A mudança no logotipo e no nome da banda só confirmam aquilo que já sabemos há muito tempo: O Ana_Thema de “The Optmist” já não é o mesmo Anathema que gravou “Crestfallen”, o clássico do Doom/Death Metal há mais de duas décadas.
Quem acompanha a discografia da banda testemunhou uma das maiores metamorfoses que o Rock/Metal assistiu, trocando o peso e a morbidez do início por emoção, exploração de sentimentos e melodias melancólicas.
“The Optimist”, décimo primeiro trabalho da banda, continua o conceito desenvolvido do indefectível “A Fine Day To Exit” (2001), mas sem uma história definida, amarrando a capa daquele álbum de 2001 a este novo trabalho por uma introdução cujo título traz as coordenadas geográficas da cidade de San Diego, nos EUA.
À partir dai, pegamos carona numa viagem musical sem destino (só suspeitamos que passaremos por San Francisco e Springfield) do “não identificado otimista”, numa velocidade controlada, mas de alta variação emocional, em composições preciosas, de musicalidade simples, mas requintada e moderna dentro da estética que o Anathema erigiu nos últimos anos.
Sendo assim, ainda trazem uma linha progressiva pareada com o que vem fazendo nomes como Riverside e Steven Wilson, ou até mesmo o Radiohead (principalmente pelo clima letárgico), ao se mostrarem mais acessíveis por texturas eletrônicas (como bem delineado em “San Francisco”), acompanhadas das timbragens elétricas das guitarras, e da seção rítmica bem estruturada.
“Leave It Behind” traduz musicalmente uma fuga, onde a intensidade aumenta de acordo com que o carro da capa evolui suas marchas e sua velocidade rumo a um destino qualquer, enquanto “Endless Ways” traz a introspecção que acomete o viajante quando a velocidade estabilizou e os pensamentos vagam junto com a estrada que passa, numa clara oscilação de emoções.
Neste caminho musical, vemos que dão ainda mais modernidade às sua nuances melancólicas, mesclando muito do apelo pop rock em sua sua exploração musical que captura um ambiente noturno, mais fechado e intenso, sem amarras, variando por diversos aspectos musicais que vão desde a releitura do pos-punk em “Can’t Let Go”, até a new age de “Ghosts” (dona de arranjos de cordas belíssimos), duas das melhores composições do álbum.
Ainda temos composições preciosas como a faixa-título (que ainda dialoga com a sonoridade de “A Fine Day To Exit”), “Springfield” (um post-rock denso e claustrofóbico que poderia muito bem estar em “A Natural Disaster” (2003)), e a introspectiva e jazzística “Wildfires” (de longe, a melhor do álbum), faixas que evidenciam uma clara preocupação com o molde das melodias, que mesmo simples, conseguem marcar e cativar o ouvinte.
E esse esmero fica ainda mais aparente em outros vértices deste que talvez seja o disco mais melancólico do Anathema, seja na produção brilhante, no trabalho de teclados (que vão das tonalidades mais “orgânicas”, às mais artificiais) ou de vozes (divididas entre Lee Douglas, Vincent Cavanaugh e Daniel Cavanaugh, criando um contraste interessante), e até mesmo nos detalhes com trombones, violoncelo e viola que não foram feitos nos teclados.
O desfecho com “Back to the Start” merece um comentário à parte, pois sua alma musical remete a uma mistura de Pink Floyd, Radiohead e Oasis, adornada com o efeito do público batendo palmas em uma apresentação da banda que soa como uma partida de futebol, e com a chega de nosso otimista a seu destino, além de quase cinco minutos de silêncio, assim como em “A Fine Day To Exit” (2001), quebrado por uma faixa escondida que irá pintar um sorriso em seu rosto, certamente.
Em suma, a dinâmica da música do Anathema está aqui, inteligente e emocional em cada segundo destas onze composições, mas tudo, desde a reescrita do nome, até a falta de Danny liderando os trabalhos vocais, parece indicar um renascimento, ou um começo de uma nova banda.
“The Optimist” é Impecável se isolado em sua proposta, mas se colocado ao lado de álbuns da fase mais “light” do Anathema, como “We’re Here Because We’re Here” (2010) e “Weather Systems” (2012), até mesmo desconsiderando a existência de preciosidades como “Alternative 4” (1998), e “Judgement” (1999), ainda existe mais a ser oferecido pela banda em grandiloquência musical.
Leia Mais:
- Anathema – “Alternative 4” (1998) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO
- RESENHA | Katatonia – “The Fall of Hearts” (2016)
- PINK FLOYD | Rock Progressivo ou Psicodélico?
- RESENHA | My Dying Bride – “The Ghost of Orion” (2020)
- RIVERSIDE – “Wasteland” (2018) | RESENHA EXPRESSA
- Steven Wilson: “To The Bone” (2017) | RESENHA EXPRESSA
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