“Through Infinite Dimensions” é o primeiro álbum completo da banda paulista de metal sinfônico Aetherea.
Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco lançado pelo selo MS Metal Records.
A banda Aetherea foi idealizada na capital paulista em 2006 pelas mãos do guitarrista e compositor Fábio Matos da metamorfose de uma banda tributo ao Epica. Até por isso, não causa estranhamento o típico metal sinfônico que eles desenvolveram em seu primeiro álbum completo, intitulado “Through Infinite Dimensions” (2021).
O material chama a atenção pelo cuidado com cada detalhe. A produção e o trabalho em estúdio, realizado entre os anos de 2019 e 2020 no FM Studio e Loud Factory Studio em São Paulo, é acima da média. A arte gráfica, por exemplo, à cargo do artista Romulo Dias, é belíssima e mexe com todo o imaginário do metal sinfônico, remetendo à estética das capas dos discos noventistas de bandas como After Forever, Madrigal e Lacuna Coil.
A demora na chegada no primeiro álbum se dá pelo fato do Aetherea ter um período de inatividade até 2016, quando ela foi efetivamente formada e ganhou personalidade própria e confiança para se dedicar plenamente ao trabalho autoral que frutificou nestas onze faixas que completam “Through Infinite Dimensions” e desfilam influências de Kamelot, Angra, Blind Guardian, After Forever, Within Temptation, Nightwish e, obviamente, Epica, como mostram “My Hunter”, “Weekend Prophets”, “Face the Lies” e o single “Look into my Eyes”, alguns dos melhores momentos do trabalho.
Todas estas composições permitem ainda perceber como o Aetherea é detalhista na construção de sua sonoridade empolgante pela variação de andamentos envolventes. As composições pormenorizadas, as texturas, sentimentos e timbragens intensificadas pelo bom trabalho em estúdio que encaixou muito bem os coros e os arranjos épicos. Mesmo assim, está longe de ser um trabalho pomposo e pretensioso. É sim de extremo bom gosto!
Também longe da modernidade estéril, o Aetherea mostra destreza para extrair o conteúdo latente dos cânones do gênero usa-los como pontos de partida para desenhar sua própria personalidade. Até por este esmero tradicionalista, o trabalho da vocalista Jessica Sirius é muito importante, pois seu timbre e colocação vocal remetem a divas do symphonic metal como Simone Simmons, Floor Jansen (principalmente na sua fase primorosa com o After Forever) e Lisa Middelhauve.
Mesmo com toda a alta musicalidade do instrumental, de fato, o diferencial destas composições estão nos vocais de Jessica que transitam com desenvoltura dentro da estética necessária ao gênero, sem exageros, mas com determinação e versatilidade para transitar por vários estilos, além de ser dona de uma capacidade dramática muito cativante neste contexto musical.
É importante observar que a musicalidade do Aetherea não soa datada pelo amálgama de modernidades e classicismos do heavy metal, com elementos de power metal (até que esperados), pinceladas progressivas e clima de trilha sonora cinematográfica, entremeados a breakdowns (como no solo de “Memories”) e guitarras atualizadas (Fábio é um guitarrista que sabe que o segredo do heavy metal está nos riffs), sustentados por uma bateria forte, quem explode nos movimentos mais velozes e potencializa o symphonic metal do Aetherea como um apelo do gênero para os ouvidos contemporâneos.
No fim da audição, fica a ótima impressão deixada por este primeiro álbum completo do Aetherea, principalmente pela maturidade demonstrada em todos os aspectos de “Through Infinite Dimensions”.
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