Blackberry Smoke – Resenha de “Holding All The Roses” (2015)

 

Blackberry Smoke - Holding All The Roses
Blackberry Smoke, “Holding All The Roses” (2015, Legged Records, Hellion Records) NOTA:8,0

Enfim o Blackberry Smoke terá parte de sua discografia lançada no mercado nacional. Graças à Hellion Records!

Uma das bandas mais interessantes da safra recente do rock como mostramos neste texto – estes americanos da Georgia são os melhores seguidores da tradição sulista eternizada pelo Lynyrd Skynyrd e renovada pelo Black Crowes.

Ou seja, temos vocais com atitude roqueira, mas embebidos de tonalidades country, guitarras em profusão e cozinha coesa que dita o ritmo cheio de emoções variadas.

“Holding All The Roses” chegou em 2015 carregado de expectativa e pressão. Expectativa pois este era seu primeiro trabalho após o grande “The Whippoorwill” (2012), disco que elevou a banda a outro nível tanto de qualidade e maturidade musical, quanto de mercado.

Já a pressão se justifica por “The Whippoorwill” trazer um conjunto de faixas praticamente insuperável, que os marcou a ferro e fogo o título de sucessores do Lynyrd Skynyrd no trono do rock sulista.

O disco abre com o rockão à moda AC/DC “Let Me Help You (Find the Door)” com guitarras dilacerantes e uma pegada roqueira que também remete ao Kiss e ao Rolling Stones. Um susto? Não pela música que é sensacional, mas pela produção.

Veja bem! “The Whippoorwill” era um disco com timbragem e sujeira típicas do southern rock. E já na primeira faixa de “Holding All The Roses” vemos que a produção de Brendan O’Brien (AC/DC, Pearl Jam e The Killers) poliu a sonoridade do Blackberry Smoke, deixando as timbragens cristalinas, e limpando o charme southern  da sonoridade da banda.

Sabe aquelas guitarras rústicas que sibilavam melodias poeirentas em “The Whippoorwill”? Pois então, elas não estão aqui.

Isso é um problema? Para o resultado final do álbum, não! As composições do vocalista e guitarrista Charlie Star continuam excelentes. Por outro lado, parece que a banda quis dar uma adequada à sua sonoridade para o mercado fonográfico atual, o que pode ser um desvio de personalidade musical perigoso.

Basicamente, todas as músicas retiraram as passagens instrumentais mais elásticas, e a herança do Lynyrd Skynyrd tão marcante em sua identidade foram moldadas para o padrão do maisntream.

Aí você me pergunta. Mas o adorado Lynyrd Skynyrd também não poliu sua sonoridade nos últimos quatro discos? Sim, mas eles não perderam em espontaneidade e força, como para mim foi o que aconteceu neste “Holding All The Roses”, onde os arranjos são brilhantes, com técnica esplêndida , mas tudo soa calculado, e falta emoção.

Se este for seu primeiro contato com a banda creio que não irá entender todo esse discurso, principalmente, quando despejam um hard rock especial na faixa-título, a honesta “Wish in One Hand”, “Payback’s a Bitch” e a bucólica “No Way Back to Eden”. 

Mas é em faixas como “Rock and Roll Again” (um southern/pop com arranjo “blues de bar” que até convence, mas falta força), “Woman in the Moon” (uma balada de melodias bonitas, mas que carece de emoção), “Too High” (um típico country que se escuta nas modernas rádio especializadas no estilo) e “Lay It All on Me” (que se encaixa na fórmula consagrada do americana no mainstream) que minha impressões se baseiam.

Não acho que uma banda deva ficar estagnada, muito menos que se recuse a evoluir. “Holding All The Roses” é um bom disco, mas que soa como uma tentativa de mergulho para o sucesso mais comercial. Ao mesmo tempo que injeta peso e distorção aqui, amaina a mão nas músicas com mais potencial de hit.

Comercialmente deu tão certo que o álbum atingiu a primeira posição do US Top Country Albums da Billboard. Musicalmente, a banda conseguiria um resultado melhor em “Like an Arrow” (2016), o trabalho seguinte.

Pensando bem, talvez o único problema de “Holding All The Roses” é ter vindo na sequência do espetacular “The Whippoorwill”, facilmente o melhor disco de southern rock  da década!

TRACKLIST

1. “Let Me Help You (Find the Door)” 3:04
2. “Holding All the Roses” 3:16
3. “Living in the Song” 3:24
4. “Rock and Roll Again” 2:48
5. “Woman in the Moon” 4:37
6. “Too High” 3:12
7. “Wish in One Hand” 3:08
8. “Randolph County Farewell” 1:17
9. “Payback’s a Bitch” 4:19
10. “Lay It All on Me” 3:10
11. “No Way Back to Eden” 4:35
12. “Fire in the Hole” 3:47

FORMAÇÃO

Charlie Starr (vocal, guitarra, pedal steel e banjo)
Richard Turner (baixo)
Paul Jackson (guitarra)
Brandon Still (piano e órgão)
Brit Turner (bateria)

 

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