Testament – “The Gathering” (1999) | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado para ouvir: Sábado

Hora do dia indicada para ouvir: Dez da Noite.

Definição em um poucas palavras: Guitarra, Pesado².

Estilo do Artista: Thrash Metal.

Testament The Gathering
Testament: “The Gathering” (1999, Spitfire)

Comentário Geral: “Demonic” (1997) talvez seja o disco mais contestado da carreira do Testament. Todavia, como vimos nesta resenha dedicada a seu relançamento, sem ele não haveria o processo de amadurecimento e segurança dentro dos horizontes musicais do Testament que deram fruto ao grande disco de thrash metal do final dos anos 1990, “The Gathering” (1999).

Em “The Gathering” (1999), Chuck Billy e Eric Peterson desistiram de renomear a banda, juntaram um verdadeiro dream team do thrash metal, e equilibrariam muito bem o sonoridade clássica do Testament, à lá bay area, com pinceladas do death metal de “Demonic”, como podemos perceber na abertura avassaladora com “D.N.R” e a brutalidade groovada de “Down for Life”, e também mais adiante com “Legions of the Dead” “Fall of Sipledome”.

Além de Chuck e Eric, membros da fase clássica, se juntaram às fileiras do Testament o baterista Dave Lombardo, que fez história no Slayer, o baixista Steve DiGiorgio, um monstro do instrumento que marcou seu nome em alguns dos melhores discos do Death, e James Murphy, guitarrista preciso e técnico que já havia tocado no disco “Low” (1994), e em bandas como Death e Obituary.

Testament The Gathering
Testament – The Gathering (relançamento 2018, Shinigami Records, Nuclear Blast)

Com esse time em campo, o Testament forjou o disco de thrash metal moderno e que ainda dialoga fluidamente com grandes discos da história da banda. “True Believer”, o grande clássico do disco, por exemplo, poderia muito bem estar em “Practice What You Preach”  (1989).

Além disso, “3 Days In Darkness”, outro destaque absoluto de “The Gathering”, traz a vibe de “Low” (1994), com Chuck Billy voltando a resvalar nos vocais guturais (como em “Legions of the Dead”), tão contestados em “Demonic” (1997).

Ainda podemos ver que a cadenciada e climática “Eyes of Wrath” trazia um apelo diferente no início do álbum, com técnica e texturas bem trabalhadas, principalmente nos vocais, dando uma oxigenada no repertório que seguiria mais groovado, pesado e intenso nas faixas “True Believer”, “3 Days in Darkness”, e“Careful What You Wish For”.

Aliás, a disposição das faixas é feita de modo muito inteligente, mesclando abordagens, pesos e velocidades. Um começo acachapante, um tempo para recuperar o fôlego e depois oscilando entre peso e groove em faixas de altíssimo nível.

Falar dos nomes envolvidos no disco é mais que necessário. Lombardo apresenta um trabalho diferenciado, com linhas agressivas e um pesado apelo tribal. Ele até mesmo exibe alguns blast-beats à moda black metal, o que manteve a banda na escala de agressividade de antes.

Já Murphy desfila um de seus melhores momentos em estúdio, assim como Eric Peterson, com riffs e solos inspiradíssimos, bases violentas, e sobre a retomada das formas antigas nos vocais (como vemos em “3 Days in Darkness” “Sewn Shut Eyes”), Chuck Billy chegou a declarar ao site rockzeidt.dk que

“depois de uma pausa que se seguiu à turnê de ‘Demonic’ eu vi que não poderia cantar apenas vocais guturais o tempo todo. Então eu procurei voltar com o estilo que eu tinha antes”. 

 testament the gathering
O Testament não só remodelou sua forma de thrash metal, mas também redefiniu alguns parâmetros do gênero com “The Gathering”. 

Em “The Gathering”thrash metal melódico de outrora ainda era deixado escanteado em prol da brutalidade, num crossover melhor acabado com as formas mais extremas, quase num amálgama de “Low” “Demonic”.

Alem disso, este clássico antecipava muito da geometria estrutural usada para construir o thrash metal no próximo milênio, que seria modelada e teria suas arestas aparadas, guiados pelo peso e melodia das guitarras. O Testament não só remodelou sua forma de thrash metal, mas também redefiniu alguns parâmetros do gênero com “The Gathering”.

Aproveite que a Shinigami Records relançou esse material no Brasil de forma luxuosa, num belíssimo digipack com arte retrabalhada, e coloque mais esse clássico do thrash metal na coleção.

Ano: 1999.

Top 3:  “True Believer”, “Down for Life” e “3 Days In Darkness”.

Formação: Chuck Billy (vocal),  Steve DiGiorgio (baixo), Dave Lombardo (bateria), James Murphy e Eric Peterson (guitarras).

Disco Pai: Sadus – “Swallowed in Black” (1990).

Disco Irmão: Overkill – “Necroshine”  (1999).

Disco Filho: Legion of the Damned – “Malevolent Rapture” (2006).

Curiosidades: Antes da entrada de Dave Lombardo, a banda contava com as baquetas de Chris Kontos, do Machine Head, e a dupla Chuck Billy e Eric Peterson cogitaram a troca de nome após as críticas de “Demonic”, afinal, só os dois restaram da formação clássica.

Pra quem gosta de: Headbangin’, reunir os amigos, desfazer mudanças, e heavy metal que pesa uma tonelada..

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *