Kiss | Como foi a Passagem da Banda pelo Brasil em 1983?

 

Em 1983, o Kiss causava alvoroço no Brasil com sua chegada no país. Conheça a história e as estórias da primeira turnê brasileira do Kiss.

Em 1983, o Kiss causava alvoroço no Brasil com sua chegada no país. Conheça a história e as estórias da primeira turnê brasileira do Kiss.
Kiss no Brasil em 1983.

“Você queria o melhor, agora você tem o melhor. A maior banda do mundo… Kiss!!!!” Com este grito de guerra se inicia os shows do Kiss há vários anos, não sendo diferente nos palcos tupiniquins.

Entretanto, hoje em dia, uma passagem deles no país já não é mais destaque como fora outrora. Até mesmo em 1999, na turnê do álbum “Psycho Circus” que contava com a formação original, a badalação já foi quase pequena. Mas antigamente, em sua primeira passagem por aqui as coisas eram diferentes. Há quase trinta anos não era tão fácil de assistirmos shows internacionais em nossas terras.

Até o Rock In Rio de 1985, onde tivemos grandes nomes do estilo de uma só vez em nosso país, as turnês internacionais eram esporádicas. No meio rock n’ roll, tivemos os shows de Alice Cooper, em 1974, Queen, em 1981 e Van Halen, também em em 1983. Mas talvez o show que mais marcou o Brasil pelas lendas e estórias que  giravam em torno da banda foi o show do Kiss em 1983.

Kiss Morumbi 1983
Cartaz que divulgava o show em 1983.

A História e as Estórias da Turnê Brasileira do Kiss, em 1983.

Em 1983, a formação do Kiss já não contava mais com Ace Frehley nem com Peter Criss e acabavam de lançar um grande álbum, “Creatures Of The Night” que pode ser considerado um dos melhores lançamentos do grupo sem a formação original. No Brasil a canção “I Love It Loud” invadia as rádios do país virando um sucesso que alavancou a passagem dos quatro mascarados por aqui.

Kiss Creatures of the Night
Capa do álbum “Creatures od The Night”. A turnê de 1983 que passou pelo Brasil era para divulgar este disco que foi lançado em outubro de 1982

A turnê comemorava o décimo aniversário da banda americana  e em nosso país os shows foram realizados no Maracanã em 18 de junho, Mineirão no dia 23 de junho e Morumbi no dia 25 de junho e nos shows do Rio de Janeiro e Belo Horizonte a banda de abertura foi o Herva Doce que estava estourada nas rádios do país com dois sucessos.

Os shows foram muito comentados, mas o que mais chamou a atenção foram a lendas e mistificações infantis da mídia e da população. Era como se o Brasil estivesse repetindo o que os americanos fizeram em meados da década anterior na época dos álbuns “Destroyer” (1976), “Rock N’ Roll Over” (1976) e “Love Gun” (1977).

O Kiss despertou a ira dos evangélicos!

No show do Rio de Janeiro os fãs eram abordado por religiosos nas redondezas do Maracanã com um panfleto que desmerecia a banda e divulgava um periódico de uma igreja evangélica.

 O panfleto dizia “Jovem, se você quiser ser uma pessoa livre, liberte-se das garras de Satanás. Com este Kiss, eles dizem que você deve se tornar adepto dessa Sociedade Internacional do Rei Satã. Visite uma igreja evangélica. Leia O Mensageiro da Paz , já nas bancas.”

Kiss Brasil 1983
A resenha no jornal A Folha de São Paulo vinha com o título “Um Pastiche de Missa Negra” e chamava Gene Simmons de repulsivo.

O Kiss praticou um pastiche de Missa Negra segundo a Folha de São Paulo

A resenha no jornal A Folha de São Paulo, assinada por Pepe Escobar, vinha com o título “Um Pastiche de Missa Negra” e chamava Gene Simmons de repulsivo. No texto, a banda é referenciada como “o beijo pesado da orquestração do niilismo tecnológico, réquiem para uma época degradada”.

Posso dizer sem medo algum que as palavras foram encaixadas de maneira tendenciosa e muito preconceituosa com uma escrita que interpretava o show como um ritual de quinta categoria e desmerecendo e desrespeitando os fãs e toda a história da banda com insinuações de que faziam playback.

O som da banda é descrito como um “dirty noise indistinguível, distorcido, de timbres desagradáveis”. E não para por aí, o desrespeito é contínuo e ataca cada um dos membros do grupo separadamente até classificar sua músicas como hinos bárbaros. No fim, o jornalista deixa claro que seu gosto pessoal é baseado na música pop e claramente, seus tímpanos não estavam preparados para o rock pesado do Kiss.

Flávio Cavalcanti acusou o Kiss de sacrificar animais no palco.

Na televisão não foi diferente. O Programa Flávio Cavalcanti que era exibido em horário nobre no SBT, mostrou um debate nos moldes preconceituosos da resenha da Folha de São Paulo e acusou o grupo de sacrificar animais no palco além de prometer que os americanos nunca iriam se apresentar no Brasil. O mais interessante é que o show aconteceu, e em 1985 o mesmo programa levou ao palco a banda cover Kiss Double como uma de suas atrações.

“Quem Kiss Teve”

Ainda fora produzido o documentário “Quem Kiss Teve”, dirigido por Tadeu Jungle, Walter Silveira e Paulo Priolli, e que apresenta, de uma maneira alegórica, a folclore criado com a passagem da banda pela cidade de São Paulo, mostrando os fãs que não sabia cantar as músicas com inglês correto e o clima de algumas imagens lembrava o que vimos no filme “Detroit Rock City” (1999).

Apesar de todo despreparo da mídia nacional para cobrir tal evento, o show do Kiss em 1983 foi um dos propulsores para o Rock In Rio de 1985, além de ser um marco para aumentar o interesse no rock e, consequentemente, impulsionar o rock nacional que estava ganhando força nas rádios e na televisão brasileira.

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  3. Kiss – Creatures of the Night (40th Anniversary) [Half-Speed Mastering – Disco de Vinil]
  4. Kiss – Revenge [Disco de Vinil]

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3 comentários em “Kiss | Como foi a Passagem da Banda pelo Brasil em 1983?”

  1. Junho de 1983. eu tinha 22 anos e uma brasília branca. Combinamos uma turma legal, que curtia o rock e o Kiss. Na brasília fomos em 6 e várias garrafas de vinho. Claro que não podia entrar com elas, e era pro consumo na porta mesmo. Chegamos cedo, o ingresso era de arquibancada e ficamos na fila, sentados, cantando o que sabíamos e bebendo o vinho de qualidade e procedência duvidosa. No Rock in rio depois foi pior, mas é outra história. Curti muito, foi tudo o que eu esperava do show: Som, luzes, palco, público.

  2. Luiz Carlos de Andrade Dias Kaká

    Fomos a esse show saindo da cidade de Volta redonda, em uma excursão que organizei. Tinha 16 anos e fui o “responsável” pela organização. A data inicial do evento era 24 de junho, no entanto, para nossa surpresa, o show foi adiado para o dia 25 de junho, fato este que só descobrimos quando chegamos em São Paulo, distante mais de 300 km de nossa cidade. A aventura ficou melhor, tivemos que ficar aguardando o dia seguinte, dormimos no ônibus , com um frio medonho e, sem grana para tal imprevisto. Pedimos comida nas mansões que rodeiam o estádio e fomos prontamente atendidos pelos mordomos e empregados, iguais aqueles das novelas. No dia 25 amanheceu chovendo… mas nada disso atrapalhou nossa aventura e pudemos curtir o show com o vigor da nossa juventude !

  3. Genaro Spinouli Silva

    Eu estive neste show do Kiss em São Paulo. Eu tinha 20 anos. Só não me lembrava da data. E posso garantir, não teve nenhum massacre de pintinhos no palco.
    A única coisa que eu não gostei, foi o som que estava muito abafado. Dava até pra se conversar com a pessoa que estava ao lado. E olha que eu estava na numerada coberta.
    Um lance que aconteceu naquele dia foi que ao meu lado estava uma garota que foi acompanhada da avó 😂😂😂 Eu me lembro que num determinado momento o cheiro de maconha estava tão forte que esta senhora perguntou pra neta “Que cheiro forte que é esse minha filha?”
    Fora isso o show foi bom.
    Valeu.

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