Edguy – “Monuments” (2017) | Banda alemã de power metal celebra sua obra

 

“Monuments” vai além de uma simples coletânea da banda Edguy, funcionando perfeitamente tanto para introduzir novos admiradores a seu secto de fãs, quanto para saciar o desejo daqueles convertidos fervorosos à sua forma de praticar o Heavy Metal.

“Monuments” é uma coletânea da banda alemã de power metal Edguy, lançado em 14 de julho de 2017. O álbum foi lançado com um CD duplo totalizando 22 canções antigas, cinco novas, e uma inédita, oriunda das gravações do álbum “The Savage Poetry” de 1995. Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco lançado no Brasil pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records.

"Monuments" vai além de uma simples coletânea da banda Edguy, funcionando perfeitamente tanto para introduzir novos admiradores a seu secto de fãs, quanto para saciar o desejo daqueles convertidos fervorosos à sua forma de praticar o Heavy Metal.

Dentro da música ocidental moderna, em especial no Heavy Metal, tendemos a olhar como novidades para aqueles nomes que apareceram após os anos 1990. Uma traição de nosso “relógio psicológico”, que nos assusta ao vermos uma banda como o Edguy, um dos grandes nomes do Heavy Metal na virada do milênio, já atingir a marca de vinte e cinco anos de carreira.

Confesso que ainda não havia parado para pensar que álbuns como “Theatre of Salvation” (1999) e “Mandrake” (2001) já tenham superado uma década e meia de “idade”. E estes foram álbuns muito emblemáticos no auge do Power Metal Melódico.

“Theatre of Salvation” tem uma importância ainda maior para a sonoridade da banda que via sua primeira metamorfose, principalmente pela estreia da formação clássica, com Sammet nos vocais, Jens Ludwig e Dirk Sauer nas guitarras, Felix Bhnke na bateria, e Tobias Exxel no baixo, além de apresentar clássicos como “Babylon”, e “Land of the Miracle” que se destacam no repertório com claras similaridades com Helloween, Angra e Stratovarius, mas também com suas particularidades.

Já “Mandrake”, de longe o melhor álbum da carreira da banda, e que vinha de encontro à saturação que o gênero sofria já nos primeiros anos do novo milênio, marcou por composições envolventes, de arranjos versáteis e musicalidade plural. “Tears of Mandrake”, o clássico inigualável do Edguy está aqui, com seu grande refrão e arranjos grandiloquentes.

Entre estes dois álbuns, o Edguy regravou seu primeiro trabalho, “The Savage Poetry” (1996 – 2000), mostrando o potencial que tinham aquelas composições cunhadas ainda na adolescência, como “Key To My Fate”, faixa mais próxima da sonoridade clássica do Power Metal Melódico. Um potencial que anunciava através do excelente “Vain Glory Opera” (1998), melhor lapidado em faixas como “Out of Control” (com Hansi Kursch, do Blind Gaurdian) e a faixa-título (com sua remissão a “The Final Countdown” na introdução), a excelência que atingiriam nos próximos trabalhos.

Todavia, é quase injusto balizar o trabalho destes alemães apenas nestes dois álbuns de 1999 e 2001, principalmente quando tiveram tanta habilidade e coragem para se reinventar dentro da saturação de seu gênero, em trabalhos como “Hellfire Club” (2004), “Rocket Ride” (2006) e “Tinnitus Sanctus” (2008), onde transitaram por guitarras mais agressivas, refrãos e riffs mais pegajosos, inspirados pelo Hard Rock oitentista, junto a faixas épicas  alcançando ainda mais originalidade em sua discografia, com destaque a hinos de sua história como “Mysteria”, “The Piper Never Dies”, “Lavatory Love Machine”, “Ministry of Saints”, e os sucessos “King Of Fools”, e “Superheroes.

É indiscutível que forjaram uma discografia belíssima, cujos últimos capítulos, “Age of the Joker” (2011) e “Space Police: Defenders of the Crown” (2014), também se destacam por promover uma interessante fusão destas duas facetas principais da banda, ampliando ainda mais a pegada Hard Rock nas ótimas “Robin Hood”, “Rock The Cashell”, “Defenders of the Crown”, “Love Tyger” e “Space Police”.

Tudo isso torna indiscutível a validade de um material como esse “Monuments”, uma coletânea que reúne todas estas faixas citadas, em dois CDs, além de um imperdível DVD com show registrado no Brasil, em 2004, durante a “Hellfire Club Tour” (o que justifica o fato do repertório do show ser concentrado naquele álbum), além dos videoclipes lançados pela banda até o momento.

Não obstante, além de contemplar seus “onze” (se contarmos as duas versões de “Savage Poetry” como distintas) trabalhos nesta coletânea, a banda ainda nos oferece, no primeiro CD, cinco faixas inéditas compostas para este lançamento (“Ravenback”, “Wrestle the Devil”, “Open Sesame”, “Landmarks” e “The Mountaineer”), que são ótimas composições, mas que denunciam ainda mais um sintoma que cresce nos últimos álbuns do Edguy.

Sammet, o cérebro da banda, aparenta “cansaço criativo” em sua “vida dupla” entre Edguy e Avantasia, e parece estar redirecionando toda a sua inventividade para o segundo, que também sofreu com ao menos um disco abaixo da média, recentemente.  Pode ser só impressão, mas a forma sortida como o tracklist desta coletânea foi construído evidencia ainda mais a superioridade do material antigo.

Menção à edição nacional, à cargo da Shinigami Records, que merece ser adquirida pelo luxuosíssimo digibook triplo, com uma “biografia fotográfica” da banda, introdução escrita por Tobias Sammet (líder e mentor intelectual do Edguy desde que a banda se formou na Alemanha, em 1992), e trabalho gráfico impecável.

“Monuments” vai além de uma simples coletânea, funcionando perfeitamente tanto para introduzir novos admiradores a seu secto de fãs, quanto para saciar o desejo daqueles convertidos fervorosos à sua forma de praticar o Heavy Metal. Ah! E mesmo sendo a compilação mais completa da banda, a nota é nove porque não dá pra desprezar a falta de “All The Clowns” e “The Pharaoh”.

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