Wormwood – Resenha de “Nattarvet” (2019)

 

Wormwood - Nattarvet (2019)
Wormwood – “Nattarvet” (2019 | Black Lodge Records, Hellion Records) NOTA:9,5

Do black n’ roll mais rudimentar do primeiro EP ao requinte que ouvimos em “Nattarvet”, seu segundo trabalho, a banda sueca Wormwood não se impõe limites na exploração do metal sueco em suas diversas frentes, criando uma identidade musical muito particular, sempre partindo dos gélidos e ásperos aspectos do black metal.

“Nattarvet” é o primeiro trabalho do quarteto após assinarem com a gravadora Black Lodge Records, sendo que metade do repertório tem suas letras escritas em sueco, e todas as composições abordam temas que vão desde a vastidão sombria e solitária do universo até a história da Suécia no Século XIX.

Seu primeiro trabalho, “Ghostlands: Wounds From A Bleeding Earth” (que resenhamos aqui)chamou muito a minha atenção no ano em foi lançado, por reafirmar a imponência do black metal quando bem feito, mas sem perder a rispidez em sua marcha agressiva e imperiosa.

E basta uma única audição para perceber que aquele amálgama de black metal folk metal, de tons dramáticos e etéreo/infernais, ganhou um novo olhar nessas novas sete composições.

“Av lie och börda” abre o trabalho mostrando como as melodias e ambientações permanecem inseridas de modo criativo em meio à massa sonora áspera e fria erguida sobre uma variação de andamentos e estruturas.

Isso é algo que ouviremos ao longo de todo o trabalho. Afinal, “Nattarvet” é formado por um conjunto criativo e coeso de composições, cada uma delas explorando melodias, aspectos folk, e linhas mais groovadas de baixo de formas diferentes, além de amplificar a melancolia inerente ao gélido black metal escandinavo.

A variação constante de velocidade e peso permanece como parte da fórmula, assim como um certo espírito progressivo, principalmente nos movimentos mais limpos. Porém, o folk metal que antes era inspiração, agora é parcela indelével das faixas (muito pela onipresença do violinista Martin Björklund, um dos convidados do álbum), assim como as tangências ao doom/death metal.

Essa justaposição de abordagens e estilos só engrandeceu o poder de cativar da personalidade musical do Wormwood, por criar uma cadeia de momentos contemplativos e iracundos cuja dinâmica seduz o ouvinte pela aura pagã.

Não vou cometer a heresia de destacar qualquer uma das faixas, pois estaria correndo o risco de cometer uma injustiça com um disco tão inspirado.

Após a já citada abertura, “Bottenlös ävja” chega mostrando como ir do brutal ao emocional com uma simples virada de bateria, seguida pela progressiva e dramática “Arctic Light” e pela melancolia densa de “The Achromatic Road”, uma aula de imprevisibilidade usando a simplicidade.

Um aspecto positivo foi o fato da banda buscar uma produção ainda mais orgânica e limpa para este segundo disco, quase extinguindo o clima sujo e decadente de outrora, mesmo nos vocais de Nine, que continuam vomitados, mas agora de uma forma menos infernal. Em certa medida, o vocalista parece mais solto e as linhas de voz soam mais livres de amarras estílicas.

Assim como aconteceu em “Ghostlands: Wounds From A Bleeding Earth” (2017), as guitarras ficam com o destaque dentro do instrumental. Elas conseguem ir das tradicionais palhetadas que nunca viram riffs do black metal, até às linhas melódicas que remetem aos grandes momentos do heavy metal tradicional (principalmente nos solos inspirados) ou da virtuose do death metal melódico (usado como contraste aos elementos do black metal mais rudimentares).

A dupla de guitarristas ainda nos oferece partes limpas e ambientais de uma beleza ímpar, num  encaixe rigoroso à proposta folk mais soturna e funesta de se praticar o heavy metal. Isso fica claro na faixa que encerra o trabalho, “The Isolationist”, cuja linha inicial limpa e bela se transforma em algo monstruoso, mas mantendo a mesma linha melódica. Essa faixa num dado momento mais climático vai até te lembrar do Pink Floyd! Noutros, o Dissection.

Se existe uma faixa genérica neste álbum talvez ela seja “Sunnas hädanfärd”, mas apenas pela linearidade dos arranjos em meio a um disco tão ricamente trabalhado e criativo. Outra possibilidade pode ser o fato dessa faixa estar entre “The Achromatic Road” e “Tvehunger” (essa última trazendo o black metal de forma mais contundente ampliando o contraste entre peso e melodia), sendo ela prejudicada pelo contraste. Vale ressaltar que tanto Sunnas hädanfärd” quanto “Tvehunger”  trazem a participação de Erik Grawsjö, vocalista da banda Månegarm.

“Nattarvet” é uma das provas de que o profano, o decadente e o sombrio podem trazer requinte, emoção e riqueza artística! Até por isso esse disco figurou em nossa lista de Melhores Discos de 2019.

FAIXAS

1 Av lie och börda
2 I bottenlös ävja
3 Arctic Light
4 The Achromatic Road
5 Sunnas hädanfärd
6 Tvehunger
7 The Isolationist

FORMAÇÃO

Nine (vocais)
T.Rydsheim (guitarra, baixo e teclados)
J.Engström (guitarra)
D.Johansson (bateria)

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