Amorphis – Halo (2022) Resenha

 

“Halo” é o 14º álbum de estúdio da banda finlandesa Amorphis que olha para as raízes de sua mescla de prog metal, death metal, gothic metal e folk metal.

Abaixo você lê nossa resenha completa deste álbum lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Atomic Fire.

"Halo" é o 14º álbum de estúdio da banda finlandesa Amorphis apresentando sua mescla de prog metal, death metal, gothic metal e folk metal.

O Amorphis é uma das minhas bandas favoritas no metal moderno, simplesmente pelas quase três décadas de inquietude musical que os ajudou forjar álbuns tão diferentes quanto marcantes pela identidade sonora que fundia metal, folk e progressivo, principalmente na trinca clássica de discos do início da carreira, “Tales From The Thousand Lakes” (1994), “Elegy” (1996) e “Tuonela” (1999).

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Não que esta trinca represente toda a discografia da banda, mas os cito especificamente pois “Halo”, seu décimo quarto álbum de estúdio, traz algumas relações com esta época. Primeiro, assim como “Tuonela” (1999), “Halo” usa a Kelevala, epopeia mitológica finlandesa, como conceito para as letras; e segundo por este novo trabalho ser o segundo após o retorno do baixista Olli-Pekka Laine (o primeiro foi o ótimo “Queen of Time” [2018]), que esteve na formação nesta época gloriosa.

Além da capa, cujo simbolismo estético remete ao de “Elegy” (1996), e ainda nos dá uma pista da interseção de luz e sombra, peso e melodia, que ouviremos nas onze faixas que completam “Halo”, num atrito de opostos que cria uma dinâmica instigante, provocativa, e muito requintada, revelando um disco que musicalmente dialoga com o seu passado.

Neste sentido, posso afirmar que, no geral, as cores da capa refletem também o tom melancólico das composições que carregam algo da musicalidade da fase “Elegy” (1996) e “Tuonela” (1999) para a identidade moderna e bem definida do Amorphis. Um exemplo é a faixa “Windmane”, que poderia completar o repertório daquele disco de 1999 e até mesmo do sucessor, “AM Universum” (2001).

Não seria exagero dizer que “Halo” é um disco mais pesado em comparação com os dois anteriores, começando pelas timbragens dos instrumentos, que até me remeteram às de “Tales From a Thousand Lakes” (1994), principalmente na sonoridade do baixo e da bateria de Jan Rechberger. Até os guturais rosnados de Tomi Joutsen estão mais pronunciados nos versos das letras e oferecem um contraste maior com suas linhas limpas e melódicas que desenham os refrãos.

Olhando mais comparativamente com o álbum anterior, “Queen of Time”“Halo” parece um disco mais direto, instintivo e despojado, sem muita orquestração e teclados, dando muito destaque às suas tradicionais melodias folk e, até por isso, existe uma sensação de retomada de algumas de suas raízes.

Há muita variedade entre as composições, e aqui entra o outro lado da moeda de nossa análise sobre “Halo”. Se por um lado temos uma uma retomada de certas raízes nas timbragens e na austeridade sinfônicas dos arranjos, por outro, os aspectos progressivos estão ainda mais pronunciados, especialmente nas assinaturas de tempo diferenciadas e em alguns movimentos que remetem ao prog rock setentista.

Com isso, desde “Northwards”, a faixa de abertura, passando por “The Moon”, “A New Land” e “When the Gods Came”, as melhores faixas de “Halo”, podemos perceber que temos um disco que prima pela imprevisibilidade, sempre tomando a direção inesperada para as passagens que se sucedem. Mesmo esta imprevisibilidade não salvam “My Name Is Night” e “Seven Roads Come Together” de serem alguns dos momentos mais fracos dos últimos três discos do Amorphis.

Ou seja, “Halo” não é um álbum revolucionário do Amorphis, certamente é menos grandiloquente que seus discos anteriores, fazendo um aceno para sua musicalidade do passado enquanto continua olhando para frente, sempre evoluindo e  à prova de estagnação, com uma impressionante consciência para mudanças estílicas e habilidade para manter sua musicalidade oxigenada.

Resumindo, “Halo” é um disco simples, mas não simplista!

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