Por Laira Arvelos
Uma foto de uma conhecida totalmente afetada pelo câncer, uma visita a uma tia que a muito tempo não via e que hoje mora sozinha em uma casa cheia de lembranças, conversas com meu pai e choro de irmã, motivos para falar sobre finitude, sobre memórias e sentimento, o que há de sobra neste curta. Doze minutos que me acompanharão para sempre.
“The House of Small Cubes”, uma pequena obra prima da curta-metragem, dramático, é uma animação japonesa criada por Kunio Katō em 2008. Ganhou alguns prêmios como o Grande Prêmio da Divisão de Animação, no Japan Media Arts Festival, e o Prêmio da Academia para Melhor Curta-Metragem de Animação em 2009, tornando-se assim o segundo filme anime a receber o prêmio depois de “A Viagem de Chihiro”.
“The House of Small Cubes”, uma pequena obra prima da curta-metragem concebida por Kunio Katō, e largamente premiada.
A história é bem simples: um velhinho viúvo que vive sozinho em uma pequena casa, localizada em uma cidade que é inundada cada dia mais pelo mar, constrói um novo andar cada vez que a água sobe. Um dia ele perde seu cachimbo favorito e decide então mergulhar para recuperá-lo e é neste momento que no surgimento de suas memórias, Kunio Kato nos leva a uma melancólica e nostálgica viagem ao passado.
A animação é magnifica, os desenhos como em aquarela, a passagem das cenas é como se estivéssemos em uma exposição de quadros, a nossa frente estão retratos de uma vida.
Uma obra de grande competência estética e poética que com extrema delicadeza, beleza e suavidade, nos leva a mergulhar na vida de um personagem e porque não uma introspecção na nossa própria vida?
A pequena história do velhinho viúvo que constrói um novo andar cada vez que a água sobe é uma alegoria de sensibilidade única, um retrato da vida em amplos simbolismos, enquadrando House of Small Cubes além do mero entretenimento…
A belíssima música de Kenji Kondo enche de verdade cada cena, triste, tocante, cativante, nos afogamos em beleza e solidão. É incrível como algumas obras sem linguagem verbal conseguem nos transmitir uma infinidade de coisas, um curta-poema em forma de metáfora sobre a memória, a vida, o tempo, o amor, a melancolia, a simplicidade.
Um retrato da vida em amplos simbolismos.
O exílio do personagem acaba abarcando quem assiste, assim nossas memórias se entrelaçam e seguem o mesmo fluxo. A cada tijolo que colocamos em nossas vidas, mais distantes ficamos de nosso passado. A água é o tempo que inunda a casa que é a vida, o que nos tem motivado a construir mais andares…
Confira o curta na íntegra, via Youtube… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=50-fWCXvhAY&w=560&h=315]
Caminhando contra a corrente, House of Small Cubes não é mero entretenimento, a partir de sua premissa simples, com imagens claras passa uma mensagem maior do que sua própria obra, uma mensagem tão necessária: quando o fio do tempo passa e nós vamos amontoando nossos cubinhos em nossas torres de lembrança o que nos motiva?
Quando pensamos em memórias ficamos mais perto das coisas e sentimentos que nos tornaram quem somos e o que estas fazem de nós. Uma reflexão sobre o passado, para nos dar sentido a seguir sempre em frente.
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