Enforcer – Resenha de “Zenith” (2019, Shinigami Rec.)

 

Enforcer Zenith
Enforcer: “Zenith” (2019,
Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA:9,0

hard n’ heavy  de sabor vintage explode em “Die For The Devil”, faixa de abertura de “Zenith” (2019), quinto álbum da banda sueca Enforcer, ao mesmo tempo que nos induz a pensar que algo virá diferente desta vez, principalmente pela paleta melódica ainda mais versátil dentro da estética oitentista, além de ter um refrão certeiro!

Uma abertura que empolga e, de fato, o passar das dez composições que completam o repertório oficial de “Zenith” (2019) nos mostrará que algo está diferente em seu revival  do heavy metal tradicional.

Agora, o Enforcer se mostra ainda mais melódico e cativante, como se quisessem se banhar em todas as possibilidades que os clichês musicais oitentistas permitem (como ouvimos escancarado em “Zenith of the Black Sun”), seja pelas vias do hard rock norte-americano, seja pelo colorido e adocicado da música pop. 

Sim, você leu certo: música pop!

Se você é familiarizado com a música do ABBA saberá de onde as melodias dramáticas e pop das linhas vocais, o piano romântico e os arranjos orquestrados de “Regrets” foram tirados. E não só ela. “Forever We Worship the Dark” também ecoa, mesmo que mais discretamente, a marca musical do histórico quarteto do pop escandinavo.

+ Saiba mais sobre o grupo ABBA neste texto especial.

Aliás, muito do que ouvimos em “Zenith” me soou como uma versão interessante do ABBA tocada pelo Lizzy Borden usando as progressões e as roupas do Diamond Head.

Ou seja, “Zenith” tem a proposta clara de ser diferente, ir além do heavy metal tradicional, trazendo algo a mais para a fórmula, para o bem ou para o mal, condição expressa em “The End of a Universe”, tanto em música quanto em verso.

O que já é louvável, simplesmente por vermos uma banda saindo de sua zona de conforto, construindo um disco ousado em comparação ao que apresentou em discos (muito bons, também) como “Into the Night” (2008), “Diamonds” (2010) e “Death By Fire” (2013).

Entretanto, essa “mudança” sonora não é abrupta!

Costumo dizer que um disco ao vivo serve para dar fim a uma era de uma banda e um EP funciona como uma elo na transição sonora, algo natural na sua maturação.

Nesse sentido, “Live By Fire”, ao vivo lançado em 2015 pelo Enforcer, serviu aos dois propósitos. Ali, o quarteto sueco findava a primeira parte de sua discografia com “Death By Fire” (2013) e apresentava novas propostas para o seu futuro no EP que trazia como bônus.

Dentre as faixas inéditas apresentadas em  “Live By Fire” e também no álbum “From Beyond” (2015), mesmo que discretamente, já havia suspeitas de que algo diferente estava sendo gestado. Logicamente, não dava pra prever o que ouvimos em “Zenith”.

Pense numa mistura de Judas Priest, Def Leppard, Scorpions e música pop dos anos 1980 e 1970, impressos pela sonoridade do speed/heavy metal. 

Nada me tirava da cabeça, enquanto o disco se desenrolava, que se o filme (excelente, diga-se) “Ruas de Fogo” (1984) fosse uma fábula de heavy metal  e não de rock n’ roll, sua trilha sonora seria próxima do que ouvimos em “Zenith”, mais especificamente em faixas como “One Thousand Years of Darkness” “Ode to Death”.

Isto quer dizer que agora os elementos vintage não orbitam apenas no universo do heavy metal. 

A imagética e a sonoridade são as do passado, mas fatalmente estão buscando imprimir sua identidade por uma produção contextualizada à contemporaneidade, por mais contraditório que isso possa soar.

O velho Enforcer ainda pode ser ouvido em faixas como ” Searching for You” (veloz, pesada e quase um proto-thrash metal ) e “Thunder and Hell” (belicosa, tensa e veloz nas harmonias de guitarra), mas, no geral, “Zenith” é um disco que abre possibilidades vastas para a música da banda.

Existem exageros, claro, assim como erros pontuais, todavia, eu prefiro encarar esses detalhes como corolários da coragem do Enforcer em tentar algo diferente. Mesmo porque os acertos foram bem maiores e contribuíram para potencializar sua fórmula, fato irrefutável quando ouvimos as guitarras de “Sail On” ou o desfecho neoclássico texturizado por cordas de nylon em “Thunder and Hell”.

Quer saber? Eu achei “Zenith” sensacional e já se tonou um dos discos que mais ouvi em 2019!

Para fechar, duas observações; 1) existe disponível no Spotify uma versão não menos pitoresca de “Zenith” em espanhol; e 2) a edição nacional traz como bônus a faixa “To Another World”, um interessante cover da banda Divlje Jagode, oriunda da Bósnia. Aliás, uma conferida na versão original, nos dá uma pista da inspiração do Enforcer para o que ouvimos em “Zenith”.

TRACKLIST

1. Die for the Devil
2. Zenith of the Black Sun
3. Searching for You
4. Regrets
5. The End of a Universe
6. Sail on
7. One Thousand Years of Darkness
8. Thunder and Hell
9. Forever We Worship the Dark
10. Ode to Death

FORMAÇÃO

Olof Wikstrand (vocal e guitarra)
Jonas Wikstrand (bateria, vocais, teclados e piano)
Tobias Lindqvist (baixo)
Jonathan Nordwall (guitarra)

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