Se você é fã de heavy rock com toque clássico e progressivo, não vai querer perder o primeiro disco do Baker Gurvitz Army, do genial baterista Ginger Baker (ex-Cream). Esta banda pode ter sido esquecida por muitos, mas sua música é impactante ainda hoje.
Se você é fã de rock clássico, já deve ter ouvido falar do Baker Gurvitz Army. Esta banda britânica, formada na década de 1970, era conhecida por seu som contundente e performances enérgicas. Embora eles possam ter sido esquecidos dentre as principais bandas de heavy rock dos anos 1970, sua música ainda ressoa e impacta hoje em dia pela ousadia e técnica. Neste artigo vamos dissecar seu primeiro álbum!
Baker Gurvitz Army foi uma banda de rock britânica formada na primeira metade dos anos 1970. A banda foi originalmente formada pelos irmãos Adrian e Paul Gurvitz, que já haviam sido membros da banda Gun e do Three Man Army, e o baterista Ginger Baker, que ganhou fama como membro do Cream. O som era uma mistura de hard rock, blues e jazz, e eles eram conhecidos por suas apresentações com alta energia. Apesar de alcançar algum sucesso na década de 1970, a banda é frequentemente negligenciada quando se fala do heavy/hard rock clássico dos anos setenta.
O primeiro disco autointitulado do Baker Gurvitz Army é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Abaixo você tem ofertas em CD de “Baker Gurvitz Army“ e “Elysian Encounter”, da banda Baker Gurvitz Army. | ||
Definição em um poucas palavras: Retrô, guitarra, progressivo, ousado, supergrupo, pérola escondida.
Estilo do Artista: Heavy/Prog Rock
Comentário Geral: A história do Baker Gurvitz Army começa em 1974, após a última turnê norte-americana do Three Man Army. Esta banda era formada pelos irmãos Adrian Gurvitz (guitarra, vocais, teclados) e Paul Gurvitz (baixo e vocal) ainda no ano de 1970, em Ilford, uma cidade próxima a Londres, na Inglaterra, logo após a dissolução do Gun. Seu clássico primeiro disco, “Third of a Lifetime”, sairia pelo selo Pegasus, em 1971.
Infelizmente, o Three Man Army não teve uma grande repercussão no competitivo mercado inglês daquele início de década de 1970, e após os excelentes segundo (dê uma conferida na pedrada intitulada “Mahesha”) e o terceiro álbuns, lançados em 1973 e 1974, respectivamente, já com o baterista Tony Newman, o fracasso comercial cobrou seu preço e a banda acabou ainda em 1974.
Ao voltar dos Estados Unidos, o Three Man Army perdeu o baterista para a banda de David Bowie. “O Three Man Army tinha um álbum pronto para gravar, mas nenhum baterista”, contou Paul Gurvitz. Os irmãos Gurvitz rapidamente se juntaram ao lendário baterista Ginger Baker (que havia deixado o Cream e enveredado por projetos jazzísticos) para formar o Baker Gurvitz Army, um supergrupo orientado para o prog rock em voga na época, e que lançou três álbuns excelentes.
“O Three Man Army estava de volta dos EUA e Tony Newman recebeu uma oferta de um show com David Bowie e sugerimos que ele aceitasse. O Three Man Army tinha um álbum pronto para gravar, mas sem baterista. Conhecemos Ginger em um clube uma noite e ele disse que queria se juntar à banda e o resto é história. Esse álbum se tornou o primeiro álbum do BGA. A banda fez uma turnê pelo Reino Unido e América e gravou mais 2 álbuns. Muitos álbuns ao vivo foram lançados desde o fim da banda,” lembrou Paul Gurvitz ao site It’s Psychedelic Baby Magazine sobre os tempos da Baker Gurvitz Army.
O primeiro destes álbuns do Baker Gurvitz Army é o auto-intitulado lançado ainda em 1974. Obviamente, o junção deste power trio chamou a atenção, pois era uma fusão do Three Man Army com o Cream. Inclusive quando perguntado se o Three Man Army deveria ter tido mais destaque frente às bandas daquele período, Adrian Gurvitz respondeu ao site Total Music que: “O Cream era uma banda melhor, em todos os aspectos. Eu ainda estava tentando crescer como músico, o Cream era incrível e Eric [Clapton] naquela época era o melhor guitarrista que existia, com exceção de Jimi Hendrix, que era de outro planeta.”
Se musicalmente, o Three Man Army praticava um som crú e pesado, mas tecnicamente elegante e melodicamente bem desenhado, lembrando ícones como Led Zeppelin, Cream, Grand Funk Railroad e Bachman Turner Overdrive, além de um toque blues rock à lá Johnny Winter, o Baker Gurvitz Army, por sua vez, redirecionou esta força e esta crueza para uma sonoridade pesada, mas experimental e progressiva, indo na direção daquilo que fazia o lendário Atomic Rooster e o ousado Electric Light Orchestra em seus primeiros discos, ou seja, peso progressivo mais acessível dentro do rock dos anos setenta como podemos ouvir neste primeiro disco.
O som do Baker Gurvitz Army era uma mistura única de hard rock, blues e jazz. Esta mistura era feita com muita energia e uma habilidade impressionante de misturar perfeitamente estes diferentes gêneros em sua música. O estilo da banda é muito bem caracterizado pelos vocais poderosos de Adrian Gurvitz e seu trabalho de guitarra, além da bateria dinâmica de Ginger Baker e o uso de instrumentos de sopro e cordas em algumas de suas canções. Todas as oito músicas deste primeiro trabalho são pesadas e melódicas, e sempre apresentam arranjos intrincados e longas seções instrumentais.
O disco se destaca em sua maior parte pelos ritmos inventivos e variados estruturados por um baterista que vinha de incusões no jazz de ascendências percussivas. Mas também temos um ótimo trabalho de guitarras e de teclados. Creio que só a falta de um single acachapante explique as razões deste disco ter sido tão negligenciado. A abertura com “Help Me” já impacta pela introdução épica e emocional. Uma faixa que dá o tom explorador do trabalho, mas não entrega todo o jogo de saída.
Na verdade, “Help Me” é uma abertura bem contextualizada ao que acontecia no heavy rock de ascêndencias progressivas da época, num meio do caminho entre a determinação do Atomic Rooster e a ousadia do segundo disco do Electric Light Orchestra. Cabe mencionar aqui o explosivo e espetacular solo de Adrian Gurvitz. Os ritmos mais intrincados aparecem na vibrante “Love Is”, que chega na sequência como um exuberante orgasmo instrumental com diálogo intenso entre bateria e guitarra. Esta faixa mostra exatamente do que esta banda era capaz de fazer.
Um dos melhores momentos do repertório esta na terceira faixa, “Memory Lane”, que tem a capacidade de soar acessível, mas sem perder a tenacidade e a determinação instrumental que constrõem o disco. Nesta música, boas guitarras e a bateria explosiva dividem espaço com passagens mais instrospectivas que chegam a lembrar algo dos Beatles, mas com uma personalidade própria bem definida. A ousadia total vem no solo: invés de um solo de guitarra temos uma longa e espetacular demonstração de técnica e domínio de tempo na bateria por parte do Senhor Baker antes de desaguar empolgante parte final da composição. Rock setentista na essência!
Se a faixa anterior foi de êxtase mezzo roqueiro mezzo jazzístico, “Inside of Me” chega com mais cadência em uma releitura dos cânones do blues pelas possibilidades do rock, com Adrian Gurvitz demonstrando ser dono de muito feeling e não apenas técnica trabalhando em prol de uma das faixas mais envolventes do repertório do Baker Gurvitz Army. O clima mais cadenciado é mantido com a balada “I Wanna Live Again”, que tem aquela vibe Beatles com Electric Light Orchestra, que podia até ter sido o tal single da banda que lhes daria maior destaque. Afinal, nada nesta faixa perde para o que tocava nas rádios da época, na verdade ela é até melhor que vários daqueles sucessos, à começar pelo trabalho dos vocais.
Temos no repertório de “Baker Gurvitz Army” até mesmo uma pegada jazz/funk como se mergulhassem influências de Herbie Hancock em sua musicalidade na excelente faixa “Mad Jack”, sem dúvidas, outra que podia ter sido um single de sucesso, afinal é uma das melhores do disco! O blues dá as caras novamente na belíssima “Phil”. Uma faixa instrumental daquelas de viajar nas curvas melódicas desenhadas por Gurvitz e que abre espaço para o encerramento do repertório orginal com “Since Beginning”, a faixa mais progressiva do disco, que até lembra algo mais acessível do Gentle Giant ou do King Crimson. Atenção ao trabalho de guitarras desta música, é de encher Robert Fripp de orgulho!
Apesar de seu talento e certa popularidade nos anos 70, o Baker Gurvitz Army acabou caindo na obscuridade. Existem algumas razões pelas quais isso pode ter acontecido. Um fator foi a mudança no cenário musical do final dos anos 1970 e início dos anos 1980 (Adrian Gurvitz inclusive teria um grande sucesso em sua carreira solo no ano de 1982, a balada “Classic”), que viu o surgimento do punk e da música new wave.
Além disso, a banda passou por vários com conflitos internos e desafios com sua gravadora e distribuição, o que pode ter limitado sua exposição a novos públicos. Porém, Paul Gurvitz dá outra justificativa para o fim do Baker Gurvitz Army: “Após a gravação de ‘Hearts On Fire’, nosso empresário morreu em um acidente de avião e a banda se separou. Adrian buscou projetos solo e eu os produzi.” Apesar desses obstáculos, a música de Baker Gurvitz Army continua a ser apreciada pelos fãs de rock clássico e vale a pena ser redescoberta.
O Baker Gurvitz Army pode ter sido esquecido por muitos anos, mas sua música ainda vale a pena ser ouvida hoje, principalmente com o lançamento deste disco no Brasil pelo selo Hellion Records. Sua mistura única de influências de rock, blues e jazz cria um som poderoso e intrincado e se você é fã de classic rock com peso e digressões instrumentais, e quer fugir das bandas óbvias dos anos 1970, não perca esta jóia esquecida daquela década.
Ano: 1974
Top 3: “Help Me”, “Memory Lane” e “Mad Jack”.
Formação: Adrian Gurvitz (guitarra, voz, teclado), Paul Gurvitz (baixo, voz), Ginger Baker (bateria), John Mitchell (teclados).
Disco Pai: Atomic Rooster – “Death Walks Behind You” (1970)
Disco Irmão: The Graeme Edge Band – “Kick Off Your Muddy Boots” (1975)
Disco Filho: Baker Gurvitz Army – “Elysian Encounter” (1975)
Curiosidades: Este disco durante muitos anos se tornou uma pérola escondida do hard rock setentista, sendo uma raridade buscada por colecionadores. Em 1991 ele seria relançado em CD pelo selo Repertoire e, em 2022, “Baker Gurvitz Army” foi enfim lançado em CD no Brasil numa luxuosa edição em slipcase, mini-pôster e uma versão ao vivo de “Memory Lane” como bônus, à cargo do selo Hellion Records.
Pra quem gosta de: Guitar heroes, bateristas lendários, arqueologia musical, música diferenciada e discos perdidos da era de ouro do rock.
Leia Mais:
- O que é Classic Rock? Quais os Discos Obrigatórios do Rock Clássico
- Os 7 Melhores Supergrupos do Rock e Heavy Metal Nos Anos 1970
- Os 5 Clássicos que Transformaram o Rock em Heavy Metal
- Rainbow: 5 discos da banda de heavy rock de Ritchie Blackmore
Mais Ofertas de Discos:
Abaixo você tem ofertas de discos de bandas com os irmãos Gurvitz e Ginger Baker | ||||
Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:
- Kindle Unlimited: 10 razões para usar os 30 dias grátis e assinar
- Os 6 melhores fones de ouvido sem fio com bateria de longa duração hoje em dia
- Edição de Vídeo como Renda Extra: Os 5 Notebooks Mais Recomendados
- As 3 Formas de Organizar sua Rotina que Impulsionarão sua Criatividade
- Camisetas Insider: A Camiseta Básica Perfeita para o Homem Moderno
Maravilhoso disco. Sempre fui fã dos irmãos Gurvitz. Foi sem querer q os conheci adquirindo o q 1o disco do Three Man Army. Depois, amei o som, adquiria o q podia do q aqui chegava em cds nos anos 90, do Gun, Three Man Army(q no 1o disco tem uma participação do Buddy Miles. Batera q tocou c Hendrix). Creio q saiu em vinil, no Brasil, esse 1o disco do BGA. Mr. Snips tinha um belo vocal e teve uma banda com o baixista do Free, Andy Fraser, o Sharks(excelente disco, tbm). Valeu e parabéns!