Por Paulo Lopes
A série original PERDIDOS NO ESPAÇO, realizada em três temporadas de 1965 a 1968, é um marco na cultura televisiva clássica de todos os tempos; mas ouso dizer que a nova série, produzida pela Netflix e lançada recentemente em sua primeira temporada , com 10 episódios, é melhor e com mais possibilidades que o produto original.
E digo isso, não pela alta tecnologia em imagens, sons e efeitos especiais hoje possíveis e utilizados nessa nova versão (mas, é claro, isso conta também); Existem outras razões que fazem dessa nova versão melhor.
A ideia da série não era propriamente nova e emana do romance “Robinson Crusoé” (1719), de Daniel Defoe. Aliás, esse nome, ou sobrenome, Robinson virou sinônimo de estar perdido, naufragado, isolado, nos anais da indústria cinematográfica ou literária.
Sim, porque por volta de 1812, Johan David Wyss, também bebeu da fonte de Daniel Defoe e escreveu “A Familia do Robinson Suiço” e colocou uma família inteira perdida em uma ilha do Pacífico –a história virou filme em várias versões, a mais lembrada é da Disney de 1960, A CIDADELA DOS ROBINSONS.
Daí, foi só colocar essa mesma família perdida agora no espaço. A ideia era basicamente a mesma: uma família de colonizadores, que buscam chances em uma nova terra, de repente são apanhados por alguma agrura do destino e lançados em um terreno desconhecido e perigoso.
No caso, ficam perdidos no espaço, graças a uma sabotagem mal feita, pelo ardiloso Dr. Smith; Personagem que, ao lado do robô B9 (Perigo! Perigo!) e do menino Will, acabariam se tornando os principais da série.
Realizada pelo mega-produtor da TV americana, Irwin Allen (VIAGEM AO FUNDO DO MAR, TERRA DE GIGANTES, TUNEL DO TEMPO), PERDIDOS NO ESPAÇO, teve apenas 3 temporadas, mas tal qual sua contemporânea, JORNADA NAS ESTRELAS, graças às incontáveis reprises anos após anos, se manteve viva no imaginário popular, sempre com uma audiência cativa (saiba mais sobre esta e outras séries indicadas a quem gostou de “Perdidos no Espaço”, nesse texto).
Mas ao contrário de JORNADA NAS ESTRELAS – uma série que manteve qualidade e regularidade em suas, também, três temporadas – PERDIDOS NO ESPAÇO, teve altos e baixos (talvez mais baixos) ao longo de seus 83 episódios.
A primeira e, talvez, melhor temporada foi realizada em preto e branco e fez uma abordagem mais séria dos temas tratados. Em toda essa primeira temporada, os Robinsons estão retidos em um planeta desconhecido e em todos os episódios enfrentam perigos decorrentes desse desconhecimento e das artimanhas impiedosas do Dr. Smith em sua obsessão de voltar pra Terra.
Já na segunda temporada, em cores, os Robinsons e sua nave Jupiter 2 conseguiram fugir do malfadado planeta condenado a destruição e estão realmente perdidos no espaço. Mas acabam indo parar em outro planeta e tudo se repete.
Dá-se o tom dessa temporada: comicidade, monstros diferentes e cada vez mais bizarros em cada episódio – em um deles o monstro é uma cenoura ambulante – e cores absolutamente berrantes (mas, talvez esse ultimo quesito, seja mais por conta do gosto vigente então, vide o BATMAN, com Adam West, realizado na mesma época).
Na terceira temporada, os náufragos espaciais já fugiram do segundo planeta –também condenado a destruição, pela aproximação de um cometa- e os novos perigos vão ser vividos, realmente, nas rotas interplanetárias. Graças as possibilidades criadas por essa nova situação, os roteiristas se aventurariam, em alguns episódios, por temas mais ambiciosos, como viagens no tempo, dobras espaciais, clones, etc…
Mesmo com alguns roteiros escritos e cenas gravadas, a série foi cancelada, antes do inicio da quarta temporada, ao que consta não por falta de audiência, mas sim por contenção de gastos da rede de TV CBS, que passava por problemas financeiros.
Em 1998, comemorando os trinta anos da série foi lançada a versão high tech cinematográfica da série. PERDIDOS NO ESPAÇO – O FILME, teve superprodução da Warner e foi estrelada por William Hurt (“Oscar” por O BEIJO DA MULHER ARANHA) e Gary Oldman( “Oscar”/2018 por O DESTINO DE UMA NAÇÃO).
Destaque para a participação de alguns atores da série original (Bill Mummy, June Lockhart, Angela Cartwright, Marta Kristen ) em pontas muito especiais. A estrutura básica da história da série foi mantida no filme, que começa bem, mas se perde em um enredo pra lá de estapafúrdio e a família acaba perdida no tempo, ao invés, de no espaço(?).
O ótimo tema musical, composto por John Williams e introduzido na terceira temporada da série está presente, repaginado, nesta versão dos cinemas, bem como está presente na nova versão de PERDIDOS NO ESPAÇO, produzida e exibida pela Netflix.
Por sinal, é interessantemente promissora, essa nova versão da série. Um roteiro consistente, com pouquíssimas falhas, que mantem o interesse constante na trama, narrada em sequencia, mas com situações novas criadas ao longo de cada um dos dez episódios.
A estrutura básica continua, de novo, a mesma, ou seja, uma família de colonizadores, se dirigindo ao planeta colônia Alpha Centauri, se veem repentinamente em uma situação de naufrágio espacial e vão parar em um planeta desconhecido.
Aí entram algumas diferenças. Eles viajam, juntamente com muitos outros grupos de colonizadores em uma gigantesca nave-mãe, a Resolute, que sofre um ataque alienígena e vários grupos então fogem em naves menores, chamadas Jupiter; A dos Robinsons é a Jupiter 2.
Muitas dessas naves fugitivas, vão todas parar no tal planeta desconhecido e a luta, então, é sobreviver e buscar um jeito de voltar a Resolute, que se recuperou do ataque sofrido. Mesmo porque esse tal planeta, está condenado a morte pela proximidade de um buraco negro(bom, pelo menos aqui tem-se uma similaridade com a série original).
Já o robô, personagem crucial da série, é na verdade, membro da mesma raça alienígena hostil que atacou a Resolute; O porque de tal ataque é coisa mal explicada nessa temporada, mas pelo que parece será bem explicadinho na segunda temporada.
E na atual politica de emponderamento feminino, nessa nova versão ELAS dão as cartas. Nos dois extremos. A mocinha e a vilã. Chefiando a Jupiter 2, não está o Sr. Robinson, mas a Sra. Robinson (Oooops! Mrs. Robinson? Muito sugestivo! Quase ouço, ao fundo, Simon & Garfunkel….). Interpretada por Molly Parker(HOUSE OF CARDS), ela é a cientista e quem leva a família para o espaço em busca de uma nova vida; Por ela passam todas as decisões tomadas.
Apesar de também atuante, a trama mostra que o Sr. Robinson(Toby Stephens), um ex-militar, nem era pra estar onde está e veio meio a contrapeso, por ser o pai das “crianças”. No outro extremo está o Dr. Smith, ou melhor, Doutora Smith.
Numa boa sacada os roteiristas transformaram o vilão numa mulher psicótica, calculista, fria e impiedosa e que, inexplicavelmente, está em todos os lugares que vão servir ao propósito de suas maldades. Parker Posey é quem, brilhantemente, dá vida a essa vilã.
Muitas boas possibilidades se abrem com o final dessa primeira temporada. Mas é claro, esta foi só a primeira temporada. Vamos esperar e torcer para que seja mantida a mesma qualidade nas próximas e não tenhamos alienígenas em formatos de nabos ou pepinos, atazanando a vida dessa família Robinson do espaço.
Confira nossa lista com cinco séries clássicas para quem gostou de “Perdidos no Espaço”, neste link…
Assista o trailer do reboot da Netflix:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=GYn4r6nV0tw&w=560&h=315]
Assista um trecho da série original:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=avZO2sNYxs8&w=560&h=315]
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