“Suicide Silence” é o quinto e auto-intitulado álbum de estúdio da banda de heavy metalnorte americana, lançado em 2017, pela parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast.
Este trabalho marca uma mudança na musicalidade da banda, onde ela se distância do deathcore rumo a algo mais noventista e inspirado pelo nu metal. Abaixo você lê nossa resenha deste disco.
As guitarras tempestuosas e intransigentes de “Doris”, energética faixa de abertura, já mostram que o Suicide Silence fugirá, por vias ousadas, dos clichês do moderno Metal Extremo, num início que mescla angustia e brutalidade na mesma medida, por guitarras pesadas e cozinha encorpada, numa oscilação de andamentos que beira a estética progressiva, tamanha a assimetria da geometria musical que experimentamos neste início. É acessibilidade musical num balé helicoidal com a atonalidade visceral, que chega a ser pontualmente jazzístico em seu desfecho. Isso tudo e só estamos na primeira faixa!
Esta faixa saiu como single e causou furor nos fãs da banda que chegaram a iniciar uma petição nas redes sociais para que o álbum não fosse lançado. Um absurdo também movido pelo outro single que foi divulgado, para a excelente faixa “Silence”, sob a alegação de que haviam muitos vocais limpos. Nada que fuja das naturais idiotices atreladas a quaisquer “fanáticos”! Aos meus ouvidos essa pré-oposição não se justifica, pois construíram um violento e diferenciado conjunto de faixas, que realmente vai incomodar os que esperam o mais do mesmo da veia mais Deathcore que a banda praticava em outros tempos.
Mas sejamos lógicos. Mesmo dentro do Deathcore, a gama de influências do Suicide Silence sempre foi vasta, e, desta vez, simplesmente deixaram aflorar um pouco mais da tensão melódica do Slipknot e do Deftones, o ritmo frenético do Korn, a precisão do peso do Meshuggah, e as pinceladas da ousadia do Faith No More.
Todavia, a intensidade permanece ao longo de todo o trabalho, numa caleidoscópica viagem extrema fora dos padrões, com os dois pés atolados no barro do Metal Alternativo, ora mais mirabolante e inventivo (como na causticante “Hold Me Up Hold Me Down” e na furiosa “Don’t Be Careful You Might Hurt Yourself”), ora mais melódico e/ou linear (como nas ótimas “Silence”, e “The Zero”), ora inclassificável (como em “Listen”, um dos maiores destaques).
Além disso, eles levam as influências alternativas a uma exploração mais progressiva, beirando o Jazz Metal em certos momentos, mais evidentes nos solos de guitarra que brotam do caos sonoro como harpas eólicas em meio a um furação.
É importante dizer que em nenhum momento perderam sua identidade, simplesmente abriram sua abordagem musical, trazendo novos elementos para sua formação. A banda não se inseriu no Nu Metal, na verdade ela inseriu o Nu Metal em sua proposta, com muita personalidade, e isso é fato! Goste ou não!
Sim, concordo que estão abusando um pouco mais dos vocais limpos e não se furtam dos arranjos alternativos, na verdade, se refestelam neles! Explorando, investigando e experimentando timbragens, texturas e suas fronteiras musicais. O que não é um problema, principalmente quando entregam faixas como “Conformity”, “Dying In A Red Room” e “Run” (que tem até certo tempero grunge em certo ponto).
Nem a criticada produção de Ross Robinson, que também ajudou em álbuns importantes da carreira de Slipknot, Korn, At The Drive-In, Sepultura, Glassjaw e From First To Last, o que explica a sonoridade crua, íntima, rústica e “alternativa”, compromete. Além disso, o álbum foi mixado por Joe Barresi, muito conhecido pelo seu trabalho com Tool, Queens Of The Stone Age, Slipknot, Fu Manchu, Kyuss e Bad Religion, que também contribuiu para dar forma a esta nova abordagem do Suicide Silence.
Pessoalmente, eu aprovo e apoio bandas com nome na cena, como é o caso do Suicide Silence, a ousar e sair de sua zona de conforto, ainda mais quando o resultado é tão musicalmente valoroso como é o caso deste quinto álbum da banda. Assumiram seus riscos, enfrentaram a turba de bitolados que sempre pedem o mais do mesmo, e lançaram um belíssimo álbum de Metal moderno, fora do lugar comum!
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