Não posso dizer que este livro foi uma decepção, mas também não passa de um mediano roteiro de séries de Tv como “CSI”, “ER” ou “Bones”, romanceado, e atolado de clichês.
Na verdade, vou dizer que foi uma decepção sim, pelos quatro primeiros capítulos que prometiam um inteligentíssimo suspense policial, com um intrigante serial killer, mas que evoluiu para um romance típico de séries policiais produzidas em série hoje em dia, e atolada de clichês.
Na trama de Tess Gerritsen, que envolve violência sexual, tortura física e psicológica, e universo policial, somos apresentados a um serial killer cruel, que entra na casa de suas vítimas mulheres durante a madrugada, e com precisão arranca o útero das vítimas.
Os jornais de Boston passam então a chamá-lo de ‘O Cirurgião’, um serial killer atemorizante que completa o quadrilátero de personagens principais com a Dra. Catherine Cordell (um alvo claro do assassino) e os detetives Thomas Moore e Jane Rizzoli.
A escrita, aos meus olhos é direta nos que tange a trama policial, mas maçante em momentos mais direcionados aos detalhes médicos (principalmente do cotidiano da dr. Cordell) e às reflexões que possuem sua importância social. A autora se demora pra chegar em obviedades criativas, abraçando digressões pouco relevantes à história, realizadas de uma forma enfadonha e… atolada de clichês.
De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos Estados Unidos e formou-se em medicina na Universidade da Califórnia. Após o nascimento dos filhos, começou a escrever ficção, e com o sucesso alcançado, a autora desistiu da carreira em medicina e dedicou-se à escrita a tempo integral.
Esses momentos mais mornos acabam quebrando o ritmo da leitura, principalmente à partir da metade do livro, pois cria um efeito sanfona na dinâmica da narrativa, que parece mais inclinada a discutir os problemas do universo feminino (não que isso seja desimportante), do que desenvolver uma trama de mistério e suspense concisa.
O detalhamento explícito dos procedimentos cirúrgicos, e da anatomia humana, soam exagerados, principalmente àqueles não acostumados e desinteressados ao tema. É possível trabalhar estes elementos de modo menos agressivo, afinal elas pouco contribuem para a construção do assassino, e somente preenchem páginas inócuas de uma trama rasa e… atolada de clichês.
Acredito que formas sugestivas e implícitas funcionam melhor nesse tipo de livro. Em todo caso, esse artifício se explica pela natureza profissional da autora. De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos Estados Unidos e formou-se em medicina na Universidade da Califórnia. Após o nascimento dos filhos, começou a escrever ficção, e com o sucesso alcançado, a autora desistiu da carreira em medicina e dedicou-se à escrita a tempo integral.
O desfecho de “O Cirurgião” é previsível (deduzi o assassino antes da metade do livro), e o estratagema final utilizado na captura da Dra. Cordell é tão simplório que poderia ter sido executado no segundo capítulo, sem nenhum dano à construção da história. Neste momento, Tess afirma, de modo que nos leve a esquecer a simplicidade do plano, que a Dra. seria a “presa mais difícil”.
E o serial killer? Concordo que sua frieza é repulsiva, mas se pensarmos que estamos falando de um livro, te digo que ele parece um bebê chorão perto de Sqweegel, de “Grau 26”, livro de Anthony E. Zuiker.
Além disso, alguns argumentos soam menores se comparados a outras autoras que se valem do mesmo universo, perdendo a solidez da tentativa de conscientização. Penso que daria pra diluir de modo mais homogêneo, esta conscientização pretendida, pois a forma executada pode acabar funcionando como pregação para convertidos, e repelindo os ouvidos que precisam ouvir.
“O Cirurgião é o primeiro dos romances Rizzoli & Isles, uma sequência de livros de sucesso com a detetive Rizzoli, que extrapolou das páginas para as telas, com uma série de TV baseada na dupla, pelo canal TNT…
Não obstante, o quarteto principal é o perfeito exemplo da alegoria quase caricatural em suas personagens. Moore, por exemplo, é o estereótipo perfeito do nobre homem viúvo, quase um rei dentre os plebeus, que enxerga as mulheres além das curvas físicas.
Rizzoli é o símbolo da mulher oprimida num universo masculino, que tem na teimosia e impetuosidade suas armas contra a “inferioridade” imposta pelos homens “malvadões”, tornando-se apenas insuportável por sua postura, e longe das personagens femininas fortes, de opinião e atitude, que a cultura pop já forneceu (Claire Underwood, Olivia Dunham e Lisbeth Salander, seriam ótimos nomes, só pra citar os mais recentes).
Ambas as personagens beiram o oportunismo literário, buscando amarrar a empatia com um nicho de leitores. E parece que deu certo, pois temos uma sequência de livros de sucesso com a detetive Rizzoli, os romances Rizzoli & Isles, que extrapolou das páginas para as telas, com uma série de TV baseada na dupla, pelo canal TNT.
Para não dizer que nada me agradou, no meio do livro temos uma reflexão interessantíssima do Cirurgião, quando divaga sobre os modos de sacrifício humano utilizados por povos pré-colombianos.
Em suma, teria funcionado melhor como um conto!
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