Destruction – Resenha de “Born to Thrash” (2020)

 

Destruction - Born to Thrash
Destruction – “Born to Thrash” (2020, Shinigami Records, Nuclear Blast)

O Destruction cunhou discos clássicos para o thrash metal alemão.

Tudo começou com um EP que chamou muita atenção, intitulado “Sentence of Death”. Lançado em 1984, ele trazia ao menos dois hinos para a banda: “Total Desaster” e a histórica “Mad Butcher”.

No ano seguinte veio o primeiro álbum, “Infernal Overkill”, que residia num limite entre o thrash metal, speed metal e o black metal, e mostrava toda a fúria do trio, onde a maturidade dava lugar à vontade de ser rápido, brutal e violento, em pedradas bem representadas pelo clássico “Bestial Invasion”.

A maturidade viria em “Eternal Devastation” (1986), o segundo álbum que se tornou parte do tripé de sustentação do gênero na Europa, ao lado de clássicos das bandas Sodom e Kreator.

O próprio Mille Petrozza, do Kreator, assume que ficou impactado quando ouviu “Eternal Devastation”,  um disco que trazia hinos do thash metal como “Curse the Gods” e “Life Without Sense”.

Após o EP “Mad Butcher”, de 1987, a banda passou por descaracterizações de sua formação e musicalidade, oscilando bastante em qualidade nos seus lançamentos, indo da lapidação técnica do ótimo “Release From Agony” (1987) até o desesperador “The Least Successful Human Cannonball” (1998), que hoje é até renegado por grande parte dos fãs.

Entretanto, desde que retornou com força total em “All Hell Breaks Loose” (2000), o Destruction se fixou como um trio, numa clara remissão aos bons tempos de sua primeira fase.

Discos como “The Antichrist” (2001) e “Metal Discharge” (2003), além do citado “All Hell Breaks Loose” (2000), deixavam isso claro em novos clássicos como “The Butcher Strikes Back”, “Thrash till Death” e “Nailed to the Cross”.

Até por isso, não seria exagero dizer que este “Born to Thrash: Live in Germany”, disco ao vivo gravado no festival alemão Party.San Open Air, em 2019, e lançado no Brasil via Shinigami Records, é praticamente um best of gravado ao vivo.

Afinal, todas as músicas citadas até agora nesse texto estão aqui, executadas com alta energia, além de velocidade e peso.

Porém, não só elas. O último disco, “Born to Perish”, está bem representado pela faixa título (seus riffs iracundos em profusão não fazem feio entre “Nailed to the Cross” e “Mad Butcher”) e pela pedrada “Betrayal”. 

O repertório não é o único atrativo deste material, pois devemos lembrar que este disco registra a nova formação, em quarteto, no palco.

E de cara podemos dizer que a técnica apurada do baterista Randy Black trouxe uma dinâmica ainda mais agressiva para o Destruction, além de versatilidade técnica e um sopro renovador para a musicalidade da banda.

Nestas versões ao vivo podemos ter registrado como ele deu mais profundidade e impacto aos clássicos do Destruction que são desfilados impiedosamente, algumas vezes até impressionando pela alta rotação que conseguem manter, música após música.

Temos que pensar que esses caras já não são mais garotos (três deles estão na casa dos 50 anos) e biologicamente é impossível cobrar deles a performance de quando eram jovens rebeldes cheios de vigor e energia. Até por isso impressiona a forma com que executam o repertório.

O novo guitarrista, Damir Eskić, deu mais corpo às guitarras, por conseguinte mais potência à sonoridade da banda, além de abrir possibilidades quanto aos arranjos, mesmo nos clássicos.

As execuções de “Nailed to the Cross”  (o riff e a segunda parte dessa música ficam ainda mais mortais ao vivo), “Thrash Till Death” (se você não se empolgar ouvindo isso, você não gosta de thrash metal!) e “Bestial Invasion” (o final explodindo velocidade e peso) são provas disso.

O trabalho técnico de captação e mixagem do material estão brilhantes (só um leve zumbido em “Thrash Till Death” macula o trabalho), detalhando cada instrumento, potencializando o peso e permitindo capturar a energia que emana de um show do Destruction.

Até pela relação de estilo, geração e nacionalidade é impossível não comparar este disco ao vivo do Destruction com o mais recente do Kreator no mesmo formato, “London Apocalypticon – Live At The Roundhouse”E se o Kreator soava cansado, o Destruction soa renovado!

Obrigatório!

FAIXAS:

1. Curse The Gods
2. Nailed To The Cross
3. Born To Perish
4. Mad Butcher
5. Life Without Sense
6. Betrayal
7. Total Desaster
8. The Butcher Strikes Back
9. Thrash Till Death
10. Bestial Invasion

FORMAÇÃO:

Schmier (baixo e vocal)
Mike (guitarra)
Randy Black (bateria)
Damir Eskić (guitarra)

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