Deep Memories – “Why Do We Suffer?” (2022) | Resenha

 

“Why Do We Suffer?” é o segundo álbum da one-man-band Deep Memories, que reafirma como dar beleza e requinte à musicalidade sombria, pesada e melancólica do death/doom metal.

O disco foi lançado em 2022 pelo selo paulista Heavy Metal Rock e abaixo você lê nossa resenha completa dele.

"Why Do We Suffer?" é o segundo álbum da one-man-band Deep Memories, que reafirma como dar beleza e requinte à musicalidade sombria, pesada e melancólica do death/doom metal.

Formada em 2016, a Deep Memories é uma banda fruto da mente de Douglas Martins (fez parte da ótima banda nacional Desdominus, ajudando, inclusive, a construir o álbum “Without Domain”, de 2003) que mira no atrito entre melancolia e agressividade para compor suas músicas que fundem progressivo, death metal, doom metal e gothic metal. Tudo isso, ambientado por parte das sombras gélidas das formas depressivas do black metal, ajudaram a constuir “Rebuilding the Future” (2018), seu primeiro trabalho de estúdio.

Naquele primeiro disco Douglas já mostrava sua carta de intenções: uma musicalidade refinada, por vezes de construção engenhosa, explorando climas e sentimentos com profundidade (tanto em letra quanto em música), sem deixar de ser pesado, técnico e agressivo, principalmente nos vocais, que por vezes resvalavam na estética moderna do black metal. E é exatamente uma continuidade desta proposta que temos em “Why do We Suffer?”, seu segundo álbum completo de estúdio.

Sendo assim, as sete composições que completam “Why Do We Suffer?” não só dão mais consistência ao próprio universo musical do Deep Memories construído pela forma de expressão e pelas referências que escolheu, mas o amplia em pontos estratégicos. Não espere mudanças radicais na proposta, pois Douglas quer manipular a musicalidade densa, sombria, melódica e climática desde o crescente desenho das linhas de guitarras que introduz a primeira faixa, “Enslaved By Reciprocity Obligation”, uma composição orgânica, densa e hipnótica, que nos revela como as mudanças mais significativas estão nos detalhes, pincelados com destreza e precisão para dialogar mais efetivamente com as emoções do ouvinte.

Esta primeira composição, por exemplo, nos dá a mesma sensação de quando acordamos após sonharmos com um queda. Este efeito prende a atenção do ouvinte ao trabalho de saída, sendo um estratagema infalível que será repetido em “Uncontrolled Cells Multiplication” uma espécie de abertura do lado B de “Why Do We Suffer?”. Isso porque o trabalho tem aquele clima da era do disco de vinil, quando os discos eram pensados com duas aberturas e dois desfechos, além de pelo menos dois ápices.

Nestas duas composições mencionadas fica claro como Douglas amadureceu sua mescla de peso com melodia em prol da melancolia, fazendo do Deep Memories um dos melhores nomes do death/doom metal nacional na atualidade. Esta mescla fica evidentes ao longo do trabalho, seja no contraste dos vocais guturais com os limpos, seja nos arranjos de guitarra ou nas letras reflexivas e meditativas. Isso fica bem marcado, também, em “Please, Do Not Close The Coffin!” que exemplifica bem o equilíbrio de luz (dos arranjos) e sombra (da letra) proposto neste segundo disco.

Outra composição que nos mostrará como as mudanças mais significativas estão nos detalhes é a faixa-título, que traz timbres acústicos para o jogo musical da Deep Memories, mostrando um novo horizonte musical que Douglas pode explorar com maestria, pois “Why Do We Suffer?” é a faixa que mais gostei do trabalho (muito por me soar com uma versão depressiva e acústica do Pink Floyd fundida ao Anathema pós-“Crestfallen”), junto com “Get Away From The Poison”, o clímax da primeira parte do disco que mostra mais efetivamente como a musicalidade foi refinada neste segundo trabalho, com maturidade e criatividade, principalmente no belíssimo arranjo de guitarras.

Gravado, mixado e masterizado no AJM Studio em Americana/SP pelo próprio músico Douglas Martins, entre 2020 e 2022, “Why do We Suffer?” fará o Deep Memories fatalmente tomar para si o posto de grande nome do doom/death metal nacional, capaz até mesmo de rivalizar com congêneres internacionais de renome como Saturnus, Doom:VS e Novembers Doom.

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