Confira nossa resenha completa para o CD duplo que contém o áudio deste DVD, aqui…
Antes de mais nada, um agradecimento pessoal à Shinigami Records por ter trazido esta obra de arte para o Brasil!
Isso posto, se você se dirigiu ao texto com a resenha do CD duplo “Marbles in the Park” deve ter estranhado o fato das notas serem diferentes. Essa distância entre as avaliações vem de algo que nem Aaron Copland, em seu livro “Como Ouvir e Entender Musica” (publicado em 1939), conseguiu prever quando enumerou os planos de absorção da música.
Copland, proclamado Decano dos Compositores Americanos e laureado com Prêmio Pulitzer de Música, em 1945, ou seja, alguém que se destacou largamente no meio musical no século XX, nos ensinou que estes três planos eram distintos, e este trabalho do Marillion já contemplava-os na versão em CD, nos envolvendo pelo prazer do som do “plano sensível”, e se esmerava nas melodias, ritmos, harmonias, e timbres do plano “puramente musical”.
A diferença entre as notas para o mesmo show em plataformas diferentes está em algo que foge aos ensinamentos de Copland, no que tange ao plano “expressivo”, aquele onde o artista cria um “determinado mundo emocional” a partir dos sentimentos que sua música transmite. E esta versão em DVD de “Marbles In The Park”, que traz a execução na íntegra de um dos álbuns mais emocionais da carreira da banda, “Marbles”, de 2004, é o perfeito exemplo de como este plano musical é ainda mais amplificado pelo inclusão da imagem!
Steve Hogarth é, claramente, a alma da exploração melódica e emocional do Marillion, com versatilidade na interpretação, presença de palco vibrante e cativante, e performance (carregada de dramaticidade teatral em gestos e vozes) arrepiante.
Afinal, aqui, a voz amadurecida de Steve Hogarth se torna ainda mais impactante quando podemos perceber sua capacidade de interpretação, carregada de dramaticidade, e com presença de palco vibrante e cativante. Indiscutivelmente, mesmo que cercado de músicos de primeira linha, como Steve Rothery ou Mark Kelly, ele é a alma da exploração melódica emocional do Marillion, com uma versatilidade e performance (carregada de teatralidade em gestos e vozes) arrepiantes.
Pare um minuto e preste total atenção ao que ele faz em “The Invisible Man”, primeira música do show, e garanto que o espetáculo de luz e som que se prolongará por todo a apresentação te prenderá até a última canção, “Sounds That Can’t Be Made”.
Confira a performance da belíssima “Fantastic Place”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=nzimPCMbXvQ&w=560&h=315]
Nesse ínterim, músicas que já se destacavam na versão em CD, como “Neverland”, “The Damage”, os três andamentos da faixa “Marbles”, e “Fantastic Place” ganham ainda mais impacto quando a magia musical se entrelaça a luzes e efeitos visuais, conferindo uma maior compreensão do que querem transmitir com sua arte, pelo maior poder de aclimatação.
Mas isso também eleva composições que passavam relativamente despercebidas como “The Only Unforgivable Thing”, “Ocean Cloud” (essa composição é magnífica), “Angelina”, e “Don’t Hurt Youself”, além de nos mostrar como o público procura guardar cada detalhe com a retina fixa no palco, hipnotizados pela experiência e pela viagem musical, oscilando entre a efusividade e a contemplação.
Ou seja, temos uma banda cercada por admiradores apaixonados, tocando um dos álbuns mais emocionais de sua carreira, afinal, “Marbles In The Park”, registra um show realizado em em 21 março de 2015, no Center Parcs, Port Zélande, na Holanda, parte do evento intitulado Marillion Weekend (realizado desde de 2002), onde a banda apresentou, em três noites sucessivas, três set lists diferentes, com álbuns tocados na íntegra, músicas favoritas dos fãs e raridades.
Confira a performance de “You’re Gone”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=Xj_aj_v6qxo&w=560&h=315]
E alheio a Hogarth, não espere uma performance explosiva no palco, afinal isto aqui é um recital à moda Neo Prog! Steve Rothery é o maestro, um impávido gigante ao canto do palco que guia as melodias das composições junto aos teclados de Mark Kelly, por sua vez responsável pela aclimatação e pelos detalhes modernos, enquanto o virtuoso e versátil baixista Pete Trewavas sustenta as harmonias junto ao baterista Ian Mosley, mas sem se privar de seus momentos de protagonismo.
Por fim, obviamente o áudio está ainda mais refinado nesta edição em DVD, com mais amplitude e detalhamento dos instrumentos, algo imprescindível para apreciar a música do Marillion, uma banda cativante, formada por músicos de alta técnica e com total domínio de sua arte.
Um espetáculo sensorial, muito bem captado em imagem e som!
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