Coldcut: “What’s That Noise?” | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado para ouvir: Sábado.

Hora do dia indicada para ouvir: Dez da Noite.

Definição em um poucas palavras: Alegre, Eletrônico, Pioneiro, Drogas.

Estilo do Artista: Electronica/ House / Alternative Hip Hop/ NeoSoul.

Coldcut Whats that noise
Coldcut: “What’s That Noise?” (1989, Ahead of our Time, Stiletto, BMG Ariola)

Comentário Geral: Sabe aquelas músicas recheadas de samples de canções famosas, onde Dj’s improvisam suas batidas e efeitos e você dança até não aguentar mais em alguma festa ao por do sol?

Então, tudo começou aqui!

Em julho de 1990, a revista Spin trazia uma matéria onde refletia sobre a forma com que os limites dos gêneros musicais eram expandidos no fim dos anos 1980, por uma nova geração que tentava resgatar a “mente-aberta” dos anos 1960, assim como seu engajamento em causas sociais e políticas, e o estilo de vida alternativo.

Na mesma matéria, eram apresentados argumentos em prol da música multi-cultural (diferente do que faziam Sting, Peter Gabriel e David Byrne), que valorizava texturas tanto quanto o discurso, numa mutação que ganhava muita força na Inglaterra.

Não à toa, dentre os nomes citados (De La Soul, Stone Roses, Happy Mondays, etc) estava o Coldcut.

O Coldcut na verdade é uma dupla de Dj’s que, durante a carreira, remixou clássicos do rock e correram na contra-mão na cena inglesa que investia nas raves e numa sonoridade mais acid house.  

O duo Jonathan More e Matt Black preferia se concentrar em sonoridades urbanas típicas do hip hop, ainda que esbarrando no trip hop.

A criatividade da dupla criou um estilo divertido que misturava todos os cânones da música eletrônica à pedaços de canções de jazz, hip hop e até mesmo spoken words, levemente modificadas por alguns efeitos.

Hoje, todos estes elementos são corriqueiros, mas no fim dos anos 80, algo desta forma, do outro lado do Atlântico, era inédito.

Logo se tornaram ícones da cena inglesa de música eletrônica experimental, após extrapolar suas fronteiras com o aclamado EP “Hey Kids, What Time Is It?”.

Eles bradavam estar à frente de seu tempo e se utilizavam da coleção da música universal como sua discoteca particular, sem se importar com direitos autorais e foram pioneiros na mais inteligente forma de utilizar samples na música eletrônica.

Toda esta sagacidade musical é refletida em cada faixa neste seu álbum de estréia, “What’s That Noise?”.

Numa variada coleção de músicas, que transita num ajuntamento dos mais diversos estilos, as influências mais evidentes se fazem nos grooves pertinentes a uma cena que começava a engatinhar.

Ao contrário do que possa parecer, os múltiplos elementos se homogenizam de modo fluido, como nas canções popPeople Hold On”, que traz a participação de Lisa Stansfield,  e “Doctorin’ the House”, ou no clássico máximo “Stop This Crazy Thing”, cujo vocal fica a cargo de Junior Reid, vocalista da banda de reggae Black Uhuru, e nos apresenta um sintetizador analógico com um groove completamente distorcido numa música que encapsulava toda a vibração e euforia da cena acid house na época. .

Ainda saboreamos um pouco de funk na faixa “Smoke 1″, que traz a participação de Queen Latifah, e na estranha e experimental “(I’m) In Deep” nos deparamos com um sample de Deep Purple e um espirito que antecipava nomes como Stone Roses, Happy Mondays e o sensacional Thievery Corporation.

Experimentalismo que será expandido em “Theme From ‘Reportage'” (com samples e colagens que remetem a um pesadelo hip hop) e “Which Doctor” (com a psicodelia do trip hop).

Já “My Telephone” trazia, além dos vocais de Mark E. Smith (The Fall), batidas pesadas e efeitos que remetiam a uma evolução do que o Kraftwerk fez na década anterior pela estética urbana do hip hop. Enquanto “No Connection” é o embrião da música eletrônica que se consome hoje em dia!

O grande mérito de “What’s That Noise?”, além do ousado exercício de criatividade e exploração dos limites, está nos grooves irresistíveis, construídos de forma rústica e soando incrivelmente orgânico mesmo com todo o aparato eletrônico que serve de ferramenta.

Os grooves são a matéria prima deste disco imprescindível para entender a música do Século XXI, tanto que está listado dentre os 1001 Discos Pra Ouvir Antes de Morrer.

Se possível, confira estas onze músicas diretamente do vinil, para ter o clima e equipamentos que uma peça destas pede! Se não for possível, ouça-a como der!

O importante é entender este ponto de bifurcação que nos trouxe até a musica eletrônica moderna.

Com a explosão do acid house, e com “What’s That Noise?” lançado, o duo Coldcut se tornou largamente respeitado.

Em 1990, Black e Moore eram aclamados como produtores do ano, e posteriormente abririam o próprio selo, o Ninja Tune Records, pelo qual ajudariam a consolidar o techno e o house, além de garantir a liberdade para suas experimentações.

Enfim, quer um álbum pioneiro? Ei-lo aqui. E a começar por esta razão, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 1989.

Top 3:  People Hold On, Stop This Crazy Thing e What’s That Noise?.

Formação: Jonathan More (bateria eletrônica, percussão, teclados, sampler e mixagem) e Matt Black (sintetizador, bateria eletrônica, teclados, mixagem e sampler).

Disco Pai: Grandmaster Flash And The Furious Five: “The Message” (1982).

Disco Irmão: Bomb The Bass: “Into The Dragon” (1988).

Disco Filho: Thievery Corporation: “Sounds From the Thievery Hi-Fi” (1997).

Curiosidades: Muitos pensam que o Dj Coldcut é apenas uma pessoa e não o duo britânico. Esta confusão se dá pelo fato de More e Black serem anunciados desta forma para evitar problemas legais de direitos autorais. Apesar de seu início nas inúmeras rádios-pirata que existiam no país, se tornaram as primeiras estrelas da dance music inglesa. Vale menção à capa feita pelo artista Mark Beyer.

Pra quem gosta de: dançar, misturas de estilos, coquetéis coloridos, raves, dormir tarde e balas coloridas. 

https://youtu.be/maXUFN48v-4

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