de modo veemente cada uma das músicas aqui apresentadas. Não espere vocais agudos furiosos ou guturais saturados, ou ainda um instrumental extremamente complexo, “Pitch-Black Blues” se encontra na encruzilhada do Death Metal Melódico com o Gothic Metal, onde o que cativa é o feeling e a emoção causada por cada nota.
A comparação entre os dois discos do Cryhavoc, “Sweetbriers” e “Pitch-Black Blues”, deixamos para o próprio Risto Raven em entrevista ao site Whiplash no ano 2000: ” Acho que ‘Pitch-Black Blues’ é um disco mais intenso e mais pensado. Quando fizemos ‘Sweetbriers’, tivemos apenas uns poucos ensaios com o line-up completo antes de entrar em estúdio. Mas com o ‘Pitch-Black Blues’ nós tivemos mesmo grandes momentos tocando e dessa vez todos nós tivemos grande parte em sua composição. Hoje em dia sabemos o que queremos e pra onde queremos ir. Isso é realmente muito bom.”
A edição nacional de “Pitch-Black Blues”, lançada pela parceria entre os selos Laser Company Records/Rock Brigade Records possui três faixas bônus: “The Key”, “Wolfdance” e “Blackheart”, as três retiradas da demo-tape lançada em 1996 com títulos diferentes. Uma fato curioso é que nestas gravações estão os antigos membros do Cryhavoc, Taneli Nyholm e Matti Roiha, respectivamente, baixista e baterista.
Infelizmente, o Cryhavoc se encontra inativo, tendo deixado apenas dois belíssimos álbuns que indico fortemente. Neste caso, podemos julgar a beleza e bom gosto de um álbum pela capa.
Ano: 1999.
Top 3: “Metamorphosis”, “Snowsong”, e “The Serpent And Eve”.
Formação: Kaapro Ikonen (Vocal), Jouni Lilja e Risto “Raven” Lipponen (Guitarras), Kari Myöhänen (Baixo) e Pauli Tolvanen (Bateria).
Disco Pai: Sentenced – “Amok” (1995).
Disco Irmão: Dark Tranquility – “Projector” (1999).
Disco Filho: To/Die/For – “Jaded” (2003).
Curiosidades: No encarte de “Pitch-Black Blues” todas as letras são creditadas a um certo L. C. Rough, que é na verdade um personagem fictício. o L. C. vem de Lord Calvert, que é o whiskey mais barato que existe na Finlândia. Todas as letras foram escritas pelo vocalista Kaapro Ikonen.
Pra quem gosta de: noites frias, vinho tinto, sensualidade artística e melodias sorumbáticas.
Leia Mais:
- O que é Gothic Metal? Os 50 Discos Essenciais do Metal Gótico
- The Gathering – “Nighttime Birds” (1997) | Você Devia Ouvir Isto
- In Flames – “Clayman” (2000) | Você Devia Ouvir Isto
- Black Metal | 18 Discos Essenciais do Metal Satânico
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