O U.K., banda britânica de rock progressivo, é um filho direto do King Crimson, tendo ajudado a dar fôlego ao gênero no final dos anos 1970.
Quando os grandes nomes do rock progressivo começavam a declinar, perder brilho ou até mesmo morrer, principalmente pelo advento do punk, a banda U.K. surgiu como uma reunião de músicos brilhantes no fim da década de 1970.
Tudo começa com John Wetton e Bill Brufford. A dupla havia se encontrado no King Crimson, banda liderada pelo genial Robert Fripp, quando ele fazia uma das inúmeras mudanças tanto musicais quanto na formação de sua banda. De certa forma, ali estava o embrião do U. K.
John Wetton e Bill Brufford antes do U. K.
Cabe lembrar que antes do King Crimson, tanto Brufford quanto Wetton já tinham seus nomes vinculados ao rock progressivo.
Enquanto John Wetton trazia experiências no Renaissance (onde tocou baixo entre 1971 e 1972) e no Family (também entre 1971 e 1972), Bill Brufford tinha no currículo os clássicos do Yes, banda que integrou de 1968 a 1972, como “The Yes Album” (1971), “Fragile” (1971) e “Close to the Edge” (1972).
Com o King Crimson, a dupla gravou os discos mais pesados e exóticos da banda, como “Larks’ Tongues in Aspic” (1972), “Starless and Bible Black” (1974) e o genial “Red” (1974).
Porém, em 1974, Rober Fripp deu fim ao King Crimson e a dupla Brufford/Wetton começou a planejar um projeto juntos. Enquanto tal projeto demorava a sair do papel, Wetton tocou no Uriah Heep entre 1975 e 1976, onde gravou o ótimo “Return to Fantasy” (1975) e o mediano “High and Mighty” (1976).
Já Brufford, após 1974, tocou com o Gong e virou músico de estúdio (onde gravou discos de Chris Squire, Roy Harper e Pavlov’s Dog). De março a julho de 1976, ele tocou com o Genesis na turnê do disco “A Trick of the Tail”, a primeira sem Peter Gabriel e com Phil Collins nos vocais principais. Essa participação no Genesis está registrada em materiais ao vivo como “Genesis: Live in Concert”, “Seconds Out” e “Three Sides Live”.
Enfim o U. K. sai do papel
O projeto de Wetton e Brufford ia, enfim, sair do papel apenas em 1977. Na segunda metade de 1976, após Brufford cumprir suas datas com o Genesis, o baterista retomou o projeto com John Wetton que ganhou repercussão por ter Rick Wakeman na formação.
Porém, o tecladista abandonou o barco por problemas contratuais e decidiu voltar para o Yes, após a saída de Patrick Moraz. O projeto ficou algumas semanas parado até que trouxeram Eddie Jobson, tecladista (também violinista) do Roxy Music (onde Wetton tocou entre 1974-75), e para a guitarra viria Eric Johnson.
Porém Johnson não se encaixou bem e seu substituto foi o lendário guitarrista Allan Holdsworth, conhecido pelo trabalho com o Gong e o Soft Machine, dois ícones da música progressiva, e também por ter gravado o primeiro disco da banda Brufford, formada no início de 1977.
Com esse time não tinha como sair algo menos que excepcional no auto-intitulado primeiro disco de 1978. O grande destaque individual vai para o tecladista Eddie Jobson que comandou quatro faixas memoráveis do disco: “In the Dead of Night”, “By the Light of Day”, “Presto Vivace and Reprise” e “Alaska”.
Esse primeiro trabalho era ousado, difícil, experimental e bem trabalhado, se equilibrando entre o rock progressivo e o jazz/fusion tendo na ousadia técnica e rítmica seu fulcro.
Muito dessa excelência musical vinha da união dos talentos dos músicos envolvidos. Sem sombra de dúvidas, o quarteto Brufford/Wetton/Jobson/Holdsworth é uma das formações mais emblemáticas de todo o reino da música progressiva.
Não seria exagero dizer que esse disco era um verdadeiro oásis num tempo de incertezas para os nomes consagrados do rock progressivo britânico, sendo o último grande trabalho em estúdio do gênero nos anos setenta.
As Saídas de Allan Holdsworth e Bill Brufford
O primeiro álbum do U. K. alcançou um relativo sucesso de vendas e uma turnê consistente seguiu ao lançamento do disco.
Mesmo assim, Holdsworth deixou a banda em 1978. O problema é que ele sempre foi muito jazzístico para o rock (mesmo o progressivo) ao mesmo tempo que era muito roqueiro para o jazz (mesmo o fusion). Sem dúvidas ele foi um dos definidores da guitarra dentro do Jazz Moderno e do Rock Progressivo, fascinando, principalmente, por dar mais importância à essência dos gêneros os quais se dedicava do que às circunstâncias tecnicistas de seus cacoetes.
Junto com o guitarrista, o baterista Bill Brufford também sai da banda que ajudou a criar, por desavenças quanto ao direcionamento musical, principalmente com Wetton. O baterista retomaria o trabalho com sua banda solo, o Brufford, e participaria do retorno do King Crimson no início dos anos 1980.
A Reformulação, o Segundo Disco e um Ao Vivo!
Como ousadia era a palavra de ordem, a dupla remanescente Wetton/Jobson decide se fixar como um trio e trazem apenas um baterista para compor a formação.
Era impossível não pensar numa similaridade pela estrutura do Emerson, Lake & Palmer e no próximo trabalho faixas como “Danger Money” e “Carrying No Cross” reforçariam levemente essa impressão. Ainda mais quando trouxeram ninguém menos que Terry Bozzio, advindo da banda de Frank Zappa, para comandar as baquetas.
O próximo disco, “Danger Money” é gravado no fim de 1978 e lançado em 1979, mesmo ano que lançam também o ao vivo “Night After Night”. Realmente esse segundo disco de estúdio segue uma direção diferente de seu antecessor e dali sai “Nothing to Loose”, um dos clássicos da banda e responsável por colocar o U. K. nos charts britânicos.
Mas existe muito a ser destacado em “Danger Money”, como ” Rendezvous”, “Caesar’s Palace Blues” e a espetacular “Carrying No Cross”, além do trabalho do baterista Terry Bozzio que impressiona.
Foi justamente na turnê desse disco, ao lado do Jethro Tull (à época divulgando o clássico “Stormwatch”) que registraram “Night After Night”.
Aliás, Eddie Jobson integraria o Jehtro Tull após o fim do U. K., em 1980, pelas famosas divergências musicais. Já Wetton, após participar de um disco do Wishbone Ash, funda o histórico ASIA, explodindo nos anos 1980 e conquistando o mercado norte-americano.
Pela direção musical tomada por ambos dá para entender que eles almejavam sonoridades diferentes para suas carreiras. Na verdade, olhando em retrospecto, “Nothing To Lose” e “The Only Thing She Needs”, do segundo disco, já traziam esboços do que Wetton queria fazer no ASIA.
O Tardia Reunião
De 1995 a 1998 houve uma proposta de reunião do U.K. com Wetton e Jobson trabalhando num álbum de retorno que logo se tornou um projeto solo do tecladista. Algumas reuniões e bandas paralelas (como o UKZ de Jobson) aconteceram, mas nada que rendesse frutos, de fato.
Em 2010, por exemplo existiam rumores de uma reformulação do U. K. com Jobson, Wetton, Marco Minnemann e Greg Howe, que se confirmara apenas no ano seguinte, mas com o guitarrista Alex Machacek. Os shows no Japão e nos EUA foram registrados e lançados em 2013 sob o título “Reunion: Live in Tokyo”.
Os shows da banda se tornaram ciclotímicos a partir de então e constantemente trocavam de integrantes. A parição final do U.K. se deu em 2015, na “Final World Tour”, contando com Mike Mangini na bateria.
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