Álbum solo de vocalista do Nazareth mescla hard rock e heavy metal

“Electric Eye” é o álbum solo de Carl Sentance, veterano vocalista britânico que substituiu Dan McCafferty na banda de classic rock Nazareth.

Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco que foi lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records, Valhall Music e Drakkar Entertainment.

Para muitos apreciadores do classic rock o vocalista Carl Sentance foi apresentado quando ele assumiu os vocais da lendária banda escocesa Nazareth. Mas sua trajetória começou em 1977, como guitarrista e vocalista da banda Leading Star, tendo passado por várias bandas na região de Leicestershire, no Reino Unido, onde ele nasceu, até assumir o microfone da banda Persian Risk, um representante da NWOBHM, substituindo John Deverill, e onde gravou o single “Calling For You” e o álbum “Rise Up”, respectivamente, em 1981 e 1985.

Sentance permaneceu no Persian Risk até 1986, quando se tornou o vocalista do projeto solo do baixista do Black Sabbath, Geezer Buttler, onde ficou até 1988 rumo à banda Monroe e logo em seguida, à banda Tokio Rose. No início da década de 1990 Carl Sentance cruzou o Atlântico rumo à Flórida, onde formou a banda Ghost com o guitarrista Paul Chapman. Em 1995 ele retornaria para o Reino Unido onde iniciaria uma carreira no mundo dos musicais até 1999, quando se tornou o vocalista de lendária banda suíça Krokus, onde gravou um álbum e ficou até o ano de 2002. Em 2006 ele se juntou a Don Airey, tecladista do Deep Purple, em seu projeto solo. Anos mais tarde reativou o Persian Risk, lançando dois novos trabalhos com a banda, até se tornar o vocalista do Nazareth em 2015.

Nesta jornada, o primeiro álbum solo de Carl Sentance só chegou em 2009, intitulado “Mind Doctor”, e o segundo só chegou em 2022, intitulado “Electric Eye”, um título que é impossível não remeter ao clássico do heavy metal gravado pelo Judas Priest. Porém, as semelhanças para por aí, pois neste álbum solo temos uma musicalidade descontraída e calcada no classic rock de cacoetes hard n’ heavy à moda setentista, num repertório bem representado por faixas como “Nervous Breakdown” (um blues-funk com timbres sulistas e empoeirados), “California Queen” (trazendo uma pagada mezzo pop mezzo alternativa para o disco), “Exile” (com o heavy metal dando as caras), “Judas” e “Alright”, além da própria faixa-título, que capturam a essência do classic rock pesado, cheio de uma energia envolta numa vibração positiva, ao mesmo tempo que refletem uma bem vinda diversificação dentro do repertório.

De forma simplista posso dizer que “Electric Eye” coloca Carl Sentance na fronteira entre o hard rock de tons melódicos e o heavy metal mais despojado e contundente, com a alma dos anos 1990 (algumas coisas por aqui me lembraram da fase alternativa do Queensryche naquela década) numa fusão de Nazareth com Journey, ou de Deep Purple com Bon Jovi e até mesmo do Blue Oyster Cult com o Def Leppard, sob uma produção precisa (tudo bem que existem alguns “ajustes exagerados” em alguma linhas vocais, mas nada que comprometa o resultado final).

Ao lado de Carl Sentance temos um timaço de músicos: Don Airey nos teclados, Bob Richards (Asia, Adrian Smith, AC/DC) na bateria e Wayne Banks (Robin Gibb, Brazen Abbot, Blaze Bayley, Persian Risk) no baixo. Com um grupo como esse não podemos esperar nada além de competência na arte de praticar o rock n’ roll. Tudo por aqui é bem feito e orgânico, desde o trabalho em estúdio até a criação de cada movimento em cada composição. A voz marcante e determinada de Carl está sempre emoldurada por melodias e harmonias muito bem desenhadas, mas ainda assim espontâneas e livres.

Vale muito a pena conferir este segundo disco solo de Carl Sentance!