Na primeira metade de “Les Jardins De Minuit”, faixa de abertura de “Spiritual Instinct”, sexto álbum de estúdio do Alcest, você saberá que as coisas novamente estarão no lugar, se é podemos dizer isso da música complexa que seu mentor intelectual, Neige, produz.
Aquela suíte de opostos musicais, ora paradoxais, ora complementares, é impressa desde o início do trabalho, e na segunda faixa, “Protection”, já somos arrebatados novamente pelo poderoso atrito entre violência e ternura.
Um início auspicioso para um disco-chave na discografia do Alcest.
“Spiritual Instinct” tem a missão de manter a retomada de qualidade da banda iniciada no ótimo “Kodama” (2016), após o contestado (e mais inspirado pelo dreampop e shoegaze) “Shelter” (2014).
O fato é que Neige criou um padrão altíssimo para o música do Alcest, e o fãs mais fervorosos esperam nada menos que a excelência quando a banda lhes oferece um novo disco.
Isso é algo perigoso, pois diversas vezes impede o mesmo fã de assimilar ideias novas e criativas que só serão absorvidas e entendidas no futuro (como pode acontecer com “Shelter” daqui uns pares de anos).
Mas deixemos essas análises de lado e concentremo-nos em “Spiritual Instinct”, o primeiro da banda francesa pela gravadora Nuclear Blast e também o primeiro lançado no Brasil, via Shinigami Records.
De cara, podemos dizer que esse é um disco que vai te apresentar uma novidade a cada audição e, até por isso, são necessários atenção e tempo para absorvê-lo, de fato.
Outra verdade sobre “Spiritual Instinct” é que apesar do título resumir muito bem a sensação que temos de como o álbum foi construído, a coesão e a homogeneidade do conjunto de faixas o transforma numa peça única e indiscutível, principalmente pela carga emocional que demonstra.
Neige é um mestre no uso de texturas (principalmente dos sintetizadores) e timbragens (aqui destaques às guitarras) para intensificar sentimentos enquanto enfileira movimentos oníricos, hipnóticos e quase febris.
Faixas como “Sapphire” e “Spiritual Instinct” representam bem o esmero e cuidado com o trabalho geral de composição, realizado às minúcias, mesmo que este seja um disco mais orgânico e empírico, sem os aspectos mais cerebrais introjetados em “Kodama”.
Nestas duas composições, fumaça gótica dá um clima ainda mais envolvente a seus arranjos pormenorizados, fluidos e naturais.
O mais interessante de “Spiritual Instinct” é que Neige se permite novamente tocar suas raízes no black metal, mas sem perder o foco das composições e da produção, mesmo que “Spiritual Instinct” soe um disco mais dinâmico e variado.
Nesse sentido, a progressiva “L’Île Des Morts” é uma composição chave para compreender essa afirmação, e também a forma com que ele renovou seu atrito entre o carnal e o primitivo, com o místico e o espiritual.
Como isso Neige gera um oximoro da forma musical com a qual explora sua espiritualidade, dando-lhe capacidade quase alquímica de gerar uma preciosidade como a viajante “Le Miroir” (essa música é de arrepiar).
Mais um exemplo de como o Alcest é uma espécie de ponto de luz em meio a escuridão e ao profano!
FAIXAS
1. Les jardins de minuit
2. Protection
3. Sapphire
4. L’île des morts
5. Le miroir
6. Spiritual Instinct
FORMAÇÃO
Neige (vocais, guitarras, baixo e teclados)
Winterhalter (bateria e percussão)
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