Em uma jornada sonora através do rock progressivo, “Invention of Knowledge” de Anderson/Stolt mergulha nas raízes setentistas. Esta análise revela o épico encontro entre Jon Anderson e Roine Stolt, explorando aspectos de composição, performance e produção. Uma experiência musical que transcende expectativas e desafia convenções do gênero.
“Invention of Knowledge”, o colaborativo projeto musical de Jon Anderson e Roine Stolt, promete uma viagem ao auge do rock progressivo.
Com Anderson, conhecido por sua contribuição ao Yes, e Stolt, ligado ao The Flower Kings, as expectativas são altas. Este álbum promete resgatar a sonoridade clássica, fundindo técnica, melodia e sensibilidade artística.
Nesta resenha, exploramos a complexa tapeçaria musical, mergulhando em cada nota e revelando se a colaboração atinge as alturas esperadas. Cabe menção ao fato de que este disco foi lançado no Brasil em 2023 pelo selo paulista Hellion Records.
Anderson/Stolt: Resenha de “Invention of Knowledge” (2016, Hellion Records)
Sou um admirador da fantástica discografia setentista do Yes e até por isso fiquei curioso para ouvir “Invention of Knowledge”, disco do projeto Anderson/Stolt.
Ouvir Jon Anderson de volta àquela sonoridade clássica (com trabalhos vocais esmerados e inspirações harmônicas eruditas, sustentados por uma bateria desenvolta e linhas de baixo que preenchem os espaços da guitarra) seria espetacular, certo?
Para ajudar ainda mais na expectativa positiva, o parceiro de Anderson, responsável pelas guitarras, é ninguém menos que Roine Stolt, vinculado a bandas brilhantes, como The Flower Kings e Transatlantic, das quais também sou admirador.
Ou seja, este álbum será espetacular, certo?
Para completar, os arranjos manufaturados por estes dois mestres do rock progressivo aliam perfeitamente a técnica apurada, melodia e sensibilidade artística, numa formatação que nos lembra Genesis e Yes.
Além disso, temos nunces trancendentais, exóticas, aqui e elementos tribais acolá, ambos contrastando ao rigor dos detalhes eruditos, em meio a uma exploração melódica do rock progressivo.
Poxa, então esse álbum é espetacular mesmo… Certo?
NÃO! Infeliz e dolorosamente, não! Não chega a ser mortalmente ruim, mas esta longe de ser magnificamente bom! Mas vamos aprofundar um pouco mais para que eu explique minha posição.
Um sábio popular já disse que a expectativa é a antessala da decepção e certamente este foi meu pecado com este disco.
Indiscutivelmente, “Invention of Knowledge” mergulha em uma jornada sonora repleta de nuances e experimentações, onde Jon Anderson e Roine Stolt não disfarçam o fato de que uniram forças para criar uma obra que resgate a essência clássica do rock progressivo.
Analisando friamente, o álbum, lançado em 2016, cumpriu parte de seu intento, pois representa um encontro de gerações e estilos, proporcionando uma experiência musical que transcende as fronteiras do convencional.
A colaboração entre Anderson e Stolt, originada após uma performance conjunta em um cruzeiro temático de rock progressivo, resultou em um álbum que se destaca pela riqueza solar das timbragens e hamonias, além da produção.
De fato, “Invention of Knowledge” é um testemunho da habilidade de ambos os músicos em fundir elementos clássicos e contemporâneos do rock progressivo, criando uma síntese única que evoca influências de bandas como Genesis e Yes.
A estrutura do álbum é composta por três suítes estendidas: “Invention of Knowledge”, “Knowing” e “Everybody Heals”, além de uma faixa única, “Know…”. Cada uma dessas suítes é uma exploração musical que abrange uma ampla gama de emoções e temas, desde a grandiloquência do rock progressivo até momentos mais introspectivos.
A produção de “Invention of Knowledge” é brilhante, destacando a atenção aos detalhes e a busca pela excelência sonora. A colaboração à distância entre Anderson, baseado na Califórnia, e Stolt, na Suécia, é uma façanha técnica que resultou em uma integração harmoniosa de ideias. A utilização de tecnologia, como o Logic Pro e o Pro Tools, permitiu a troca eficiente de ideias musicais, culminando em um trabalho coeso.
No aspecto da composição, “Invention of Knowledge” é permeado por temas espirituais e filosóficos, refletindo a abordagem lírica característica de Jon Anderson desde os tempos de Yes.
Aliás, a performance vocal de Jon Anderson é uma peça central do álbum, mesmo que o tempo já tenha oxidado um pouco sua voz única e etérea. A longa carreira do cantor parece refletir-se em sua interpretação, perdendo ocasionalmente a desenvoltura característica.
Apesar das virtudes do álbum, não se pode ignorar a crítica construtiva. A extensão de algumas passagens pouco inspiradas pode tornar a audição cansativa, e a sensação de monotonia surge em alguns momentos.
A escolha de manter a voz de Anderson proeminente em detrimento de intervalos instrumentais mais extensos pode limitar a apreciação do virtuosismo dos músicos, algo tão inerente ao rock progressivo. Isso porque, além da dupla Anderson/Stolt, ainda temos a colaboração de músicos notáveis, como Tom Brislin, Daniel Gildenlöw e membros da banda de Stolt, que adicionam uma camada adicional de complexidade e competência à obra.
Sendo um pouco mais objetivo na minha crítica, existe um clima permanente de epifania musical, uma quase gospel “cintilância” angelical, que cansa já na terceira faixa e acredito que se não fosse o trabalho de guitarras de Stolt, teria sido, para mim, hercúleo o trabalho de terminar esta audição!
É quase tudo muito morno e monótono e a voz de Anderson, apesar de casar bem com a timbragem dos instrumentos, principalmente com as guitarras de Stolt, já sofre a ação do tempo, mesmo em estúdio, perdendo, até mesmo, a sua tradicional desenvoltura interpretativa.
Por fim, destaco apenas as faixas “Invention” e “Chase the Harmony” (esta, a única que se distancia levemente das luminescências musicais etéreas), como dignas de registro por apresentarem uma variedade de texturas e dinâmicas que quebram a uniformidade percebida em outras partes do álbum.
Conclusão
“Invention of Knowledge” representa um mergulho ambicioso no universo do rock progressivo, trazendo à tona a colaboração única entre Jon Anderson e Roine Stolt. Apesar de algumas críticas quanto à uniformidade, o álbum oferece momentos de brilho e reflexão. A fusão de estilos, a riqueza na ambientação e a performance dos músicos fazem deste um capítulo interessante e que merece ser conferido na trajetória de Jon Anderson e, também, na de Roinie Stolt.
Ao mesmo tempo, certamente “Invention of Knowledge” é um álbum que dividirá opiniões. Se por um lado, a fusão de Anderson e Stolt resulta em momentos de brilho e excelência musical, por outro, a abordagem contemplativa e a predominância vocal podem alienar parte do público que, como eu, busca uma experiência mais instrumental e diversificada em suas doeses diárias de rock progressivo.
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