Rolling Stones – “Beggars Banquet” (1968) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Beggars Banquet”, clássico disco da banda ROLLING STONES, o primeiro sob o comando de Keith Richards nas composições, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO. 

A proposta desta seção do nosso site você confere nesse link.

The Rolling Stones - Beggars Banquet (1968, Decca) Resenha Review

Definição em um poucas palavras: Rústico, drogas, Classudo.

Estilo do Artista: Rock

Comentário Geral: O ano de 1968 foi o marco da contracultura no Século XX. O rock era um dos principais veículos desta revolução e viu obras ambiciosas serem produzidas nessa época.

Os Rolling Stones eram parte importante desta contracultura, tanto em postura quanto em música, encapsulando-a em “Beggars Banquet” (1968), o disco em que a banda volta à herança afro-americana de sua música, após a viagem lisérgica do disco anterior.

Até por isso, para entender “Beggars Banquet” precisamos voltar um pouco na sua biografia para contextualizar o que acontecia com os Rolling Stones.

Em 1967, os Stones forjaram seu primeiro de vários álbuns renegados: “Their Satanic Majesties Request”. Lançado na cola de “Sgt Peppers…” dos Beatles, em novembro de 1967, este álbum foi duramente criticado, adiando um pouco mais a ascensão de Mick Jagger e cia.

Apesar das opiniões implacáveis dos críticos, Their Satanic Majesties Request” claramente era guiado pelas visões musicais de Brian Jones e figurou na segunda posição da Billboard 200, em 1968, valendo muito a pena uma audição acurada em faixas como “Citadel”, “The Lantern”, “On With The Snow” e a clássica “2000 Man” (que foi regravada pela banda Kiss).

Porém, em 1968, Brian Jones já era inoperante como compositor dos Rolling Stones, mas a dupla Jagger/Richards já tinha se consolidado anos antes, nos ótimos “Out of Our Heads” (1965) e “Aftermath” (1966).

Neste momento de ocaso de Brian Jones, Keith Richards tomava para si as rédeas das composições, redirecionando a música da banda para as raízes do blues. 

Para entender este redirecionamento precisamos voltar entre 1964 e 1966, quando as turnês dos Rolling Stones nos Estados Unidos serviram também para que Keith Richards criasse uma vasta coleção de discos de blues e suas variantes e desdobramentos que só foi devidamente assimilada entre 1966 e 1967.

O primeiro fruto desta viagem pela rusticidade das raízes do blues foi “Beggar’s Banquet”, lançado pela Decca Records/ABCKO Records no Reino Unido e pela London Records/ABKCO nos Estados Unidos em 6 de dezembro de 1968 e que tirou de vez as cores psicodélicas e viagens lisérgicas da música dos Stones, dando novo espaço ao country (“Dear Doctor”) e ao blues (“Prodigal Son”), quase como uma ressaca da extravagância e dos excessos do álbum anterior.

Em “Beggar’s Banquet” estão dois dos maiores clássicos da banda: “Street Fighting Man”, que encapsula a turbulência que o mundo vivia em 1968, e “Sympathy for the Devil”, uma longa versão xamânica do samba.

Além de abrir a chamada “fase de ouro dos Rolling Stones”, donde se seguiria, à partir de “Beggar’s Banquet”, álbuns como “Let It Bleed” (1969), “Sticky Fingers” (1971), e “Exile on Main St.” (1972), a música “Sympathy for the Devil” contribuiu para carimbar na banda o rótulo, também, de satanista, afinal ela dava sequência a um disco  intitulado “Their Satanic Majesties Request”.

Claro que eles brincariam com essa acusação de satanismo, principalmente no título e arte de “Goat Head’s Soup”, álbum de 1973, mas alguns grupos religiosos e até pontualidades da imprensa levavam-os à sério, e ajudavam a  colocá-los como uma má influência para a juventude; adoradores do demônio.

Essa música em especial mostra a mão de Keith Richards no trabalho, pois a transformação de “Sympathy for the Devil” de uma balada à lá Bob Dylan para aquela hipnótica versão de samba/rock com ritmo ocultista e ritualístico foi obra sua.

Mick Jagger inclusive já afirmou que a música foi inspirada após uma visita que ele teria feito a um centro de candomblé na Bahia, quando tirou férias de três meses no Brasil (se dividindo entre Bahia e Rio de Janeiro) em 1968, ao lado da namorada Marianne Faithfull e de Keith Richards.

Outra curiosidade das sessões de gravação de “Sympathy for the Devil” é que houve uma “dança das cadeiras” nos instrumentos: Keith Richards tocou baixo, Bill Wyman tocou maracas, Watts cantou no coro completado por Brian Jones, Anita Pallenberg e Marianne Faithfull, além de Nick Hopkins no piano e Rocky Dijon  nas congas.

O som de “Beggars Banquet” chama muito a atenção e a mão do produtor Jimmy Miller é forte para esse  belíssimo resultado final.

A parceria entre Miller e os Stones duraria por anos e ele seria peça fundamental na construção da sonoridade da banda. As relações entre Keith Ricards e Brian Jones estavam em frangalhos e a tensão crescia no seio da banda enquanto Jones se consumia no abuso de drogas. Tanto que ele sairia da banda em março de 1969.

Inegavelmente, com “Beggars Banquet” (1968) os Rolling Stones entraram em sua melhor fase discográfica, que iria até 1974, com “It’s Only Rock ‘n’ Roll”. Este foi seu primeiro grande álbum dentro do rock n’ roll, e responsável por tirar do “sexteto” (entre aspas, pois Mick Taylor ainda não havia sido oficializado) formado por Mick Jagger, Brian Jones, Keith Richards, Mick Taylor, Charlie Watts, e Bill Wyman, o estigma de banda de singles.

Por sua escolha própria ou por impedimento, Brian Jones cada vez mais foi ficando afastado das gravações de “Beggars Banquet”. Depois de sua contribuição mínima neste disco ele se sentiu forçado a sair dos Rolling Stones em maio de 1969. Dois meses depois, Jones foi encontrado morto, afogado na piscina de sua casa, quase junto com o lançamento do álbum seguinte, “Leit It Bleed” (1969).

Por isso tudo, você devia reouvir “Beggars Banquet” (1968).

Ano: 1968.

Top 3: “Street Fighting Man”, “Sympathy For The Devil” e” “Dear Doctor” 

Formação: Mick Jagger (vocais), Keith Richards (guitarra), Brian Jones (guitarra), Charlie Watts (bateria), e Bill Wyman (baixo).

Disco Pai:  Bob Dylan – “Bringing It All Back Home” (1965)

Disco Irmão: Led Zeppelin – “Led Zeppelin III” (1970)

Disco Filho: White Stripes – “De Stijl” (2000)

Curiosidades: A capa originalmente pensada para “Beggars Banquet” era uma parede de banheiro coberta de pichações obscenas. A banda inicialmente se recusou a mudar a capa, resultando em vários meses de atraso no lançamento do álbum.

Em novembro, porém, os Rolling Stones permitiram que o álbum fosse lançado em dezembro com uma capa branca, simples imitação de um cartão de convite. Em 1984, a capa original foi lançada com o CD remasterizado de Beggars Banquet.

Pra quem gosta de: bebidas fortes, garage rock, locais rústicos e pontos de umbanda.

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3 comentários em “Rolling Stones – “Beggars Banquet” (1968) | Você Devia Ouvir Isto”

  1. Stray Cat Blues é uma cozinha de misturas que inspirou grupos como The Faces, The Black Crowes, The WHITE Stripes, e até mesmo Led Zeppelin bebeu nesta fonte. Sympathy for The Devil é a música das músicas, maior fusão de ritmos afros brasileiros com blues da história. Street Fighting Man tem um riff arrasador. No Expectations traz a melancolia mágica e os fantasmas do passado de uma alma entorpecida de dor, talvez um Robert Johnson a retornar de um trem numa estação deserta, após o abandono de sua musa. É talvez o cartão postal de todo músico que busca na solidão deserta de sua guitarra as viagens de norte a sul de um país ainda desconhecido para seus sonhos e para o poder da sua voz. Dear Doctor, Factory Girl, Parachute Woman mantém o ritmo enraizado do Mississipi a Chicago, mas com toques de Hoodoo, encruzilhada e bourbon. E Salt of The Earth é o convite para além da estratosfera cósmica e filosófica do blues, com um coral que vai do gospel ao soul, passando pelo Aeon de uma nova fé. Não há nada mais arrebatador do que ouvir Beggar’s Banqueta sentado em uma mesa degustando whisky e recriando suas próprias visões sobre o universo. É a raiz do fundo de quintal que todo mundo tem plantada, mas poucos a regam.

  2. NEWTON SERRA E MEIRA

    Está fase dos Stones se deve so produtor Jimmy Miller produziu os melhores álbuns desta banda e antes tinha produzido Spencer David group, TRAFFIC e blind faith e quando deixou os Stones trabalhou com Tina tunner.

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