Sweet Oblivion – Resenha de “Sweet Oblivion feat. Geoff Tate” (2019)

 

Sweet Oblivion feat. Geoff Tate
Sweet Oblivion: “Sweet Oblivion feat. Geoff Tate” (2019 | Frontiers Music srl, Hellion Records) NOTA:9,0

Ninguém discute que Geoff Tate é um dos vocalistas mais talentosos da história do rock/metal, dono de uma interpretação ímpar e alcance vocal impressionante.

Porém, te faço um desafio: pense num disco excelente do vocalista Geoff Tate desde que ele saiu do Queensryche!

Conseguiu pensar?

Eu não!

Aliás, mesmo no Queensryche é difícil achar, com Tate nos vocais, um disco muito acima da média após “Empire” (1990). Com alguma boa vontade “Promised Land” (1994), o disco seguinte da banda.

Porém, à partir daí e até a chegada do vocalista Todd La Torre, a qualidade dos discos do Queensryche cai vertiginosamente.

Tudo bem, “Tribe” (2003) até trouxe uma fagulha de esperança, mas nada que se confirmasse. Tanto que em 2012 Geoff Tate saiu do Queensryche e iniciou um período de brigas judiciais, criando inclusive uma própria versão da banda.

Quando ele lançou o vexatório “Frequency Unknown” (2013) sob o nome Queensryche ainda estava aberta a disputa judicial pelo nome da banda.

Após um acordo, Tate mudou o nome de sua banda para Operation: Mindcrime, com a qual lançou três discos, sendo que o mais recente, “The New Reality” (2017), é o pior trabalho de toda a carreira do vocalista, incluindo aí seus medianos discos solo.

Esse longo histórico de duas décadas justifica minha pouca empolgação quando a Frontiers anunciou um novo projeto envolvendo Geoff Tate, o Sweet Oblivion.

Porém, o “selo Frontiers de qualidade” para resgatar ícones do hard rock/heavy metal/AOR me faz acreditar que poderíamos, enfim, ter uma resposta positiva e veemente para a pergunta que abre nosso texto.

A gravadora italiana juntou Geoff Tate com o compositor e guitarrista Simoni Mularoni, da banda DGM, conhecida por praticar um prog/power metal que guarda similaridades com Symphony X e Seventh Wonder.

No Sweet Oblivion, Simoni compôs, tocou, produziu e mixou todas as composições, o que gerou uma mistura instigante de prog rock com heavy metal tradicional, de perfeito encaixe ao timbre vocal de Geoff Tate, que está novamente brilhante dentro de uma sonoridade técnica, séria, dotada de ecos do passado, mas sem soar datado.

Aliado aos elementos de sua época dourada, temos refrões sensacionais e belíssimas linhas de voz que novamente empolgam o ouvinte, dentro de composições maduras e classudas, se mostrando extremamente versátil e mais engajado na combinação de peso e melodia.

Uma primeira audição nestas dez composições nos faz pensar numa redenção do vocalista, que volta com estilo ao prog metal claramente inclinado, mesmo que de modo inconsciente, a recriar por vias modernas o que o Queensyche fazia nos anos 1980.

Isso já fica claro na abertura “True Colors” (com peso nas bases e refrão certeiro) e mais a frente em “The Deceiver”.

Outra coisa que nos arrebata de imediato são as guitarras cativantes, com feeling e técnica, assim como os teclados que são eficientes na ambientação, mas se mostram competentes quando chamados ao primeiro plano dos arranjos.

Existem pinceladas de prog/power (como na dramática e climática “Hide Away”), como já era de esperar, que ajudam a renovar a fórmula, trazendo-a para a modernidade, lembrando, além do óbvio Queensryche, algo de Evergrey, mas tudo de forma extremamente cativante, como nos mostra “Behind Your Eyes”, com direito às características spoken words de Tate.

Todo o processo de criação do álbum foi feito de forma virtual, com trocas de arquivos. Simoni  e Tate nunca se encontraram, mas isso não tira a concisão do trabalho, pois os músicos que escudeiram Tate trazem a classe progressiva italiana correndo em suas veias (e pulsantes em passagens de “A Recess from My Fate” e de “Transition”), sendo capazes de criar uma identidade forte para o álbum.

O disco segue com alta qualidade, remetendo sim aos melhores momentos da carreira de Geoff Tate, sendo difícil até escolher destaques. Todas as faixas mencionadas acima, foram usadas apenas para embasar nossos argumentos.

Por isso, vou apenas indicar “Sweet Oblivion”, “My Last Story”, e “Seek the Light” como faixas que devem ser conferidas por você se ainda estiver na dúvida se vale a pena escutar mais esse disco de Geoff Tate.

Depois de se certificar que este Sweet Oblivion é a melhor coisa que o vocalista apresentou nos últimos vinte anos, pelo menos, aproveite que a Hellion Records lançou esse discaço por aqui e vá atrás do seu!

TRACK LIST

1. True Colors
2. Sweet Oblivion
3. Behind Your Eyes
4. Hide Away
5. My Last Story
6. A Recess from My Fate
7. Transition
8. Disconnect
9. The Deceiver
10. Seek the Light

FORMAÇÃO

Simone Mularoni (baixo e guitarra)
Paolo Caridi (bateria)
Emanuele Casali (teclados)
Geoff Tate (vocais)

Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Sweet Oblivion feat. Geoff Tate review band Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças

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