Amaranthe – Resenha de “Manifest” (2020)

 

A banda sueca Amaranthe criou um nome forte dentro do metal moderno e “Manifest”, seu sexto disco, vem reforçar isso.

Os quatro discos anteriores mostraram uma banda em franca acensão de popularidade, equilibrando os elementos de sua fórmula musical que não admite meio termo. É ame ou odeie.

Nesse caminho até “Manifest” parece que conseguiram aparar as arestas que apareciam do atrito entre o excesso de melodia com a pompa dos climas cinematográficos, que tornavam algumas de suas músicas quase intragáveis.

Amaranthe - Manifest (2020, Shinigami Records, Nuclear Blast)
Amaranthe – “Manifest” (2020, Shinigami Records, Nuclear Blast)

Devo confessar que sou um tanto crítico quanto a fórmula musical do Amaranthe, por vezes esbarrarem nas facilidades do pop de nomes duvidosos e usando o música eletrônica como camuflagem.

Mas o tempo ajudou o compositor e guitarrista Olof Mörck e a vocalista talentosa Elize Ryd a encontrarem o caminho do baricentro entre peso, melodia e senso épico.

Não que a exuberância tenha sido limada de sua música. Muito pelo contrário.

Se assim fosse poderíamos dizer que estavam indo contra sua personalidade musical.

Também tenho a sensação de que a mudança de gravadora (eles saíram da Spinefarm rumo à Nuclear Blast) motivou-os a olhar um pouco mais para sua essência, retirando os supérfluos e buscando uma espécie recomeço.

Ao menos uma banda mais empolgada parece ser uma impressão unânime, afinal, existia um certo desgaste da sonoridade já no álbum anterior.

Um dos exemplos disso reside no fato dos vocais de Elize Ryd não buscarem tanto as notas altas como antes, imprimindo emoções por tons mais graves e acentuados.

O que deu um destaque maior aos vocais de Nils Molin e equilibrou as forças nos vocais da banda, algo que não acontecera em “Helix” (2018) e era uma de suas principais deficiências.

“Manifest” é de longe o disco que mostra o metalcore melódico da banda mais agressivo, rápido, focado e pesado do Amaranthe, mesmo que o torrente de teclados permaneça dentro da estética ultra-grudenta e hiper-melódica.

Isso tudo chega bem resumido em “Fearless”, a faixa de abertura, mas é com “Make it Better” que a banda mostra a que veio no início do disco.

Porém, as coisas que mais me incomodam no som da banda permanecem: os timbres sintéticos de bateria, ou melhor a falta de organicidade geral, e a pouca criatividade das linhas de guitarra.

No segundo caso é ainda pior, pois, à priori, estamos falando de heavy metal, e querendo ou não, o segredo do metal está nas guitarras, riffs e solos, em especial.

Mas sejamos justos, os solos de guitarra que existem são bem desenhados.

Sendo bem sincero, essa predileção do Amaranthe por soar tão clínico e pasteurizado é o que realmente incomoda. Além do fato de não se decidirem a qual senhor irão servir: heavy metal ou pop/trance?

Pra mim soa uma banda com diversos ataques espasmódicos ou histriônicos gerados or uma dupla personalidade musical em constante conflito.

“Scream My Name”, “Strong” e “Boom!1”, por exemplo, parecem se esticar e retorcer entre discos da Taylor Swift, Lady Gaga, Five Finger Death Punch, Bring Me The Horizon e os temas mais melódicos do Slipknot.

Sejamos francos de novo, quando as coisas se organizam, como em “Make it Better”, “Viral”, “Adrenaline” (enfim um solo de guitarra decente) e “Do Or Die” (essa pelo peso mais incisivo), até que as músicas agradam.

Não é de se espantar que essas músicas são mais cadenciadas e dispensam os ataques eletrônicos obsessivos e as enjoativas e saturadas melodias açucaradas (como na balada “Crystalline”).

Na minha visão, o Amaranthe precisa urgentemente aprender a desviar com mais elegância e sobriedade dos perigosos clichês inerentes à sua fórmula musical que incorpora tanto metal quanto pop dance rock.

Afinal, em dado momento, o disco começa a ficar repetitivo e quando uma faixa como “The Game” chega temos a sensação que ela já tocou antes, assim como acontece com “Archangel” e “Die And Wake Up”.

Cabe mencionar que o disco ainda conta com as participações de Noora Louhimo do Battle Beast, Perttu Kivilaakso do Apocalyptica, Elias Holmlid do Dragonland, Heidi Shepherd do Butcher Babies, Angela Gossow (ex-Arch Enemy) e Jeff Loomis (Nevermore e Arch Enemy).

A edição nacional, à cargo da Shinigami Records, ainda nos oferece quatro bônus, donde destacamos “Do Or Die” com Angela Gossow (tudo o que essa mulher participa vira ouro) que foi lançada com single.

Se você é fã pode ir atrás sem medo. Pra mim, o Amaranthe ainda não bateu. Prefiro o Battle Beast!

FAIXAS:

01. Fearless
02. Make It Better
03. Scream My Name
04. Viral

05. Adrenaline
06. Strong (feat. Noora Louhimo)
07. The Game
08. Crystalline
09. Archangel
10. BOOM!1
11. Die And Wake Up
12. Do Or Die

Bonus Tracks:

13. 82nd All The Way (SABATON cover)
14. Do Or Die (feat. Angela Gossow)
15. Adrenalina (Acoustic)
16. Crystalline (Orchestral)

FORMAÇÃO:

Olof Mörck (guitarra, teclados, sintetizadores)
Elize Ryd (vocais)
Morten Løwe Sørensen (bateria)
Johan Andreassen (baixo)
Henrik Englund Wilhemsson (vocais guturais)
Nils Molin (vocais limpos)

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