Children of the Sun – Resenha de “Flowers” (2019)

 

Children of the Sun - Flowers (2019)
Children of the Sun – “Flowers” (2019 | The Sign Records, Hellion Records)

O Verão do Amor… A geração hippie… O rock lisérgico e libertino.

Todos esses elementos cravados na contra-cultura do Século XX nos vêm à mente quando ouvimos “Flowers”, primeiro álbum da assembléia roqueira sueca batizada como Children of the Sun.

Ao longo de oito faixas, o octeto sueco consegue encapsular blues, country e folk bem dosados num classic rock de tonalidades vintage e oxigenado pelos ares do verão do amor de 1968 principalmente através de harmonias vocais brilhantes.

Mas esqueça o pedantismo “bicho grilo”, afinal o que eles querem é trazer de volta o sentimento do soul/blues amaciado pela envolvência calorosa das harmonias vocais do country/folk.

E o fazem remetendo à era romântica e utópica do rock, dos tempos de festivais como Woodstock e o Monterrey Popmas com frescor da modernidade, enfileirando influências de Janis Joplin, Big Brother & The Holding Company, Allman Brothers Band, Canned Heat, Jefferson Airplane e Free.

Ao menos a intenção parece ser esta!

Com eficiência na produção, timbragens orgânicas e muita honestidade nas composições posso dizer que entregaram um trabalho também viajante além de bonito, seja nas texturas, nos climas, ou nos arranjos.

Isso sem se privar das melodias saborosas e da pegada roqueira sessentista, como já está entregue na faixa que, de fato, abre ao trabalho, intitulada “Her Game”. 

Nesse início já fica evidente que o Children of the Sun pinçou uma forma de praticar o rock lá no fim dos anos 1960, mas a imprime com personalidade própria e sem querer soar como uma peça de antiquário.

A faixa-título na segunda metade do disco reforçará essa impressão pelas vias mais lisérgicas, assim como também fará a excelente “Like a Sound”.

O uso dos elementos inerentes à essa abordagem impulsionada pelo oximoro vintage-moderno é feito com muita inteligencia e liberdade.

A faixa seguinte, “Emmy”, deixa isso ainda mais claro. Guitarras inspiradas pelo blues, teclados de extremo bom gosto, backing vocals inspiradíssimos e linhas vocais acachapantes fazem dela uma das melhores do disco.

Por aqui você já saberá que o trabalho dos vocais principais de Josefina Berglund Ekholm, bem amparados pelos vocais de apoio de Ottilia Berglund Ekholm e Wilma Ås, serão o grande destaque individual do disco.

Aliás as harmonias vocais de “Flowers” são de cair o queixo. Confira “Sunshine” e perceba a maturidade da construção das melodias de vozes que eles já possuem, num esforço técnico, mas que emociona!

E por falar em emocionar, “Beyond the Sun”, a faixa que fecha o trabalho, é daquelas baladas introspectivas, viajantes, com algo de Bob Dylan nos arranjos de violão e gaita. Uma faixa de deixar rolar enquanto se senta ao fim do dia para pensar na vida. Uma música fenomenal!

Cabe aqui a ressalva de que as guitarras possuem muito potencial em seus desdobramentos inspirados pelos blues e sustentados pela estética desenvolvida pelo subestimado Robby Krieger, do The Doors.

Uma maior ousadia nas seis cordas certamente fará da fórmula ainda melhor e “Hard Working Man”, com sua mistura de southern rock com progressivo e soft rock, está aqui (junto com o solo da já citada “Sunshine”) pra confirmar essa minha observação.

Muito do que ouvi por aqui me remeteu aos primeiros trabalhos do Chris Robinson Brotherhood, algo do Church of the Cosmic Skull, assim como dos compatriotas do Maidavale e do Blues Pills.

Se você tem acompanhado as bandas suecas que se dedicam a uma forma vintage do rock sabe que esse disco do Children of the Sun se garante pela safra, assim como um bom vinho!

Mais um tiro certeiro da Hellion Records que acaba de trazer esse disco excelente de uma banda com altíssimo potencial para o Brasil.

FAIXAS

Flowers (Intro)
Her Game
Emmy
Hard Working Man
Sunchild
Flowers
Like A Sound
Beyond The Sun

FORMAÇÃO

Jacob Hellenrud -(guitarra)
Josefina Berglund Ekholm (vocais)
Ottilia Berglund Ekholm (backing vocals)
Wilma Ås (backing vocals)
Ida Wahl (baixo)
Anna Nilsson (teclado)
Christoffer Eriksson (bateria)
Sara Berkesi (percussão)

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