The Other One: The Long Strange Trip of Bob Weir | Resenha de Documentário

 

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“The Other One: The Long Strange Trip of Bob Weir” (2014 – Direção: Mike Fleiss)

O Grateful Dead foi uma das bandas mais emblemáticas do rock norte-americano, chegando a realizar um show histórico entre as pirâmides do Egito, em 1978.

Seu fãs, conhecidos como deadheads, os seguiam por toda parte, como um séquito religioso. Jerry Garcia, de fato, se tornou uma espécie de messias do rock,  que disseminava seu evangelho musical, ao lado de seus parceiros de banda, por longas jams de rock, folk, blues bluegrass, com alto senso melódico e mágica hippie.

Mas ao lado de Garcia, principalmente, estava Bob Weir, como um escudeiro genial, compositor superlativo e guitarrista prodigioso. Vocalista complexo e incomum em sua geração.

Ele e sua guitarra rítmica eram a peças fundamentais na sonoridade do Grateful Dead, principalmente em discos como “Workingman’s Dead” e “American Beauty”, ambos lançados em 1970, e que definiram a sonoridade da banda.

Um discreto, mas não menos importante ícone da história do rock, Weir ampliou as possibilidades da guitarra rítmica. Musicalmente, ele era o contraponto ao que Jerry Garcia fazia, com influências de jazz, evoluindo à partir de uma interação única no rock até então. Usava de inversão de acordes, numa forma criativa e única de tocar guitarra.

Até por isso, “The Other One: The Long Strange Trip of Bob Weir”, documentário que passeia pelo seu legado dentro da cultura norte-americana no Século XX, se faz tão pertinente.

No desenvolvimento deste documentário, produzido pela Netflix e dirigido por Mike Fleiss, vemos como um jovem adotado por uma família conservadora descobriu a música e a sintonia quase espiritual com Jerry Garcia.

Bob inclusive descreve sua saída da casa, na visão de seus pais, como uma “fuga para entrar no circo”.

Dentre as passagens mais interessantes está o momento em que ele entra em contato com a contra-cultura norte-americana, influenciado por drogas e literatura beat que fundamentava o “zen americano”.

E nesse momento, a história de como Neal Cassidy, um dos gurus da psicodelia e do movimento beat, o ajudou, de modo místico, a compor sua primeira música, intitulada “The Otherside”, é um dos pontos altos do documentário.

Aliás, Bob compartilha conosco nesse documentário seu modo de compor, e como o Grateful Dead criou um estilo de vida para seus fãs. Não só isso, compartilha, também, sua visão de tudo que envolveu sua obra, não só com o Grateful Dead, e nos apresenta sua família.

A forma com que o documentário narra os eventos de sua biografia é dinâmica, usando instigantes artes psicodélicas, caleidoscópicas e lisérgicas, misturadas a registro de época, entrevistas de arquivos e takes atuais.

Claro que a história de Bob Weir está entrelaçada à do Grateful Dead, por consequência, o documentário biografa também a banda, nos dando a dimensão dos grandes shows nos anos 1980 e 1990, quando ironicamente viveram seu maior sucesso e se deu o endeusamento e a idolatria em torno de Jerrry Garcia.

Nessa época, o Grateful Dead viu confusões entre os fãs que iam a seus shows pela música e aqueles que iam pelo hype em torno de Garcia, que, por sua vez, se incomodava muito com o messianismo em torno de sua imagem.

Mais do que contar a história de Bob Weir, “The Other One: The Long Strange Trip of Bob Weir” mostra como a contra-cultura esteve viva e vibrante até os anos 1990.

Essencial!

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