Quiet Riot – Resenha de “Hollywood Cowboys” (2019)

 

Quiet Riot - Hollywood Cowboys (2019, Shinigami Records)
Quiet Riot – “Hollywood Cowboys” (2019, Shinigami Records)

O Quiet Riot de “Hollywood Cowboys” (disco lançado no Brasil via Shinigami Records) já não é mesmo de “Metal Health” (1983) e “Condition Critical” (1984).

À começar pela formação que não tem mais nenhum membro fundador, e da sua fase áurea, quando foi a primeira banda do hard rock/heavy metal a liderar as paradas norte-americanas, apenas o (hoje saudoso) baterista Frankie Banali permanecia no time.

Após a trágica morte de Kevin DuBrow, Frankie Banali decidiu seguir em frente com a banda, com a bênção e apoio da família do fundador e vocalista do Quiet Riot.

Além de Banali, completam a formação presente em “Hollywood Cowboys” o veterano baixista Chuck Wright (que está na banda desde 1985 com algumas idas e voltas), o guitarrista Alex Grossi (na banda desde 2004) e o poderoso vocalista James Durbin, que fez sua estreia no álbum predecessor “Road Rage”.

Vamos voltar um pouco no tempo para desenvolver nosso argumento.

Sem dúvidas, o Quiet Riot é uma banda importantíssima dentro do hard rock/heavy metal. Lançou discos históricos e revelou ninguém menos que o guitarrista Randy Rhoads.

Mas vamos cutucar a ferida: desde “QR III” (1986) a banda não ofereceu um disco que empolgasse de verdade. Talvez, “Rehab” (2006). Talvez…

Até por isso, não dá pra medir esse “Hollywood Cowboys”, seu décimo quarto álbum de estúdio, com a régua de seus três clássicos oitentistas. É injusto!

Mesmo porque é necessário exaltar o esforço e a vontade de Frankie Banali em manter a chama da banda acesa e produzindo.

Isso posto e analisando friamente, “Hollywood Cowboys” é um disco com mais acertos do que defeitos, mostrando evolução mesmo com uma clara continuidade daquilo que já tínhamos ouvido em “Road Rage” (2017).

Apenas a produção continua duvidosa, mesmo sendo um lançamento via Frontiers Records, um selo conhecido pela excelência e atenção com o trabalho de estúdio.

O que nos leva a concluir que essa sonoridade diletante de demo tape é opcional, afinal a produção é assinada pelo próprio Frankie Banali.

E essa produção continua minando as composições. Como é o caso de “The Devil That You Know”, “Insanity”, “Hellbender” e “Heartbreak City”, faixas com potencial pra serem hard rocks de primeira, mas a evidente falta de direcionamento deixou-as como um xerox do que poderiam realmente ser.

A bateria crua e as guitarras abafadas só potencializam o aspecto datado da proposta oitentista do Quiet Riot, fazendo a produção do primeiro disco do Motley Crue soar moderna se comparado ao que ouvimos aqui.

Mesmo assim, musicalmente, “Hollywood Cowboys” recupera um pouco do brilho perdido em “Road Rage”, principalmente quando ousa romper com os clichês e cruzar as barreiras estílicas, como em “Roll On” e seu apelo bluesy (de longe, mas de longe, a melhor do disco) e “Holding On” pela malícia hard rock à lá Whitesnake.

Músicas como “Don’t Call It Love” (abertura cadenciada e com ótimo refrão), “Last Outcast”, “Wild Horses”“Change or Die” representam uma verdade geral sobre o disco: é um fruto de uma banda incapaz de se renovar, e que continua pregando clichês apenas para convertidos saudositas do hard rock oitentista.

Tudo bem que muitas vezes essa fórmula funciona!

Com um melhor trabalho em estúdio funcionaria ainda mais.

Por outro lado, nem a produção certa salvaria “In the Blood” “Arrows” do limbo do mal gosto musical.

Os bons vocais de James Durbin são o destaque do disco e se encaixaram melhor à musicalidade atual do Quiet Riot. Ele consegue mostrar sua versatilidade e amplitude vocal, por vezes remetendo a Mark Slaughter em composições que agora ele ajudou a compor.

Cabe registro de que Durbin deixou o Quiet Riot dois meses antes do lançamento do álbum, sendo substituído por Jizzy Pearl, que já havia gravado o álbum “Quiet Riot 10” (2014).

Porém, a lamentável morte de Frankie Banali devido a um câncer no pâncreas em agosto de 2020 deve fazer deste “Hollywood Cowboys” o último disco do Quiet Riot.

FAIXAS:

1. Don’t Call It Love
2. In The Blood
3. Heartbreak City
4. The Devil That You Know
5. Change Or Die
6. Roll On
7. Insanity
8. Hellbender
9. Wild Horses
10. Holding On
11. Last Outcast
12. Arrows And Angels

FORMAÇÃO

Frankie Banali »» bateria
Alex Grossi »» guitarra
Chuck Wright »» baixo
James Durbin »» vocal

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