São quase cinco décadas de carreira de Vincent Damon Furnier, o Alice Cooper (nome pertencente a uma bruxa que Vincent seria a reencarnação), se contarmos à partir de seu primeiro álbum com o Alice Cooper Group, colecionando ainda a incrível marca de vinte e sete álbuns de estúdio na carreira.
Proclamado como o pai do Shock Rock, descendente direto de Arthur Brown (The Crazy World of Arthur Brown e Kingdom Come), Alice Cooper tem uma relevância tremenda para o público brasileiro, afinal, mega-festivais e shows em solo brasileiro começaram com a passagem de Alice Cooper por aqui, em 1974, fato que se tornou o marco zero dos grandes shows de Rock que o país veria a partir de então.
Muito além disso, sua imagem é icônica dentro da cultura pop moderna, influenciando inúmeros outros nomes que abusam de temas controversos, ligados ao terror, teatro e iconoclastia, como Marilyn Manson e Rob Zombie, para citar apenas dois.
E com uma discografia tão vasta é até difícil saber por onde começar.
Por isso resolvemos listar cinco discos especiais de sua discografia, que servem de iniciação no pesadelo roqueiro da Tia Alice.
1. “Love it to Death” (1971)
Esse é o disco que tem o clássico “I’m Eighteen”, o primeiro grande triunfo comercial do Alice Cooper Group. Uma faixa que nasceu como uma jam de aquecimento da banda, transformada e trabalhada num rock incisivo e libertário por orientação de Bob Ezrin.
Básico como todo bom rock n’ roll dos anos setenta, essa é a faixa que impulsiona o terceiro disco da banda (antes tivemos “Pretties for You” [1969] e “Easy Action” [1970]), e, por consequência a carreira de Alice Cooper, afinal essa era sua última chance com a gravadora.
Mas não só por este clássico do rock que este disco figura em nossa lista, também por “Black Juju”, “Is It My Body?”, e “Ballad of Dwight Fry”, que mostram versatilidade e ousadia, de formas diferentes, dentro do shock rock que praticavam naquela primeira riquíssima fase, cheia de teatralidade embutida nos arranjos.
Aqui nascia o monstro do rock e firmava a identidade que seria lapidada em seus próximos álbuns, onde detalhes imprevisíveis brotam magnificamente contextualizados, até a separação no meio da década.
2. “School’s Out” (1972)
Na dúvida entre “Killer” (1971 – o disco que traz “Under My Wheels”) e “School’s Out” (1972), os dois discos que vieram na sequência da carreira do Alice Cooper Group, optamos pelo disco de 1972 pelo óbvio fator de conter a maior contribuição de Alice Cooper para o hinário sagrado do rock.
“School’s Out” se tornou o grito libertário da juventude de 1972, entrando para o rol das músicas que extrapolam um gênero musical e se tornam parte da cultura pop.
Com nítidas influências do blues rock britânico dos Yardbirds, essa composição se tornou um hino de uma geração de jovens norte-americanos.
Claro que faixas como “Luney Tune” (com uma linha de baixo irresistível e guitarras incisivas), “Blue Turk” (agora firme no blues rock norte-americano, até com pitadas de jazz) e “Alma Matter” (com inegáveis influências de Beatles), mostram que banda estava mais amadurecida e segura em suas composições, equilibrando bem o rock simples e incisivo, até com algo de psicodélico e soul (como em “Grand Finale”) com a dramaticidade que virara marca registrada de sua personalidade musical.
3. “Billion Dollar Babies” (1973)
Após “School’s Out” (1972), seguiu o altamente bluesy “Muscle of Love”, mas o destaque final da carreira do Alice Cooper Group foi “Billion Dollar Babies”. Ambos os álbuns foram lançado em 1973, mas o segundo se destaca pela força e unicidade de suas composições.
Não existe aquela composição que se destaque das demais, como nos outros discos, e este me soa quase como uma antecipação do que Alice Cooper faria, principalmente, no início de sua carreira solo, e que seria retomada na virada do milênio.
Músicas como “Elected”, “No More Mr. Nice Guy”, “Sick Things”, e “I Love The Dead”, além da própria faixa-título se tornaram clássicos imediatos de sua carreira, sendo, aos meus ouvidos, este o disco mais consistente do Alice Cooper Group.
Mas aí a relação entre os músicos desandou, pois nestes dois últimos trabalhos obviamente já queriam coisas diferentes para sua música e a imagem de Alice Cooper ficou muito maior que a banda, principalmente por suas peripécias nos shows.
4. “Welcome to my Nightmare” (1975)
Aqui, Alice Cooper já estava mergulhado em sua carreira solo e como manda-chuva da carreira direcionou ainda mais sua música para os aspectos teatrais, quase como uma Broadway tétrica!
“Welcome To My Nightmare” é o primeiro ato desta carreira solo e a grande obra de sua carreira, que definiu sua imagética a ser eternizada na cultura pop, além de apresentar suas mais marcantes composições num conceito que nascia à partir do pesadelo de uma criança de sete anos.
A sequência inicial do trabalho é uma das melhores da história do rock norte-americano: “Welcome to My Nightmare”, “Devil’s Food” (com participação de Vincent Price), “The Black Widow”, “Some Folks”, e “Only Women Bleed” completavam o Lado A com perfeição, sendo que no outro lado ainda tínhamos “Department of Youth” e “Steven”. Um clássico do rock da maior magnitude.
A este disco se seguiria o ótimo “Goes To Hell” (1976 – e que trazia o mega-sucesso “I Never Cry”), e o mediano “Lace and Whiskey” (1977) cuja turnê renderia o clássico “Alice Cooper Show”, disco ao vivo de 1977 que marcaria o fim de sua primeira fase de ouro, que só retornaria quase dez anos depois. Nesse ínterim, está a fase mais discutível de sua carreira!
5.”Trash” (1989)
Foram quase dez anos de baixa na carreira, investindo em pop, disco, funk ou em maluquices do art rock até Alice Cooper se redescobrir no hard rock oitentista ao lado do guitarrista Kane Roberts em “Constrictor” (1986).
A partir deste trabalho, a discografia de Alice Cooper voltaria a crescer, com oscilações de qualidade quase imperceptíveis, tendo seu ápice, tanto em composição quanto em apelo do público em “Trash”, clássico de 1989, que sucederia o aclamado “Raise Your Fist And Yell” (1987).
A trinca inicial de “Thrash” é de cair o queixo. A melódica e grudenta “Poison”, seu segundo maior sucesso comercial, o hard rock malicioso de “Spark In The Dark” (a melhor do disco) e “House of Fire” abriam um repertório que mostrava que as participações especiais e as parcerias nas composições com Desmond Child, Jon Bon Jovi, Mark Frazier, Richie Sambora, Kane Roberts, Joan Jett, Bruce Roberts, dentre outros, deram muito certo.
A fórmula se repetiria no sensacional “Hey Stoopied” (1991 – que tem “Love’s a Loaded Gun”, minha música favorita de Alice Cooper), mas Alice, inquieto, experimentaria até mesmo tangencias com o rock alternativo e com o industrial nos ótimos “Brutal Planet” (2000) e “Dragontown” (2001 – e que poderia muito bem estar nesta lista), se mantendo ativo até hoje, acumulando quase três dezenas de álbuns de estúdio.
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Realmente o Dragontown é um disco excelente!
Gosto mais dele que do Brutal Planet.
Acompanha a gente que tem um artigo especial sobre o Dragontown sendo preparado!
Abraços e obrigado pelo comentário!
Eu conheci os clássicos e depois ouvi o primeiro disco completo na época do lançamento, o Dragontown, que é muito bom.