“Chris Cornell: A Biografia”, de Corbin Reiff, é a história completa do artista complexo e enigmático, o real líder do movimento alternativo de Seattle, mais conhecido por integrar as bandas Soundgarden e Audioslave.
Esta biografia foi lançada no Brasil numa belíssima edição em capa dura pela editora Estética Torta. Abaixo, você lê nossa resenha completa!
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Esta será uma resenha diferente. Ela será escrita pelo “advogado do Diabo”! Deixe-me explicar. “Chris Cornell: A Biografia” me gerou um misto de prazer por saber detalhes interessantes da vida de um dos meus vocalistas favoritos na história do rock com frustração pelo estilo jornalístico de uma seção de biografias de revista especializada em rock/metal.
Ou seja, encontrei alguns problemas no livro de Corbin Reiff que ao longo (e por causa) da leitura fluida e prazerosa foram motivando justificativas para todos e como eles eram irrelevantes frente ao excelente trabalho de o biografo fez, o “advogado do Diabo” que reside em mim ganhou a causa.
“Chris Cornell: A Biografia” narra a história de Chris desde a ascensão de sua banda, o Soundgarden, quando eles emergiram do underground pós-punk dos anos 1980 (aliás, obrigado Corbin por me apresentar o Chrome neste livro, esta banda é demais!) para dominar a cultura popular nos anos 90 ao lado de outras bandas de Seattle como Pearl Jam, Alice In Chains e Nirvana. Sua biografia passa pelo Temple Of The Dog, Audioslave, os projetos solo e além.
Morador de longa data de Seattle e escritor Corbin Reiff (um jornalista especializado em rock) examina a carreira solo dinâmica de Cornell, bem como seu tempo no Audioslave. Ao mesmo tempo ele mostra como Chris lidava com sua batalha árdua contra o vício, bem como a conturbada, mas promissora, reunião com o Soundgarden antes que tudo terminasse tragicamente.
O que mais me chamou a atenção nesta biografia é que ela não faz um mergulho na vida de Chris Cornell como artista, tecendo análises pouco profundas sobre como suas vivências impactaram sua música e sua arte. Neste sentido, “Chris Cornell: A Biografia” está longe do padrão que lemos em “Mais Pesado que o Céu”, por exemplo, biografia de Kurt Cobain escrita por Charles R. Cross.
Muito disso é consequência direta do que o próprio Corbin Reiff nos conta na introdução, afirmando que esta “não é uma biografia oficial autorizada de Chris Cornell nem conta a história do Soundgarden”.
E isto tem uma justificativa: “À medida que as questões jurídicas relacionadas a Chris e seu espólio vinham à tona, pude perceber o entusiasmo das pessoas falar detalhadamente diminuindo”. Estas foram palavras de Reiff e ele completa observando que ameaças de processos judiciais ajudaram a diminuir as entrevistas que seriam usadas numa biografia mais profunda.
O normal numa situação destas seria desistir, mas Corbin Reiff resolveu continuar de uma forma muito inteligente. Ele contou a história de Chris Cornell sendo quase o ghost writer de uma autobiografia (atenção no quase) montada como um quebra-cabeças.
Numa era onde toneladas de informação são despejadas diariamente pelos diversos meios de comunicação como a que vivemos, acho até mais relevante o trabalho do organizador do que o do gerador de informação. E foi exatamente isso que Corbin Reiff fez em “Chris Cornell: A Biografia”.
“Conforme eu revia as entrevistas do Chris, fui traçando uma enorme linha do tempo de sua vida usando suas próprias palavras e lembranças”, contou Reiff também na introdução. Ou seja, ele se colocou no papel de um organizador das entrevistas concedidas por Chris Cornell aos meios oficiais de comunicação, criando, a partir delas, uma biografia contada pelo próprio artista.
Claro que várias pessoas que viveram ao lado dele em sua carreira também têm suas vozes bem colocadas nos momentos certos, muitas delas vindas das mesmas fontes de onde Reiff retirou a voz de Chris Cornell (as antigas entrevistas).
Ou seja, o problema de Corbin Reiff ter usado conteúdo biográfico que está prontamente disponível em entrevistas, revistas e livros, não trazendo nenhuma informação nova, ao meu ver, se tornou justificado pelo trabalho de organização que demanda muito esforço e tempo.
Eu valorizo muito este tipo de trabalho. Corbin Reiff mergulhou na vida e na obra de Chris Cornell por três anos para conseguir organizar todo o material que tinha. Insisto que informação organizada e contextualizada é um dos tesouros de nossa era.
“Chris nunca chegou perto de escrever uma autobiografia; no entanto, com alguma vontade e esforço, pensei que poderia entrelaçar a história como ela a vivenciou,” afirmou Corbin Reiff, que fecha introdução dizendo ser esta a biografia que lhe foi possível escrever da maneira mais honesta, precisa e empática.
Ou seja, o escritor foi totalmente honesto sobre o conteúdo documental e jornalístico do seu livro. Sendo assim, não espere análises profundas sobre como sua juventude eclodiu no gênio depressivo do rock que foi Chris Cornell.
Muito menos espere detalhes dos relacionamentos com os músicos das bandas em que esteve, ou de seus familiares, empresários e músicos da cena de Seattle (se bem que os capítulos sobre Andrew Wood e a chegada de Eddie Vedder na cidade são bem interessantes).
Além disso, até pelo que já foi descrito anteriormente, não daria para cobrar Corbin Reiff que ele explorasse em detalhes o conflito existente entre a viúva de Chris Cornell e os membros do Soundgarden após sua morte.
Reclamar destes problemas se tornou, ao meu ver, injusto, pois Corbin Reiff nunca prometeu esta profundidade e foi bem honesto dentro de um texto lúcido, desapaixonada e fluidamente escrito.
E talvez o fato desta ser uma biografia da vida artística de Chris Cornell seja o que mais incomoda aqueles que não gostaram dela. De fato, nunca entendi a sede por conhecer a vida pessoal mais íntima de artistas. Talvez por isso, esta justificativa tenha sido tão fácil de assimilar e acabado com este problema pontual na minha mente.
Algumas conclusões existem, partindo das palavras do próprio Chris Cornell. Por exemplo, nas primeiras páginas das mais de 400 desta edição da editora Estética Torta, temos uma observação interessante que a mim justifica a constante metamorfose artística que Chris viveria em toda a sua carreira. Temos também um breve relato da relação conturbada de Chris com o pai, que o fez assumir o nome de solteira de sua mãe, “Cornell”.
Além disso, o livro desenha muito bem a importância de Chris Cornell para a cena de Seattle, dando a ele o crédito que diversas, injustas e errôneas vezes é dado a Kurt Cobain, por exemplo. E por reforçar esta verdade histórica me faz relevar ainda mais os problemas desta biografia.
Até porque poucos são aqueles capazes de ler uma biografia com profundidade e explorando aspectos do caráter, da personalidade ou da essência emocional de forma madura, além da simples curiosidade pela vida e tragédia de seus ídolos.
Tudo bem que pouco do que esta no livro pode ser novidade para fãs de carteirinha, aqueles que sabiam até a cor da cueca favorita de Chris Cornell. Entretanto, para os que apenas conhecem a música de Chris Cornell e nunca tiveram a oportunidade de ler uma biografia dele, este livro é definitivo.
Isso posto, quero falar um pouco sobra a edição da editora Estética Torta para esta biografia de Cris Cornell. Primeiramente, o padrão de qualidade da publicação é altíssimo. Capa dura, papel de ótima gramatura e bordas pintadas de preto dão uma sofisticação bem vinda ao material.
Outra coisa que eu gostei muito na edição de “Cris Cornell: A Biografia” foram as notas do tradutor, inseridas no momento certo, sem exageros e pertinentes para entender certas passagens da costura feita por Corbin Reiff. Além disso, manter as referências em notas de rodapé num livro como este foi muito interessante, pois valoriza ainda mais o trabalho de organização feito por ele.
Como uma primeira biografia de Chris Cornell creio que Corbin Reiff fez um excelente trabalho como um organizador que sintetizou um panorama geral da trajetória deste brilhante artista, de onde outros biógrafos certamente partirão para aprofundar em diversos aspectos da vida de Chris Cornell.
Organize você agora uma pilha de discos do Soundgarden, Audioslave e da carreira solo de Chris Cornell, prepare sua bebida favorita e entregue-se à leitura desta biografia, pois vale muito pena revisitar e reverenciar sua obra.
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Muito legal sua resenha. Comecei a ler agora e estava com um pé atrás. Agora não estou mais.
Long live Chris Cornell.
#noonesingslikehimanymore