Nails – “You Will Never Be One of Us” (2016) | Resenha

 

O que o trio norte-americano Nails apresenta em “You Will Never Be One of Us” é uma exploração quase acadêmica da música pesada e brutal.

Abaixo você lê nossa resenha deste disco lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast.

Nails - You Will Never Be One Of Us (2016, Nuclear Blast, Shinigami Records) Resenha Review

Pense, quando foi a última vez que você ouviu um álbum de música pesada, com oito composições dispostas ao longo de vinte e dois minutos, onde a faixa de encerramento tem oito minutos (mais de um terço do tempo do álbum)? Pois é, eu também nunca! E só por isso sua curiosidade já deveria estar aguçada por ouvir “You Will Never Be One of Us”, terceiro álbum do Nails, uma banda de Hardcore/Punk norte-americana que está impressionando até mesmo o mais exigente fã de Metal Extremo.

Afinal, isso aqui é selvageria total, indistinta, e inconsequente, mas com um toque de arte, já presente na capa, e que musicalmente se justifica no fascínio profano pelo estranho, pelo extravagante, pelo exótico, e pela violência sistemática! Uma violação das “regras” do Punk e do Metal, já estampada na faixa título, nos 45 segundos de “Friend To All”, e nos 55 segundos de “Made To Make You Fail”, trinca que abre o álbum com um ritmo à lá Napalm Death!

Estruturalmente, sua fórmula tem contornos que beiram a exploração acadêmica da música pesada e brutal, pois reconstruíram o metal extremo à partir da geometria punk, sobrepondo camadas e texturas de peso e velocidade.

Enquanto a destruição grind de “Into Quietus”, “Parasite”, “In Pain” se propagam, vemos exatamente esta investigação brutal através do groove primitivo oriundo do punk, e dos empirismos metálicos, que estão contornado por guitarras timbradas à moda do Death Metal escandinavo.

Além disso, a capa remete à estética Black Metal, enquanto a sonoridade traz uma amálgama de Thrash e Death Metal, brutal, veloz, intrincado, cativante, acachapante e nada pomposo, ou requintado. Nesse sentido, faixas como “Savage Intolerance”  e “They Come Crawling Back” (uma obra-prima de oito minutos de pura brutalidade moldada pela criatividade atonal) parecem ter o poder de distorcer a linearidade temporal, pois apresentam tempos psicológicos diferentes dos marcado pelo relógio, tamanha suas densidades.

Como ferreiros de suas próprias armas, fundiram Minor Threat, Discharge, Napalm Death, Slayer e Sepultura, em doses variadas e diferentes ao longo destas faixas (como bem exemplificam “Violence Id Forever” e “Life Is A Death Sentence”), formando um ataque homogêneo, impiedoso, e moderno, que intimida pela selvageria latente extraída de obras seminais do Metal Extremo, e utilizadas como pontos de partida de novas composições alinhavadas pelo ritmo e pelas guitarras de riffs marcantes.

Um álbum vanguardista (por que, não?), muito punk para ser metal e muito selvagem para ser progressivo, longe do egocentrismo que assola a cena internacional metálica na atualidade, principalmente em nomes que encarnam uma inventividade maior em sua proposta, e que soam pretensiosas se pareadas com o caráter direto de “You Will Never Be One of Us”.

Sim, é um trabalho curto, mas com brutalidade concentrada, que arrebata o ouvinte já na primeira audição, pois coloca-o atordoado, à beira de um abismo de silêncio que se escancara aos seus pés logo que a peça musical finda.

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