O Helloween é uma das poucas bandas dentro do heavy metal que pode se gabar de ter dado forma a um afluente do estilo, nesse caso o power metal melódico.
A banda alemã Helloween foi uma das mais influentes dentro do cenário europeu na década de 1980, simplesmente porque expandiu o trabalho melódico de bandas inglesas como Judas Priest e Iron Maiden com a velocidade e o peso do thrash/speed metal e, neste processo, criaram um novo subgênero do heavy metal: o power metal melódico.
Eles gastaram alguns anos lapidando sua fórmula. Tudo começa com o Gentry, banda formada na Alemanha em 1979 por Kai Hansen (guitarra e vocal) e Piet Sielck (guitarra).
Curiosamente, a dupla só gravaria material junta na década de 1990, no Iron Saviour, afinal, logo Sielck sairia do embrião do Helloween, abrindo espaço para Michael Weikath se juntar, em 1982, a Markus Grosskopf e Ingo Schwichtenberg no recém fundado Helloween.
Com essa formação, no início dos anos 1980, o quarteto inicia um trabalho que iria mudar o heavy metal, criando um modelo que seria retrabalhado à exaustão na década seguinte.
Em 1984 lançam duas músicas na histórica coletânea “Death Metal”, à saber “Oernst of Life” e “Metal Invaders”, ao lado de bandas como Running Wild, Hellhammer e Dark Avenger.
Já no ano seguinte, com o primeiro EP homônimo, mostravam seu potencial em composições que hoje são clássicas como “Starlight”, “Murderer”, “Warrior”, “Victim of Fate” e “Cry for Freedom”.
“Walls of Jericho” e a explosão do Power Metal alemão
Neste caminho, “Walls of Jericho”, o primeiro álbum de estúdio completo do Helloween definiria uma forma nova de praticar o heavy metal: velocidade aliada ao virtuosismo, peso teutônico e vocais em tons altíssimos, retrabalhando o legado do metal alemão e levando o speed metal para um novo rumo. Ele seria batizado de power metal ou heavy metal melódico.
Gravado no Musicalab Studio, em Berlim, sob a batuta do produtor Harris Johns, entre setembro e outubro de 1985, “Walls of Jericho” é um marco histórico do heavy metal mesmo que o trabalho em estúdio soe, por diversas vezes, diletante.
Esse disco já chama a atenção pela capa, mas também pela forma diferente com que esse novato quarteto alemão executava suas influências de Iron Maiden e Judas Priest, através de melodias criativas e diferentes, sustentadas por uma seção rítmica extremamente veloz.
Essas características ainda estavam sendo lapidadas, mas o alto potencial que explodiria nos dois próximos trabalhos, e que os colocaria como os pais do power metal melódico, esta aqui, em clássicos como “Ride the Sky” e “How Many Tears”, por exemplo.
Até por isso, “Walls of Jericho” influenciou muitas bandas e inaugurou o power metal, gênero que seria lapidado pela própria banda nos próximos discos e praticamente ditaria as regras do metal noventista.
Na turnê do disco Kai Hansen começou a enfrentar problemas para executar as guitarras e os vocais nas partes mais complexas das músicas, além disso, seus vocais se mostravam limitados para as ambições musicais que tinham.
A saída foi ir atrás de um vocalista e mudar de vez o heavy metal com a chegada do jovem Michael Kiske. Com este novo integrante as possibilidades musicais se abriam para música da banda.
Ainda como quarteto lançam o EP “Judas”, e aqui cabe mencionar que uma das edições nacionais em CD desse disco trazia como bônus tanto esse EP quanto o auto-intitulado de 1984.
As Duas Históricas Partes de “Keeper of the Seven Keys” Definiram o Metal Melódico
Em minha mente as duas partes de “Keeper of the Seven Keys” são metades complementares de uma mesma obra. Esse par de clássicos ditaria regras que seriam copiadas e repetidas à exaustão na década seguinte.
O grande salto de “Walls of Jericho” para “Keeper of the Seven Keys” foi a entrada do vocalista Michael Kiske, que faz a diferença em clássicos como “I’m Alive”, “Twilight of the Gods”, “Future World” e “Halloween”, na primeira parte, e “Eagle Fly Free”, “Dr. Stein” e “I Want Out”, na segunda.
Todas essas músicas somam criatividade, esmero, técnica e feeling em prol de melodias cativantes, riffs atemporais, refrãos certeiros e dinâmica inteligente entre peso e velocidade.
É incrível a combinação existente entre Kai Hansen e Mikael Weikath, num diálogo perfeito sustentado pela seção rítmica que não se rendia a artifícios fáceis como os bumbos duplos tão banalizados nos dias atuais.
Na duas partes de “Keeper os the Seventh Keys” o Helloween consolidou o estilo que criou dando um melhor acabamento aos arranjos e na produção, além de estabelecer o padrão das introduções orquestradas para o metal melódico.
“Keeper os the Seventh Keys, part I” foi lançado em abril de 1987 e rapidamente chamou a atenção na Europa, catapultando o Helloween a uma posição destaque tão grande que seu nome começou a despertar interesse no fechado mercado norte-americano. Algo que só foi ampliado com o lançamento de “Keeper os the Seventh Keys, part II” em agosto de 1988.
Após essa dupla de discos clássicos, o Helloween se tornou um dos maiores nomes do metal mundial e abriu a década de 1990 quase como rock stars.
Infelizmente a formação que registrou estes dois clássicos duraria poucos anos, mas não antes de emplacar turnês no Japão, Estados Unidos e Europa criando uma ótima reputação sobre seus shows que ganharam um registro importante no ao vivo “Live in the U. K.” (1987).
Com apenas sete faixas, “Live in the U. K.” mostra a grande fase que o Helloween vivia, principalmente do vocalista Michael Kiske que dá um show em “We Got the Right”.
O fato é que com estes dois discos o Helloween estabeleceu a forma definitiva do power metal melódico, caracterizado por tempos rápidos e muita ênfase na melodia e harmonia, sendo um modelo copiado à exaustão principalmente na década seguinte onde este segmento do heavy metal dominou de modo implacável.
O que veio depois na biografia do Helloween?
Após cravar seu nome na história do heavy metal o Helloween parece ter entrado numa roda viva de infortúnios. Ainda em 1989, a primeira baixa na formação: Kai Hansen, com o intuito de buscar novos horizontes musicais (que viriam com o brilhante Gamma Ray), dá lugar a Roland Grapow nas guitarras. Uma das principais razões que levaram Hansen a sair da banda foi a disputa pelas composições de quem entraria no próximo disco.
A nova formação grava o injustiçado “Pink Bubbles Go Ape” de 1991, que é lançado após a coletânea “The Best, The Rest, The Rare” que saiu naquele mesmo ano.
“Pink Bubbles Go Ape” tem a marca de mudar o Helloween de patamar dentro do mercado fonográfico, afinal, além da produção do renomado Chris Tsangarides, a banda agora pertencia ao cast da gravadora EMI.
Mas não foi assim tão simples, pois a Noise Records os levou a uma disputa judicial por terem assinado com a EMI que os impediu de lançar um novo disco por dois anos, por isso “Pink Bubbles Go Ape” só saiu em 1991
Com Roland Grapow o Helloween soava diferente e logo teríamos o único escorregão discográfico com Micahel Kiske nos vocais: “Chamaleon”. Aqui, o Helloween cometeu o erro de vários outros nomes na mesma época ao tentar reformular sua sonoridade, se voltando para o hard/classic rock, mas gerou ao menos duas boas composições: “I Don’t Wanna Cry No More” e “Crazy Cat”.
Este disco marca a mais traumática ruptura da história da banda: as saídas de Michael Kiske e de Ingo Schwichtenberg em 1993, esse último por causa de uma esquizofrenia consequente do abuso de drogas e álcool, que o levaria ao suicídio em 1995. Em entrevista, Kiske disse que o maior problema para sua saída era seu relacionamento ruim com Michael Weikath.
Porém, com a chegada de Andi Deris para os vocais e o baterista Uli Kusch parece que os astros se acalmaram no mapa astral do Helloween e a banda entra numa ótima fase, lançando discos emblemáticos como: “Master of the Rings” (1994), o disco que os recoloca no caminho musical correto; “The Time of the Oath” (1996), o seu lançamento mais consistente desde os dois “Keepers of the Seventh Keys”; “Better Than Raw” (1998) e o pesadíssimo e obscuro “The Dark Ride” (2000).
Aliás, “The Dark Ride” foi o último álbum de Roland Grapow e Uli Kusch no Helloween que saíram de forma conturbada, como declarou Andi Deris: “Eles foram demitidos da banda por causa de umas intrigas pesadas que aconteceram por causa deles. Não foram apenas as diferenças musicais que os fizeram sair da banda.”
Em 2005, o Helloween tentou revisitar a mágica de “Keepers of the Seventh Keys”, apresentando uma constrangedora terceira parte. Na verdade, a banda alemã só conseguiu recuperar-se musicalmente no novo milênio com a reunião de seus três vocalistas no disco homônimo de 2021, um clássico moderno que renovou a estética musical do power metal melódico.
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- Helloween | Resenha de “Helloween” (2021)
- Helloween | Resenha de “United Alive In Madrid” (2019)
- Angra – “Holy Land” | Você Devia Ouvir Isto
- Iron Maiden | O Heavy Metal Influenciado Pela Literatura
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