É fato que você sempre saberá o que irá ouvir num novo disco do Darkthrone: metal puro e simples!
Também é fato que a banda norueguesa é uma das mais interessantes de sua geração, erguendo uma discografia instigante e de primeiro nível, emergindo do death metal, posteriormente garantindo seu lugar no panteão satânico da segunda geração do black metal, até se reinventar como uma celebração do speed/black metal de estética oitentista e nos oferecer, quiçá, alguns de seus melhores trabalhos da carreira, como o recente “The Underground Resistance” (2014).
Esses dois fatos nos deixam ainda mais curiosos para saber o que nos reserva “Old Star”, décimo oitavo disco do duo formado pelo baterista fundador Gylve “Fenriz” Nagell e o vocalista Ted “Nocturno Culto” Skjellum.
“Old Star” nos traz seis novas composições orientadas por riffs e divididas entre o metal extremo e as obscuras vias old school do heavy metal, quase como uma forma mais mórbida de continuar a proposta de “The Underground Resistance” (2014) e “Arctic Thunder” (2017).
É claro que se você acompanha o trabalho do Darkthrone e suas entrevistas sabe que eles praticamente iniciaram uma rebelião contra as vias modernas do heavy metal, e “Old Star” é o novo manifesto de sua revolta, um disco que chafurda na sujeira dos primórdios do death metal, cria dinâmica pelo arrastado e do doom metal, e causa impacto pela pesadas guitarras influenciadas pelo thrash metal oitentista.
Isso tudo enquanto mistura referências óbvias a Hellhammer/Celtic Frost, Venom e Sodom com seu próprio legado em faixas como “I Muffle Your Inner Choir” (a abertura certeira!), “Old Star” (mais arrastada e dramática) e “Duke of the Goat” (com ferocidade e densidade).
O Darkthrone tem uma marca obscura tão forte que consegue pegar um riff de hard n’ heavy como o que ouvimos em “The Hardship of the Scots”, com um gancho melódico saborosíssimo, e transforma-lo em algo tão macabro, podre e pesado que vai te fazer querer tirar a poeira do seu velho toca-discos e colocar o “Apocalyptic Raids”, do Hellhammer pra tocar.
Essa faixa é um dos destaques do trabalho junto a “Alp Man”, um metalzão de dar gosto pelos riffs simples, mas poderosos, assim como “The Key Is Inside the Wall”. Aliás se o riff de abertura desta música não te pegar de primeira repense se você realmente gosta de heavy metal!
Algo que chama a atenção na sonoridade de “Old Star” é a timbragem da bateria, que dispensou a crueza das formas europeias para buscar uma textura oitentista mais americanizada. Mas não pense que isso é um problema, pois o equilíbrio é concedido pelas timbragens cruas e sujas das guitarras e dos vocais vomitados. Além do sujo e orgânico clima cavernoso conferido pela produção, que até remete vagamente àquela de “Panzerfaust” (1995).
Olhando em retrospecto, ” The Cult Is Alive” (2006) já trazia uma mudança e mesmo alguns sinais da sonoridade atual da banda já estivam presentes desde “Ravishing Grimness” (1999). Porém, efetivamente o Darkthrone criou um padrão musical diferente na última década, mais precisamente à partir de “Circle the Wagons” (2010), simplesmente por reverenciar o heavy metal de uma forma honesta e quase catequista por mudanças de andamentos e riffs sabáticos.
Nesse âmbito, mesmo que “Old Star” não seja uma epifania criativa dentro do que se propõe, ainda é uma espécie de combinação de sentidos opostos que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto geral, reforçam a expressão artística tradicionalista do Darkthrone. Com isso, o que falta em criatividade é compensando em energia!
FAIXAS
1. I Muffle Your Inner Choir
2. The Hardship of the Scots
3. Old Star
4. Alp Man
5. Duke of Gloat
6. The Key Is Inside the Wall
FORMAÇÃO
Gylve Fenris Nagell (bateria)
Nocturno Culto (vocal, guitarra e baixo)
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Essas pausas são boas e tem muito disco bom saindo! Depois dá uma conferida na nossa lista de Melhores de 2019, que tem muita coisa boa lá!
Tinha algum tempo que não tirava um tempo para ouvir novos álbuns de metal.
Essa semana ouvi o Quadra do Sepultura e este novo do Darkthrone. Em ambos fiquei impressionado com o som, com os sentimentos que vieram junto. Acho que o tempo que havia dado me fez voltar com mais fome ainda!