“Detroit Stories” tem a impressionante marca de ser o vigésimo oitavo álbum de estúdio da carreira de Alice Cooper.
Sucessor de “Paranormal”, “Detroit Stories” é um trabalho que olha para o legado de Alice Cooper desde o título, afinal, tudo começou para o jovem Vincent Damon Furnier nos longínquos anos 1960, na cidade de Detroit.
O espírito daqueles tempos é exatamente o que “Detroit Stories” quer resgatar, o da Era de Ouro do Rock de Detroit, quando surgiram bandas como o MC5, o Amboy Dukes de Ted Nugent, os Stooges de Iggy Pop, Bob Seger, além das bandas do estado do Michigan que surgiram orbitando essa cena de Detroit, como o Grand Funk Railroad (da cidade de Flint) e o Brownsville Station (de Ann Arbor).
Um dos maiores nomes a surgir nessa época foi, sem dúvidas, o Alice Cooper Group, que após ser trabalhado em estúdio pelo produtor Bob Ezrin marcou eternamento a história do rock com clássicos como “School’s Out”, “I’m Eighteen” e “Billion Dollar Babies”.
Além disso, os shows de Alice Cooper o deixaria marcado eternamente como o pai do shock rock.
O que nos temos em “Detroit Stories” é uma verdadeira celebração desta era, coordenada em estúdio pelo próprio produtor Bob Ezrin e trazendo algumas lendas da cena musical de Detroit.
Entre os principais convidados estão o guitarrista e letrista do seminal MC5, Wayne Kramer, o jazzista Paul Randolph, Johnny “Bee” Badanjek (baterista do lendário Detroit Wheels), além do preciso Motor City Horns e os membros vivos do Alice Cooper Group.
As referências vão além, como na releitura de “Rock N’ Roll”, clássico da banda Velvet Underground, composta e gravada por Lou Reed na cidade de Detroit.
Essa é a faixa de abertura e já dá o tom de viagem no tempo de “Detroit Stories” rumo à rusticidade e direcionamento do heavy rock setentista norte-americano, com guitarras proeminentes e clima de festa!
Mesmo assim, o melhor resumo da proposta desse disco de Alice Cooper está desenhado em “Detroit City 2021”, um rockão bruto e encharcado de solos de guitarra.
De certa maneira, “Detroit Stories” mostra uma forma espontânea de prestar tributo à todo um legado musical que estende-se além do rock, passando pelo blues (bem desenhada em “Drunk And In Love”), soul (como no groove malicioso adornado pelos naipes de metais da ótima “$1000 High Heel Shoes”) e o pop (como na radiofônica “Our Love Will Change The World”).
Além disso, em “Detroit Stories” temos uma carta de intenções em resgatar suas raízes por parte de Alice Cooper de uma forma multifacetada.
Temos, para dar ainda mais força a essa observação, o proto-punk de “I Hate You”; o rock lascivo, cortante e imperativo de “Go Man Go” (umas das melhores do disco), “Sister Anne” e “Independence Dave”; o heavy rock de “Social Debris” (lembrando alguns movimentos mais pesados do Alice Cooper Group); e o boogie/rock carregado de urgência nas guitarras da contagiante “Hail Mary”.
O que acaba nos dando um sabor diferente para a música de Alice Cooper em comparação àquilo que estávamos ouvindo nos últimos discos, e que será ainda mais acentuado para aqueles que ainda associam sua música aos tempos de “Trash” ou “Brutal Planet”.
Esse tom diferenciado aparece de forma escancarada e com alta carga teatral na cativante “Wonderful World”, outro destaque indiscutível do repertório, como se Alice Cooper se amalgamasse a elementos de David Bowie, Alan Parsons e Duran Duran; e também em “Hanging On By A Thread (Don’t Give Up)”, com boa letra, emoção pura nas guitarras e no refrão, cara de hino e teclados anacrônicos dando um contraste bem colocado.
Para completar, “Detroit Stories” foi lançado no Brasil em duas versões pelo selo Shinigami Records, sendo que o digipack duplo traz um DVD com o registro em vídeo do disco ao vivo “A Paranormal Evening At The Olympia Paris”.
Gravado durante a turnê de seu último e ótimo disco, “Paranormal” (2017), na tradicional casa de shows de Paris, no dia 7 de dezembro de 2017, “A Paranormal Evening At The Olympia, Paris” traz uma viagem pela carreira de Alice Cooper com captação de som e imagem perfeitos.
Ou seja, “Detroit Stories” é uma celebração digna de um dos maiores nomes da história do rock!
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