Mustang – “Oxymoro” (2004) | Você Devia Ouvir Isto

 

Confira a proposta desta seção aqui

Dia Indicado Pra Ouvir: Terça-Feira;

Hora do dia indicada para ouvir: Nove da Noite;

Definição em um poucas palavras: Adulto, Atitude, Contra Tudo Isso Que está aí, Guitarra, Psicodélico, Punk, Retrô, Urbano.

Estilo do Artista: Classic Rock

Mustang:
Mustang: “Oxymoro” (2004, Monstro Discos)

Comentário Geral:  A canção “Muito Além” abre este álbum forjada num rock n’ roll visceral, de espírito punk e guitarras endiabradas, mostrando que Carlos Lopes, o histórico Carlos Vândalo da banda Dorsal Atlântica, estava respirando novos ares musicais no início do novo milênio.

O músico já havia caído de cabeça no funk tipicamente americano – de nomes como Funkadelic e Parilament – com o Usina Le Blonde e, em 2004, nos apresentava a segunda aventura de sua nova viagem musical, o Mustang, calcado numa mistura de proto-punk, rock clássico, power pop e psicodelia.

Em algumas entrevistas da época, Carlos dizia que “estas bandas surgiram como um processo alquímico de libertação”. O primeiro álbum do Mustang, Rock n’ Roll Junk Food (2003), era um verdadeiro desfile de riffs construídos sobre uma base rock n’ roll rebelde e consistente que é mantida neste segundo álbum, Oxymoro, mas agora vem adornada por elementos diversos.

Confira a banda atacando com “Rosana Está?” na TV…

O produto final em Oxymoro é um envolvente conjunto de canções diferenciadas, que transita com fluidez do power pop às guitarras endiabradas e solos orgásticos, dando variabilidade oxigenante às composições, que transpiram musicalidade.

É verdade que alguns vocais de Carlos ainda possuem certos cacoetes da abordagem metálica de outrora, mas já se mostram mais sutis neste segundo trabalho.

As letras cotidianas, ácidas, sarcásticas, incisivas e confrontadoras são exuberantes, formatando verdadeiras crônicas modernas emolduradas por guitarras de sonoridade mais minimalista em termos de efeitos e distorção, aproximando-se da limpidez do violão.

Neste contexto, o power-trio executa de modo eficiente se amálgama de rock n’ roll e o power pop das décadas de 1960 e 1970, inspirando-se em nomes como MC5, Stooges, The Who, Rolling Stones, Thin Lizzy, The Jam e UFO, com postura musical de esquerda e enfeites típicos da contestação inerente ao glam rock.

Dentre as 19 faixas (15 originais e 4 versões em inglês), os destaques ficam para “Rosana Está?” (de cadência power pop sessentista e versos inspirados no preconceito sofrido por um travesti), “Tudo Pelo Dinheiro” (de guitarras transbordando psicodelia e leves toques de jovem guarda nos teclados), “Contato” (de ótimo groove, progressões surf music e final orgástico), “Gilmore Girls” (uma balada acústica, de refrão pop, que fala de uma série de Tv e traz referências diretas aos Beatles no desfecho), “Sem Mulher, Sem Dinheiro” (blues rock malicioso que remete um pouco à histórica banda nacional O Peso), “Caridade” (uma festa de andamentos variados e musicalidade latente, além de letra desconcertantemente atual) e “Amor Pansexual” (balada psicodélica de letra surreal).

O fãs do Dorsal Atlântica não devem compará-lo com o Mustang, mesmo com Carlos dizendo que “o Mustang é um milhão de vezes melhor do que o Dorsal Atlântica”, pois a abordagem musical é diferente, tendo somente o velho Carlos Vândalo como ligação entre as duas bandas.

Todavia, a excelência musical aqui presente, como produto da reinvenção de um músico que sempre se mostrou vanguardista e inconformado como status quo, corrobora que, definitivamente, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 2004;

Top 3: “Rosana Está”, “Caridade” e “Amor Pansexual”.

Formação:  Carlos Lopes (vocais e guitarras),  Américo Mortágua (bateria e percussão), Wlad Vieira(baixo),  Rotieh Ortseam [Maestro Heitor] (teclado).

Disco Pai:  Mutantes: O Jardim Elétrico (1971).

Disco Irmão:  Usina Le Blonde: Usina Le Blonde (2002).

Disco Filho:  Mustang: Tá Tudo Mudando, Mas Nem Sempre Pra Melhor (2006).

Curiosidades: Oxymoro é uma expressão usada pelo guitarrista do MC5, Wayne Kreamer, para simbolizar uma ideia que, insistentemente repetida, reforça um conceito aparentemente antagônico.

Segundo Carlos Lopes, “o nome Oxymoro é uma conjunção de duas palavras, gerando uma expressão aparentemente antagônica, filho do sarcasmo puro”.

Pra quem gosta de: power-trios, Che Guevara, garage rock, coca-cola, tênis all-star vermelho e revoltas em geral.

Mustang Oxymoro

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