Na música moderna existem apenas dois caminhos a serem seguidos independente de gênero: 1) subverter os tradicionalismos com objetivo de reinvenção; ou 2) extrair o conteúdo latente das obras tradicionais, usando-o como gatilho para novas composições com empolgação, empenho e energia.
E basta uma primeira conferida na capa de “Slaves of Fate” (à cargo de Celso Mathias), álbum de estréia da banda nacional Fire Strike para suspeitar de que escolheram a segunda opção dentro do Heavy Metal Tradicional. De fato, nos primeiros momentos de “Reach For Your Life”, primeira faixa, esta suspeita será confirmada por um gigantismo melódico de linhas vocais e guitarras que invadem o cérebro.
Formada no ano de 2005, a banda paulista sempre se dedicou à prática do puro e estilizado Metal Tradicional, se mostrando renovada em 2017, com line up completado por Aline Strike (vocal), Rick Schuindt (guitarra), Helywild (guitarra), Edivan Diamond (baixo) e Alan Caçador (bateria), sendo este “Slaves of Fate” seu primeiro álbum, lançado via Shinigami Records.
“Slaves of Fate”, álbum de estréia da banda nacional Fire Strike, lida mais com a essência do Heavy Metal do que com suas circunstâncias, com gigantismo melódico nas linhas vocais e guitarras que invadem o cérebro, ecoando a linhagem nobre de nomes como Iron Maiden, Grim Reaper, Angel Witch, Saxon, Judas Priest e Warlock.
E “Slaves of Fate” se mostra fascinante por lidar mais com a essência do Heavy Metal do que com suas circunstâncias, amalgamando, ao longo das nove composições, riffs empolgantes e solos inspirados, refrões marcantes, vocais emocionantes e bem construídos, momentos hard n’ heavy e outros com um pé no Speed Metal, construindo um instrumental forte, ecoando a linhagem nobre de nomes como Iron Maiden, Grim Reaper, Angel Witch, Saxon, Judas Priest e Warlock.
Dentre os destaques, temos “Slave of Your Fate” (mais cadenciada e trabalhada com tangencias ao Hard Rock, trazendo uma versão elaborada do Heavy Metal Tradicional), “Electric Sun” (que consegui rearranjar os clichês de modo inteligente), “Losing Control” (com uma belíssima introdução e o refrão mais cativante do álbum), e “Streets of Fire”.
À cargo de Andria Busic, a produção recria conscientemente a ambientação orgânica à lá anos oitenta, sendo esse meu único porém para o trabalho. Não que tenha algo errado, ou que prejudique o resultado final, mas acredito poderiam ter trabalhado essa organicidade num âmbito mais moderno, e menos abafado, que fariam destas destas faixas apelos metálicos tradicionais para a nova geração.
Afinal, o clamor sonoro do Heavy Metal vem da força primitiva e poderosa das linhas de bateria, que se estivessem mais pulsantes poderiam, junto às linhas de baixo, sustentar com mais potência as harmônias muito bem desenvolvidas pelas guitarras construídas sobre os cânones sagrados do gênero.
Confira a faixa “Reach for Your Life”… [youtube https://www.youtube.com/watch?v=syTtSXutTww&w=560&h=315]
Neste âmbito, sem dúvidas, Helywild e Henrique Schuindt, a dupla que comanda as seis cordas, beberam muito na fonte britânica para desenhar suas linhas que equilibram alta musicalidade, adrenalina e peso, tendo na ousadia técnica seu fulcro, formando um contorno musical luxuriante.
Além disso, os vocais, bem encaixados às melodias, trazem a parcela envolvente destas peças genuinamente metálicas, mesmo que exagerando em poucos e pontuais momentos, com refrãos envolventes, e linhas fortes, que injetam energia nas composições com linhas versáteis e cheias de atitude.
E mesmo que siga à risca os ensinamentos de bandas tradicionais (“Master of the Seas” e “Our Shout Is Heavy Metal que o digam), o Fire Strike possui uma identidade que flui pelo esmero dos arranjos, cujas evoluções construídas à partir de clichês tiram um possível aspecto datado. Neste ponto, há de louvar o modo como souberam manusear as texturas do metal clássico para desenvolver sua fórmula.
Se és um fã da prática metálica de moldes tradicionais e oitentistas, ouça este álbum no último volume e sem medo de ser feliz!
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