Savatage – “The Wake of Magellan” | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado Pra Ouvir: Domingo

Hora do dia indicada para ouvir: Oito da Noite

Definição em um poucas palavras: Conceitual, classudo, progressivo, metal

Estilo do Artista: Heavy Metal

Savatage - "The Wake of Magellan" (1997)
Savatage – “The Wake of Magellan” (1997 | 2019, Shinigami Records – relançamento)

Comentário Geral: O Savatage que chega a “The Wake of Magellan”, em 1997, já era bem diferente daquele que gravou “Hall of the Mountain King” (1987) ou “Gutter Ballet” (1989).

As maiores mudanças vinham na formação.

O baterista Steve Wacholz havia saído em 1994 e no ano anterior acontecera o fatídico acidente que vitimou Criss Oliva, um dos grandes talentos da guitarra norte-americana no heavy metal.

Para o lugar de Criss Oliva, num primeiro momento, veio o virtuoso Alex Skolnick, recém-saído do Testament, que gravou apenas o ótimo “Handful of Rain” (1994) e deu lugar a Al Pitrelli no álbum seguinte, “Dead Winter Dead” (1995), que também contava com o baterista Jeff Plate já fixo como membro oficial da banda.

E não parou por aí! Quando Alex Skolnick saiu do Savatage, Chris Caffery, guitarrista que estava na turnê do clássico Gutter Ballet” (1989), também foi chamado de volta para reforçar o line-up.

No âmbito dos lançamentos, entre 1995 e 1997 temos três compilações, até que no fim daquele ano chega o terceiro álbum conceitual do Savatage e segundo com a nova formação: “The Wake of Magellan”.

Nele o Savatage trazia uma proposta diferente para sua abordagem, rumando para algo mais progressivo, com um conceito que narra uma história bem ambientada pelas composições de Jon Oliva e a criatividade de Paul O’ Neil.

A primeira diferença que salta aos ouvidos é o uso maior de teclados. Sobre isso, Jon Oliva assumiu que foi ideia dele no intuito de soar diferente:

“Nós já tínhamos um som diferente. Quero dizer, nós já tínhamos um som diferente desde o início, mas era diferente, meu irmão estava na banda e eu cantava todas as músicas que eram pesadas. Fizemos isso por mais de dez anos e agora queríamos ter novas experiências musicais, tentar fazer uma música mais progressiva e incorporar novos insturmentos e novas melodias vocais.”

Colocando o álbum pra rolar, esse aspecto progressivo se faz presente desde a intro “The Ocean”, que já te impõe o clima melancólico e denso do conceito.

Aliás, cabe aqui um elogio à edição relançada do Brasil recentemente via Shinigami Records, pelo encarte contendo ricas ilustrações que nos remetem às de um texto antigo e permite mergulhar profundamente na narrativa.

Na sequência, “Welcome” vai nos mostrar que o Savatage explorará sua verve mais épica e grandiloquente para contar essa história inspirada história no marinheiro português, Fernão de Magalhães que decidiu terminar sua vida navegando com seu pequeno barco no Atlântico até afundar.

Até por esse conceito esse é um disco mais escuro, de peso emocional e carregado nas sombras da melancolia, e isso pode ser percebido em faixas como “Another Way” e na própria faixa-título, talvez a melhor composição do disco.

Por falar em destaque, “The Hourglass” apesar de ser outro destes, sempre me deixa a sensação de que o Savatage já estava mais para Trans-Siberian Orchestra do que para a própria essência por aqui.

Não seria exagero dizer que “The Wake of Magellan” é o disco mais emocional do Savatage, uma banda que já tinha encontrado o equilíbrio entre a dramaticidade e o peso, nos oferecendo um heavy metal rico em melodias grandiloquentes, arranjos talhados aos detalhes e linhas de guitarra impecáveis.

“Anymore”, “Turns to Me” e “Blackjack Guilhotine” são belos exemplos disso. Faixas épicas, melancólicas e envolventes como sempre foi a marca do Savatage, mas aqui ainda mais amadurecida e abrilhantada pelas linhas vocais. Aliás, outro ponto-chave para o que ouvimos aqui são as harmonias vocais de Zak Stevens e Jon Oliva.

Nesse disco o Savatage explorou mais possibilidades musicais impulsionadas pelo conceito, como é o caso do peso progressivo à lá Jethro Tull de “Morning Sun” (uma das melhores do disco), ou do apelo hard rock de “Paragons of Innocence” que lembra a teatralidade insana de Alice Cooper.

Já Complaint in the System” provava que o Savatage sabia exatamente a qual lugar do espaço-tempo musical esse disco pertencia.

Vale mencionar que Al Pitrelli desfila linhas emocionais de guitarra, dosando bem o peso e o feeling das influências que escolhe para criar seu próprio estilo que tem sim capacidade de impactar e emocionar, como em “The Storm”.

Porém, é fato irrefutável que mesmo contando com ótimos guitarristas e a orientação de Paul O’Neil e Jon Oliva, o brilho que falta por aqui é justamente o de Criss Oliva.

A relação biunívoca entre temática e musicalidade torna o resultado final ainda mais épico neste disco que certamente é um dos melhores da carreira do Savatage. E justamente por isso VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 1997

Top 3:  “The Wake of Magellan”, “Morning Sun” “Paragons of Innocence”

Formação: Jon Oliva (teclados e vocais), Chris Caffery (guitarra), Al Pitrelli (guitarra), Jeff Plate (bateria), Johnny Lee Middleton (baixo) e Zak Stevens (vocais).

Disco Pai:  Queen – “A Night at the Opera” (1975)

Disco Irmão: Trans-Siberian Orchestra – “The Christmas Attic” (1998)

Disco Filho: Jon Oliva’s Pain – “Festival” (2010)

Curiosidades: Em março de 1998, durante a turnê de “The Wake of Magellan”, o Savatage fez sua primeira turnê pelo Brasil e pela primeira vez na carreira executaram um set totalmente acústico.

Pra quem gosta de: Musicais da Broadway, heavy metal, história das grandes navegações e “Moby Dick” de Herman Melville

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