Havok – Resenha de “Conformicide” (2017)

 
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Havok: “Conformicide” (2017, Century Media, Sound City Records, Shinigami Records) NOTA:8,5

Segundo o dicionário, conformismo seria a tendência ou atitude de se acatar passivamente o modo de agir e de pensar da maioria do grupo em que se vive. De uma forma simplista, o neologismo “conformicídeo” seria uma referência à destruição do conformismo, e uma tradução livre do título do novo álbum da banda de Thrash Metal Havok.

Sendo assim, “Conformicide” não poderia ter sido melhor intitulado se pensarmos no inconformismo lírico e musical  impresso nestas novas composições. O Thrash Metal sagaz e irônico, agora confecciona um “manifesto” contra a sociedade atualmente imbuída do politicamente correto.

E já na abertura, com “F.P.C. (Fuck Political Correctness)” experimentamos alguns sabores diferentes da sonoridade usual do estilo. Além de afirmarem que o politicamente correto é uma doença social, temos um groove mais acentuado nas linhas de baixo instigantes após a tradicional progressão de acordes limpos.

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“Conformicide”, quarto trabalho da banda Havok, traz um Thrash Metal sagaz e irônico, agora musicando um “manifesto” contra a sociedade atualmente tão imbuída do politicamente correto. 

Claro que ainda atacam com aquele Thrash Metal vigoroso, alternando velocidade nos arranjos metralhados, flertando com o crossover em momentos pontuais (como em “String Breaker”, faixa bônus da versão nacional), lembrando um mix de Exodus, Megadeth, e Nuclear Assault, todavia, com mais intensidade na fuga dos padrões por uma dinâmica nos arranjos que oxigena os ensinamentos clássicos com fúria, vigor, e destreza técnica.

“Conformicide”  já é o quarto trabalho da banda, o que nos leva a esperar por uma evolução de sua fórmula. E por mais lógico que isto seja, alguns fãs pareciam não esperar por ela, fato que dividiu suas opiniões sem meio-termos, pois a evolução veio por uma musicalidade mais trabalhada, mais lapidada e rompendo fronteiras musicais, elevando o nível técnico e criativo das composições. Evidentemente como todo processo evolutivo, ainda estão em processo de estabilização da proposta, mas entregaram um excelente álbum de Thrash Metal!

Confira a faixa “Hang ‘em High”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=2HYIfA3p8jw&w=560&h=315]

Neste processo, reciclaram riffs e colunas estruturais dos clássicos com identidade própria, ousando em certas composições, como na intransigente “Ingsoc” (um Thrash Metal que tangencia a música progressiva), na agressiva e técnica “Peace is in Pieces”, e na mirabolante “Circle the Drain”, facilmente as melhores do álbum. Estas faixas mostram como a música do Havok ganhou contornos de “jam session“, delineando grande parte do trabalho, mas diluídos em meio a ciclotímicos momentos agressivos e rápidos, ou cadenciados e técnicos.

Desde o primeiro álbum, em 2009, a banda claramente buscava uma maior identidade dentro do movimento que promovia um revival da era clássica do Thrash Metal. O mais difícil neste tipo de abordagem é delimitar bem onde termina a homenagem e reverência e começa a emulação pura e simples dos cânones do gênero.

Confira o clipe da faixa “Intention to Deceive”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=2GT9m0jX9vw&w=560&h=315]

E creio que no álbum anterior, “Unnatural Selection” (2013), eles conseguiram estabelecer bem esta linha, demarcando-a com uma dose de modernidade que potencializou sua fórmula, nos permitindo experimentar, em “Conformicide”, mais precisamente em faixas como “Hang ‘em High”, e “Dogmaniacal” (de abertura dramática), as formas musicais dos primeiros trabalhos enquadradas em maior originalidade. Já “Intention To Deceive”  e “Slaughtered” (cover do Pantera, também faixa bônus da versão nacional) aumentam um degrau de brutalidade, mas com leve acento do histrionismo moderno.

Isso posto, não me acanho em dizer que o salto evolutivo de “Unnatural Selection” para “Conformicide” tem como agente principal o trabalho das linhas de baixo do estreante Nick Schendzielos (que já trabalhou com bandas como Cephalic Carnage e Job for a Cowboy), um virtuoso do instrumento, que esbanja groove e feeling engajados às formas robustas do Thrash Metal, dando mais dinamismo à coesa cozinha completada pelo baterista Pete Webber.

Confira a faixa “Ingsoc”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=jP2pzw8jV9s&w=560&h=315]

Além disso, cada riff sacado das seis cordas pela dupla David Sanchez (que também é o responsável pelos vocais rasgados e agressivos) e Reece Scruggs dialoga com as linhas de baixo, como se para acompanhar sua dinâmica diferenciada, buscando uma evolução conjunta. Bom, acho que já vimos isso antes na história do Metal…

Em suma, “Conformicide”, além de ser um álbum que dividiu opiniões, nos deixa instigados pelos próximos passos da banda, pois acena para uma imprevisibilidade nas composições. Um álbum ousado. Agressivo, mas técnico na medida certa, além de direto e engajado na mensagem das letras. Goste ou não, aquela banda de Thrash Metal “inconsequente” esta amadurecendo…

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