Nirvana | Os 5 discos que redefiniram os rumos do Rock!

 

O Nirvana mudou o rumo do rock na década de 1990 e neste artigo você confere uma rápida análise de seus cinco álbuns que redefiniram o estilo em sua última década de auge!

Nirvana- discografia- grunge- rock

O Nirvana é uma das maiores e mais influentes bandas da história da música, responsável por popularizar o grunge, trazendo à reboque boas bandas que ajudaram a obliterar os excessos e frivolidades das bandas oitentistas, principalmente de hair metal. Formado em 1987, o Nirvana praticamente encapsulou a música alternativa e moldou-a para o mainstream, pegando a indústria musical de surpresa e se tornando parte da cultura pop.

Oriunda de Aberdeen, perto de Seattle, o Nirvana, assim como o Soundgarden, fazia parte da cena underground pós-punk centrada na K Records de Olympia, Washington, antes de gravar seu primeiro single, “Love Buzz” (1988), e o álbum “Bleach” (1989), para a Sub Pop, uma gravadora independente de Seattle. O Nirvana basicamente apostava num rock n’ roll afiado que misturava o pop dos anos 1960 e heavy metal dos anos 1970 e o alternativo oitentista (como se Beatles, Boston, Black Sabbath, Pixies, Vaselines e Meat Puppets se fundissem com energia em acordes básicos).

Com o hino noventista “Smells Like Teen Spirit” eles refinaram esta proposta, mudaram a história do rock, e ofereceram a primeira expressão completa das preocupações punk a alcançar o sucesso no mercado de massa nos Estados Unidos, levando o espírito punk rock e letras abstratas a capturarem a imaginação da juventude cada vez mais descontente da geração X, até o fatídico suicídio de Kurt Cobain em 1994.

Neste artigo vamos passear pelos cinco principais discos da carreira do Nirvana e entender como uma banda tão iconoclasta, agressiva e contra-cultural se tornou a última das super bandas da história do rock!

BLEACH (1989)

Neste primeiro disco o Nirvana ainda era uma banda independente, até por isso, as faixas aqui presentes encapsulam toda a crueza e rebeldia que uma fusão de punk e proto-metal com rock alternativo poderia oferecer no final da década de 1980.

Nirvana - Bleach
Nirvana – Capa do álbum “Bleach”, lançado em 1989.

“Bleach” foi gravado em Seattle no Reciprocal Recording de 24 a 29 de dezembro de 1988, sob a produção de Jack Endino, com custo total de pouco mais de seiscentos dólares. As primeiras 1000 cópias deste primeiro disco do Nirvana foram lançadas em vinil branco pelo selo Tupelo e as duas mil seguintes traziam um poster como brinde. A foto da capa foi feita por Tracy Marander.

Obviamente, o quarteto formado por Kurt Cobain (vocal e guitarra), Chris Novoselic (baixo), Chad Channing (bateria – apesar de Dale Crover ter gravado a bateria de algumas das músicas) e Jason Everman (guitarra – que não tocou no disco, mas foi registrado pois financiou a gravação) ainda estava longe da lapidação que proporia nos próximos discos, e até por isso, faixas de destaque como “Blew”, “About a Girl”, “Love Buzz” (um cover do Shocking Blue, composto por Robby Van Leeuwen), “School” (uma música que falava sobra a onda de incesto em Seattle) e “Negative Creep” são tiros rápidos, mas de grande impacto.

A produção de Jack Endino tinha como missão tornar o som original do Nirvana mais acessível e comercial. Mesmo assim, se você quer ouvir o Nirvana em sua forma mais crua e nada comercial é por aqui que deve seguir! Após o sucesso do álbum seguinte, “Nevermind”, “Bleach” seira relançado em CD pela Geffen em 1992 e seria aclamado como um clássico do rock alternativo.

NEVERMIND (1991)

O grande disco de rock dos anos 1990? Sim, talvez. Metallica e Guns N’ Roses ofereciam uma boa luta pelo posto, mas creio que considerar “Nevermind” o disco mais importante da década para o gênero não ofenderia tanto assim os fãs de “Ok Computer”, do Radiohead.

Isso porque “Nevermind” é inteiro um clássico! O mais interessante é que este disco pulou para o topo das paradas de modo orgânico e instantâneo, sem divulgação em rádios ou na televisão, após ser lançado em 24 de setembro de 1991, numa quase reedição do do-it-yourself do punk setentista.

Nirvana - Nevermind
Nirvana – capa do álbum “Nevermind”, lançado em setembro de 1991.

O repertório, produzido por Butch Vig e masterizado por Andy Wallace, seguia uma fórmula provocativa de melodia e agressividade, baseada em timbragens ora limpas, ora distorcidas e explosões emocionais em contrastes com vales de calmaria melódica. “Smells Like Teen Spirit” entrega a fórmula já no primeiro momento do disco, uma faixa que Kurt confessou ter sido inspirada por “More Than A Feeling”, do Boston em entrevista à Rolling Stone na época.

Aliás, “More Than A Feeling” e a forma alternativa do rock praticada pelo Pixies foram as inspirações apontadas pelo líder do Nirvana na entrevista como modelos seguidos para conjurar “Nevermind”, um disco que ainda traz momentos brilhantes como “Come As You Are”, “In Bloom” (uma crítica para as pessoas que escutava a música do Nirvana sem pensar sobre as letras), “Lithium”, “Polly”, “On a Plain” e a genialidade depressiva de “Something In The Way”, uma faixa acústica composta com apenas dois acordes basilares, trazendo o violoncelo de Kirk Canning, e onde Kurt parece querer encarnar uma versão de seu ídolo Leadbelly.

Por isso tudo, “Nevermind” é um disco fundamental para entender o que aconteceu com o som alternativo na virada para a década de 1990, principalmente pela contundência e simplicidades das letras ácidas. Gravado entre maio e junho de 1991, no Sound City Studios, na Califórnia, ele capturava a essência da época, seja no projeto gráfico, na mensagem das letras ou na estética musical.

Outro ponto importante é que a formação sofria alterações e agora o Nirvana era apenas um trio com o novato Dave Grohl na bateria ao lado dos remanescentes Kurt Cobain e Chris Novoselic, construindo aquela que é considerada sua formação clássica. Dave Grohl esteve nos últimos quatro anos do Nirvana e, apesar de ser menos valorizado que outros membros do trio, foi peça chave para a injeção de energia positiva que equalizava com a densidade melancólica e raivosa emanada por Kurt Cobain.

Uma curiosidade interessante sobre “Nevermind” é o fato de que algumas lojas norte-americanas se recusaram a vender o disco com esta capa e colocaram uma tarja preta no pênis do bebê. A foto da capa foi tirada por Kirk Weddle. Outra é que a edição norte-americana do CD trazia no fim uma faixa chamada “Endless Nameless”, que rola depois de dez minutos, e é puro experimentalismo instrumental gravada num momento em que eles não conseguiam acertar “Lithium”.

Em suma, “Nevermind” foi o disco que explodiu todo o sucesso do grunge, levando à reboque um enumerado de boas bandas que rompiam com as frivolidades e excessos (para o bem ou para o mal) das bandas oitentistas, como uma avalanche que mudou o panorama do rock na década de 1990. A partir daqui, cravaram o grunge como um estilo musical a ser respeitado.

INCESTICIDE (1992)

A explosão do sucesso de “Nevermind” pegou a gravadora e a banda de surpresa. No auge da popularidade no Nirvana eles estavam longe de ter um novo disco para dar aos ávidos consumidores conquistados no disco anterior. O mais óbvio era pegar todas as sobras de estúdio decentes que tivessem e lançar como uma coletânea. E assim nasceu “Incesticide” um excelente material que é muito subestimado na discografia do Nirvana, lançado em 15 de dezembro de 1992.

Nirvana - Incesticide
Nirvana – Capa do disco “Incesticide”, lançado em dezembro de 1992.

Todas as músicas aqui apresentadas já estavam prontas e gravadas, mas não foram aproveitadas anteriormente, donde podemos destacar “Sliver” (com letra simples e ácida), “Been a Son”, “(New Wave) Polly” (uma versão mais acelerada da versão original gravada na Inglaterra, num programa da rádio BBC), “Aneurysm” “Molly’s Lips” (da banda Vaselines), representantes de um repertório que mostra o Nirvana eu seu estado mais puro.

Quando o próximo álbum de estúdio chegasse, o Nirvana já era uma banda grande e “Incesticide” foi um fator importante para manter o hype em torno de Kurt Cobain como um um príncipe feérico em trajes rotos acompanhado de seus asseclas na missão de continuar o legado debochado e rebelde dos Sex Pistols, mas com mais honestidade e angústia.

Na verdade, esta necessidade de novo material do Nirvana após a explosão de sucesso de “Nevermind”, gerou outras coletâneas como “Hormoaning” (1991), lançada na Austrália, com alguns registros ao vivo e outros de sobras de estúdio, com destaque às versões de “Turnaround”, do Devo, e “Son of a Gun”, do Vaselines, ambas gravadas na BBC, no lendário John Peel Sessions, as mesmas versões que estão registradas em “Incesticide”.

IN UTERO (1993)

“In Utero”, lançado em 1993 (em 21 de setembro nos Estados Unidos e sete dias antes no restante do mundo), dois anos após “Nevermind”, apresentava uma banda mais amadurecida, evoluindo da fórmula minimalista das composições anteriores, além de estar amparada pela excelente produção de Steve Albini. As gravações ocorreram em março de 1993 no Pachyderm Studios em Minneapolis.

Nirvana - In Utero ((1993)
Nirvana – Capa do disco “In Utero” (1993)

Foi justamente com esse disco que o Nirvana mostrou que podia ir além de um trio capitaneado por um príncipe feérico em trajes boquirrotos que ia pouco além de um mimetismo “sexpistolsniano”, enquanto caminhava musicalmente de modo medíocre “tentando encarnar o Pixies”, como o próprio Cobain assumiria mais tarde: “Nós usamos o seu senso de dinâmica, sendo suave e quieto e então pesado e alto”.

Não que em “In Utero” o Nirvana tenha diminuído sua rebeldia quase inconsequentemente. Faixas como “Rape Me” (inspirada no romance “O Perfume” de Patrick Suskind), “Serve the Servantes” (dando o recado já de saída numa espécie de autobiografia da banda), “Scentlesss Apprentice” e “Tourett’s”, estão aqui para nos lembrar disso. Porém, não há como negar que “Dumb”, “Pennyroyal Tea”, “All Apologies” e o grande hit do disco, “Heat Shapped Box” mostravam que a banda podia mais, ampliando seus horizontes musicais, sem perder a acidez e o impacto das letras.

Portanto, mostraram que era possível evoluir sem ceder às condições impostas pelo mundo da música pop ou se valer de clichês da indústria fonográfica. O Nirvana lançava um novo disco, fazia ainda mais sucesso e a atitude continuava a mesma. Infelizmente, o suicídio de Kurt Cobain em abril de 1994 pôs fim à banda mais meteórica dos anos 1990, deixando “In Utero” como o último álbum de estúdio do Nirvana, um dos grandes nomes do rock.  Porém, mesmo postumamente, seu último disco, gravado acústico seria ainda mais lendário!

UNPLUGGED IN NEW YORK (1994)

O acústico promovido pela MTv era uma série de sucesso nos anos 1990, e o Nirvana era uma banda que não se encaixava no formato “banquinho e violão”, pois suas apresentações eram sempre muito explosivas e imprevisíveis. Era difícil acreditar que Kurt Cobain acalmaria sua fúria destrutiva sobre o palco e declamaria calmamente seus versos ácidos sentado e comedido. Ele não só fez isso, como gravou um dos melhores discos acústicos de todos os tempos.

Nirvana - Unplugged In New York
Nirvana – capa do álbum “Unplugged In New York”, lançado em 1994.

O sucesso deste disco se dá não só pelo apelo causado pela trágica morte de Kurt Cobain, mas pelo repertório que resgatou faixas ignoradas de sua discografia, como “About A Girl”, por exemplo, que se tornou um clássico em sua versão acústica, além de ser completado quase que em sua metade por covers excelentes de David Bowie (“The Man Who Sold The World” com Lori Goldston tocando violoncelo), Meat Puppets (“Plateau”, “Oh Me”, “Lake of Fire”, todas com Curt Kirkwood, do próprio Meat Puppets, tocando guitarra e fazendo backing vocals), Vaselines (“Jesus Doesn’t Want Me For A Sunbeam”, onde Chris Novoselic toca acordeon e Lori Goldston novamente toca violoncelo), e Leadbelly (“Where Did You Sleep Last Night”), que, de fato, são os melhores momentos do show!

O disco que registrou esta apresentação acústica chegou poucos meses depois do suicídio de Kurt Cobain (mais precisamente em 31 de outubro de 1994) que não viu-o ser aclamado pela crítica e o sucesso de público que angariou. Além disso, o disco ainda chamava a atenção pela adição de mais um guitarrista, Pat Semar, que depois acompanharia o baterista em sua jornada com o Foo Fighters.

Oficialmente ainda teríamos o disco ao vivo “From the Muddy Banks of Wishkah” lançado postumamente em 1996, mas aí o Nirvana já era página virada no mercado fonográfico. Estes cinco discos do Nirvana são aqueles que fizeram a história da banda de Seattle. Por isso, e por termos dedicado um artigo inteiramente a ele (que você lê aqui), deixamos este disco ao vivo de fora de nossa lista.

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