Descubra os 3 melhores livros de Kurt Vonnegut para ler além de “Matadouro 5”, e conhecer sua literatura ácida e perspicaz. Esta lista tem livros para velhos e novos fãs!
Um dos mais populares escritores dos Estados Unidos, Kurt Vonnegut, referenciado pelo New York Times como “insubstituível na história literária norte-americana do pós-guerra”, é inegavelmente um dos inspiradores do britânico Douglas Adams e seu “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, tendo em “Matadouro 5” é sua obra-prima.
Entretanto, sua obra vai muito além deste clássico da ficção científica, carregada de sarcasmo, perspicácia e reflexões desconcertantes acerca do comportamento humano através de alegorias absurdas. Neste artigo, vamos indicar três livros que merecem ser lidos deste escritor além dos óbvios “Matadouro 5” e “Café da Manhã dos Campeões”.
Nascido na cidade de Indianápolis, no estado norte-americano de Indiana, em 1922, sua biografia nos conta que em 13 de fevereiro de 1945, Kurt Vonnegut estava com outros prisioneiros de guerra num matadouro, na parte inferior, no refrigerador cheio de carcaças, de onde ouviram o bombardeio aliado a Dresden, cidade na Alemanha. Ele se alistou no exército dois anos antes, combatendo na infantaria até ser capturado como prisioneiro dos alemães no final de 1944, na Bélgica. Tanto que essa experiência lhe rendeu seu mais emblemático livro: “Matadouro 5”.
Fatalmente você sentirá falta deste livro nesta lista! Mas isso é justificável, pois “Matadouro 5” já teve seu espaço em nossa lista de 22 Livros Essenciais Para Conhecer a Ficção Científica. Vale ressaltar também que escrevemos um texto detalhado para ele, que você confere aqui. Ou seja, vamos dar espaço a outras obras emblemáticas de Kurt Vonnegut.
Ah! E também não tem “Café da Manhã dos Campeões”, que por ser um dos mais festejados livros do escritor acredito ser uma leitura obrigatória e óbvia, tanto que escrevemos um artigo especialmente para ele que você lê seguindo este link.
Mesmo assim, vou transcrever um trecho de “Café da Manhã dos Campeões” que acho imprescindível para entender a forma como Vonnegut influenciou a cultura moderna, desde escritores como Tomas Pynchon, Douglas Adams e Chuck Palahniuk, passando por quadrinistas como Charles Burns e Chester Brown, até programas de televisão como “Os Simpsons”:
“À medida que me aproximava do meu quinquagésimo aniversário, fui ficando cada vez mais irritado e perplexo com as decisões imbecis tomadas por meus compatriotas. Depois disso, repentinamente, comecei a sentir pena, pois entendi o quão natural e inocente era para eles se comportarem de forma tão abominável, obtendo os mesmo resultados abomináveis: eles só estavam fazendo o melhor que podiam para viver como as pessoas inventadas nos livros de ficção. Era por isso que os americanos atiravam uns nos outros com tanta frequência: atirar era um artifício literário muito conveniente para encerrar contos e livros.
“Por que havia tantos americanos sendo tratados pelo governo como se suas vidas fossem tão descartáveis quanto lenços de papel descartáveis? Porque era desse jeito que os autores costumavam tratar os coadjuvantes em suas histórias de faz de conta.
“E assim por diante.
“Depois que entendi o que estava transformando os Estados Unidos numa nação tão perigosa e infeliz, e repleta de gente que não tinha nada a aver com a vida real, resolvi parar de escrever ficção. Agora, eu escreveria sobre a vida. Toda pessoa seria tratada exatamente com a mesma importância de qualquer outra. Todos os fatos também seriam avaliados como pesos iguais. Nada ficaria de fora. Deixe que os outros levem ordem ao caos. Eu queria fazer o contrário: levar o caos à ordem. E acho que foi isso que eu fiz.
“Se todos os escritores fizessem isso, talvez os cidadãos que não fazem parte do mercado editorial entendessem que não existe ordem no mundo que nos cerca, e que precisamos nos adaptar às exigências do caos em vez disso.
“É difícil se adaptar ao caos, mas dá pra fazer. Eu sou a prova viva disso: dá pra fazer.”
Os 3 melhores livros de Kurt Vonnegut para ler sem ser “Matadouro 5” e “Café da Manhã dos Campeões”
Descubra os 3 melhores livros de Kurt Vonnegut para ler além de “Matadouro 5”, e conhecer sua literatura ácida e perspicaz. Esta lista tem livros para velhos e novos fãs!
1) “As Sereias de Titã”(1959)
“As Sereias de Titã” é o segundo romance de Kurt Vonnegut, lançado em 1959, uma ficção científica que gira em torno de uma invasão marciana na Terra, mas que discute temas mais profundos como livre arbítrio, onisciência e o propósito geral da história humana numa ultrajante, sarcástica e agridoce narrativa trabalhando sobre a revelação de que a humanidade havia sido secretamente manipulada por milênios para um propósito fútil, desempenhando papéis importantes na história.
“Um propósito da vida humana, não importa quem a esteja controlando, é amar quem está por perto para ser amado” é uma espécie de mensagem final de toda a trama que envolve o milionário fanfarrão Malachi Constant em uma bizarra desventura pelo espaço: “lavagem cerebral, um exército marciano, uma amizade com fim trágico e estranhas criaturas de Mercúrio.” É interessante observar que nenhum dos personagens de “As Sereias de Titã” possui controle das suas escolhas, pois são movidos por forças e vontades além de suas próprias, e não podem fazer mais do que tentar tirar o melhor proveito disso.
“As Sereias de Titã” foi livro finalista do Prêmio Hugo de Melhor Romance de 1960 e Floyd C. Gale, da Galaxy Science Fiction, em 1961, classificou o livro com 4,5 estrelas em cinco, afirmando que “o enredo é emaranhado, intrincado e tortuoso”, mas “o livro, embora exasperante, é uma alegria de inventividade”. Ao fim da leitura fica a pergunta: existe realmente o livre-arbítrio ou é apenas uma ilusão?
2) “Cama de Gato” (1963)
“Cama de Gato” é o quarto romance de Kurt Vonnegut que rendeu a ele um mestrado em antropologia por parte da Universidade de Chicago (que havia recusado sua tese original em 1947) pela forma com que ele explora questões de ciência, tecnologia e religião, satirizando a corrida armamentista e muitos outros alvos ao longo o caminho.
Dez vez, Vonnegut dá voz a um narrador chamado John, que refere a si mesmo como Jonah e ao planejar escrever um livro sobre os que norte-americanos importantes fizeram no dia do bombardeio de Hiroshima entra em contato com de Felix Hoenikker, um físico ganhador do Prêmio Nobel que ajudou a desenvolver a bomba atômica.
Com esta premissa o escritor discute a assustadora hipótese plausível de que um ser humano tresloucado e com síndrome de grandeza poderia destruir o mundo de propósito, pois “a ciência pode mudar o mundo, para o bem ou para o mal”. Isso porque na trama Felix Hoenikker inventa o Ice-9 em resposta a um problema dos militares dos EUA, mas seus três filhos mal-intencionados se apoderam do segredo e o exploram para seus próprios fins mesquinhos.
Além disso, em “Cama de Gato” Kurt Vonnegut está no ápice da vontade de toda a sua capacidade em destilar humor negro para satirizar não somente o militarismo e a corrida armamentista, mas também a religião, através do bokononismo, uma espécie de versão caribenha do cristianismo, e certamente tem o melhor mito da criação de toda a literatura de ficção. Usando a próprias palavras de Vonnegut: “quem não conseguir entender como uma religião útil pode ser fundada em mentiras também não entenderá este livro”.
3) “Um Homem Sem Pátria” (2005)
Que me perdoem os admiradores de “Matadouro 5” (um clássico indiscutível) e de “Café da Manhã dos Campeões” (seu mais famoso livro? Acho que sim), mas o livro de Kurt Vonnegut que mais me diverti lendo foi “Um Homem Sem Pátria” (2005), uma espécie de coletânea de ensaios.
Preste atenção à lição de texto criativo que ele nos dá: “Não usem ponto-e-vírgula. São travestis hermafroditas que não representam absolutamente nada. Tudo o que fazem é mostrar que esteve na universidade”. No mesmo ensaio ele nos alerta de como temos dificuldade em saber quando ele está brincando. E realmente essa ironia fina, esse sarcasmo sagaz, é que faz tudo aqui ser tão delicioso. Um reality show perfeito para ele? “Os maus alunos de Yale”! E aqui ele explica como e porquê. Tem a ver com George Bush.
Aliás, na época do lançamento de “Um Homem Sem Pátria” ele obviamente falava de George W. Bush quando proferiu as seguintes palavras: “O que se pode dizer aos nossos jovens, agora que personalidades psicopatas, ou seja, pessoas sem consciência, sem sentimentos de piedade ou vergonha, pegaram todo o dinheiro nos tesouros de nosso governo e corporações, e o fizeram por conta própria?”
Esse é o tom presente em toda obra. Ou seja, aqui neste relativamente curto livro Kurt Vonnegut usa suas armas mais afiadas para demonstrar e argumentar inteligentemente sua insatisfação com a América contemporânea. Aqui você encontra um texto altamente auto-biográfico, adornado por suas conhecidas ilustrações e sua impiedosa falta de sutileza. Sem dúvidas “Um Homem Sem Pátria” é uma das imagens mais nítidas e despidas da mente de Kurt Vonnegut!
Abaixo você tem ofertas de “Piano Mecânico” e “Armagedom em Retrospecto”, de Kurt Vonnegut, em edições especiais. | ||
Leia Mais:
- H. G. Wells: Os 3 melhores livros que você precisa ler
- Ernest Hemingway: Os 3 melhores livros que você precisa ler
- Chuck Palahniuk: 3 livros tão imprevisíveis quanto “Clube da Luta”
- Agatha Christie: Os 3 livros mais fascinantes para fãs de suspense
Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:
- Kindle Unlimited: 10 razões para usar os 30 dias grátis e assinar
- Os 6 melhores fones de ouvido sem fio com bateria de longa duração hoje em dia
- Edição de Vídeo como Renda Extra: Os 5 Notebooks Mais Recomendados
- As 3 Formas de Organizar sua Rotina que Impulsionarão sua Criatividade
- Camisetas Insider: A Camiseta Básica Perfeita para o Homem Moderno