Lock Up – Resenha de “Demonization” (2017)

 
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Lock Up: “Demonization” (2017, Listenable Records, Dynamo Records, Del Imaginario Records) NOTA:9,0

A fórmula do Lock Up sempre foi bem simples: agrupar integrantes de renome dentro do cenário extremo metálico mundial, músicos acima de qualquer suspeita, com o intuito de desfilar os tradicionalismos do Death Metal\Grindcore, com pouco espaço para inovações, através de guitarras cortantes e sujas, bateria rápida e precisa , vocais urrados, e muita brutalidade, por uma produção impecável. Mas parece que algo mudou neste novo trabalho, além da saída do vocalista Tomas Lindberg.

“Demonization” é o quarto full-lenght da banda, formada por  Shane Embury  (baixo, Napalm Death), Nicholas Barker (bateria, ex-Brujeria, ex-Cradle of Filth, ex-Dimmu Borgir), Anton Reisenegger  (guitarra, Brujeria) e Kevin Sharp (vocais, Venomous Concept, ex-Brutal Truth, e ex-Damaged), mesclando muito bem brutalidade com cadência, por vezes resvalando no Thrash Metal com leves pinceladas da atitude punk, se aproximando das formatações americanas do Death/Grindcore.

Confira o lyric-video da faixa “The Plague That Stalks the Darkness”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=pJyX-DnmpFg&w=560&h=315]

Claro que os tempos de “Pleasures Pave Sewers” (1999) e “Hate Breeds Suffering” (2002), dois dos melhores trabalhos da história do grindcore, ficaram para trás, junto com a exclusividade de composições rápidas e brutais.  Em “Demonization” por vezes extrapolam o limite dos três minutos, ao construir temas mais voltados ao Death Metal do que ao grindcore, incorporando elementos de bandas já consagradas do Metal Extremo.

Neste contexto mais elaborado, em que a banda ultrapassa as fronteiras do Death Metal e do Thrash Metal, surgem faixas inspiradas como “The Decay Within the Abyss”, “Desolation Architect”, “Void” “We Challenge Death” (esta uma das melhores do trabalho), que se destacam pela brutalidade longe da gratuidade, esboçando maturidade e levando a banda a uma abordagem inteligente da música visceral. E esta observação se torna inegável na espetacular faixa-título, que chega a ser ambientada pelo clima frio e cinzento do metal industrial, em meio a um andamento rastejante, ao longo de quase seis minutos.

Mas não se preocupe, pois mesmo que melhor elaboradas, as desgraceiras de alta intensidade, exalando energia e virulência, chegam em pedradas como “Locust”, “The Plague That Stalks the Darkness”, “Sunk”, “Mind Fight”, e o outro ápice do álbum: a faixa “Secret Parallel World”. Sem dúvidas, estes são ataques sonoros de brutalidade desmedida, mas envolventes como sinfonias dissonantes, frenéticas e desarmônicas.

Aos meus ouvidos, no geral, aquela truculência dos tempos iniciais foi substituída por um anti-heroísmo musical, numa variabilidade interessante de arranjos agressivos, pesados e violentos, que advém do baixo robusto, da bateria transgressora, veloz e precisa, que confere um sabor pontual oitentista ao clima claustrofóbico de “Demonization”.

Confira a faixa “Mind Fight”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=8CUh-BMTcJw&w=560&h=315]

Além disso, os riffs insanos entrecortando e dinamizando os movimentos de brutalidade sistemática, deram vigor metálico às composições, ou groove Punk/Death Metal, como nas empolgantes “Blood and Emptiness”“Foul from the Pure”.

Claro que os vocais do experiente Kevin Sharp (que substitui Tomas Lindberg) são a estrela da companhia, num aspecto mais clássico dentro das possibilidades e nuances dos gêneros mais extremos do Metal, dando à música do Lock Up mais versatilidade e oxigenação, funcionando melhor do que a voz de Tomas dentro da proposta.

Pode não ser o mais veloz e agressivo álbum do Lock Up, mas certamente é o seu mais criativo ponto da discografia!

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