The Doomsday Kingdom – Resenha de “The Doomsday Kingdom” (2017)

 
The Doomsday Kingdom
The Doomsday Kingdom: “The Doomsday Kingdom” (2017, Nuclear Blast, Sound City Records, Shinigami Records) NOTA:10,0

Síndrome da fadiga crônica. Uma patologia que “se apresenta como uma série de anormalidades dos sistemas neurológico, imunológico e endócrino” e que está intimamente atrelada à concepção deste álbum. Durante os últimos cinco anos, Leif Edling, mentor intelectual de bandas como Candlemass, Abstrakt Algebra, e Avatarium, usou o processo de composição como terapia para combater esta síndrome que o acometeu, e o afastou dos palcos.

Neste contexto, este primeiro trabalho do The Doomsday Kingdom nasceu como um “projeto solo”, em 2013, após Leif visitar as catacumbas de Paris, e antes mesmo dos álbuns “The Girl With The Raven Mask” (2015), do Avatarium, e “Death Thy Lover” (2016), do Candlemass, ficando pronto somente em 2016, após firmar novamente parceria com o excepcional guitarrista Marcus Jidell (com quem também trabalhou no Avatarium).

Confira nossas resenhas para os álbuns da banda Avatarium aqui

Musicalmente, as fronteiras destas oito composições estão delimitadas pelos classicismos metálicos da década de 1980, com um pouco de Hard/Psych Rock, e elementos da NWOBHM.

Claro que estamos sobre o terreno sedimentado pelo Doom Metal, estilo do qual Edling é membro da nobreza, esbanjando riffs sabáticos, sombrios, e tocados com a máxima distorção, temperados com pisicodelia. Ou seja, é Metal Tradicional com certa morbidade, senso épico, variando músicas “aceleradas” e acessíveis com composições arrastadas, obscuras e cheias de mudanças de andamentos.

Com o Doomsday Kingdom, Leif Edling faz da adversidade força motriz para conceber um dos melhores trabalhos de sua carreira, mesclando o classicismo e imponência do Candlemass, com o Hard/Psych Rock do Avatarium, pelos estruturais ensinamentos do Black Sabbath…

Numa reafirmação do negrume que vive no âmago do gênero, temos texturas e timbragens vintages, retrabalhando o aspecto épico e grandioso do Candlemass por uma produção orgânica e mais crua, e por um obscurantismo melódico encorpado, com profundidade e densidade. Os arranjos são pormenorizados em multifacetadas abordagens metálicas, modulando o peso de acordo com o que pede a canção, misturando de modo desenvolto do Rock/Metal revigorando e refrescando os maneirismos oitentistas.

Ou seja, estas composições soam como apelos Doom Metal para a nova geração, e, nesse contexto, “Silent Kingdom” já se destaca na abertura do álbum como um Hard n’ Heavy de refrão irresistível e solo acachapante, reafirmando a qualidade de Marcus Jidell na confecção dos solos. Sua performance deu um tempero ainda mais orgânico e tradicional aos arranjos, numa versatilidade arrebatadora dentro da escola oitentista de guitar heroes do Metal.

Confira o lyric video da faixa “The Sceptre”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=gA66HmD5hKo&w=560&h=315]

Na sequência, “The Never Machine” trará um clima mais Hard Rock (chegando a lembrar o Motley Crue da fase “Shout at the Devil”), enquanto “A Spoonful of Darkness” agradará os fãs do mestre Dio, conseguindo ser melódica, envolvente, e pesada, fórmula que se repetirá em “The Sceptre” (com teclados pontuais e riffs tempestuosos), um dos maiores destaques do trabalho.

Já nestas composições percebemos a aura Occult Rock, de melodias hipnóticas, como mantras ou cânticos cerimoniais, seguindo os ensinamentos sabáticos à risca. Fato que não nos leva a estranhar composições como “See You Tomorrow”, com belos, melancólicos, e lúgubres arranjos de piano e violão, ou “Hand of Hell” e suas palhetadas inflamadas e refrão grudento num baile metálico extremamente familiar (impossível não lembrar do clássico “Paranoid”).

Confira o lyric video da faixa “Hand of Hell”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=ewOFEaEWsXs&w=560&h=315]

A dramaticidade obscura é perene e diluída em cada movimento, por vocais inspirados, de melodias muito bem encaixadas, mesmo nos momentos mais agressivos, sendo este elemento o diferencial dentro da proposta, num casamento quase mágico entre o instrumental e a voz de Niklas Stålvind, dono de um senso de interpretação impressionante, ajudando a construir o clima de cada composição de acordo com a mensagem que canta.

E mesmo nascendo como projeto solo, o The Doomsday Kingdom tem uma unicidade de banda, e além dos destaques vocais e do trabalho de guitarras, o baixo preenche muito bem os espaços e bateria alicerça as harmonias de modo irrepreensível, principalmente em faixas como “The Gold Particle” (com uma psicodelia que reverbera pela melancolia envolvente e pelo peso rastejante do Doom Metal) e “The Silence” (com suas reviravoltas à lá NWOBHM) outros dois pontos de máximo do tracklist, com variações criativas de andamentos.

Confira o lyric video da faixa “A Spoonful of Darkness”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=2ZC_725RMpw&w=560&h=315]

Num álbum de Heavy Metal Tradicional, pesado, obscuro, e criativo, Leif Edling faz da adversidade força motriz para conceber um dos melhores trabalhos de sua carreira, mesclando o classicismo e imponência do Candlemass, com o Hard/Psych Rock do Avatarium, pelos estruturais ensinamentos do Black Sabbath.

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