The Watchers – Resenha de “Black Abyss” (2018)

 

The Watchers - Black Abyss
The Watchers – “Black Abyss” (2018 | Hellion Records) NOTA:9,5

A banda de stoner metal The Watchers pode até ser nova, afinal foi  formada em 2016, nos Estados Unidos, mas o músicos que se juntaram em torno desse nome justificam a maturidade que ouvimos em “Black Abyss”, seu primeiro álbum, lançado no Brasil via Hellion Records.

O quarteto responsável por essas oito composições que cultuam demônios do heavy metal (a capa grita occult rock) conjurados por bandas como Black Sabbath, Saint Vitus, Trouble e Corrosion of Conformity, é formado por músicos experientes da cena.

Com destaque ao baterista Carter Kennedy (o que ele faz no disco é de arrepiar), oriundo da ótima banda Orchid, o The Watchers seria uma espécie de supergrupo do undeground norte-americano que investe no heavy rock guiado por riffs pesados, diabólicos e gordurosos, seção rítmica muscular (bateria presente e crua e baixo estonteante), melodias impressas por frequências graves, e alto volume.

E já chamam a atenção desde a primeira faixa, a mastodôntica “Black Abyss”.

O resultado dessa fórmula é uma música sinistra, cheia de energia, balanceando suas composições entre o peso acachapante e a energia cativante, recriando a organicidade e a textura do heavy rock valvulado dos anos 1970, desde as óbvias referências ao Black Sabbath, até a sutis ascendências melódicas de nomes como Thin Lizzy e Judas Priest, principalmente em alguns solos de guitarra.

Ouça “Oklahoma Black Magic”, “People of the Gun”, “Suffer Fool” (com os melhores arranjos do álbum) e “Seven Tenets”, e entenda o que eu quero dizer.

Por essas faixas percebemos como a fórmula ainda conseguiu imprimir no panorama roqueiro valvulado setentista algumas doses da abordagem noventista do gênero, seja pelo acinzentado melancólico do grunge, ou pela sujeira estradeira, oleada e desértica tão típicos do stoner norte-americano, lembrando vagamente algo de Kyuss e Alice In Chains.

Isso, de fato, é ainda mais evidente em “Allien Lust” , “Buzzard” (que chega a lembrar o Soundgarden da fase “Badmotorfinger” em certa medida), e “Startfire” por exemplo.

Não tem nada no lugar errado nesse disco. Cada faixa é mais empolgante que a anterior, cada nova harmonia, virada e riff geram alguma exaltação por parte do ouvinte.

Amparados por um trabalho de estúdio impecável, os caras praticaram com competência o que há de melhor no stoner metal, bem equilibrado em suas virtudes, sem exagerar nos detalhes ou se afogar em simplicidades, partindo de referências óbvias para construir uma personalidade musical forte, que exala conhecimento de causa até na dose homeopática do torpor lisérgico advindo das timbragens fuzzeadas.

Uma pena que só descobri esse disco agora, senão estaria dentre as escolhas da nossa lista de Melhores Discos de 2018 com folga!

FAIXAS

01. Black Abyss

02. Alien Lust

03. Oklahoma Black Magic

04. Buzzard

05. Starfire

06. People Of The Gun

07. Suffer Fool

08. Seven Tenets

FORMAÇÃO

Cornbread (baixo)
Carter Kennedy (bateria)
Jeremy Von Eppic (guitarra)
Tim Narducci (vocais)

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *