Um dos grandes momentos da vida é o período em que se sai de casa para estudar, enfrentar desafios e aprender com os amigos novos. Pessoalmente, neste momento, um destes grandes amigos, me apresentou uma coletânea de contos intitulada “13 dos Melhores contos de Vampiros”, editada por Flávio Moreira da Costa.
Como ainda não me interessava muito por leitura, estava mais ligado aos álbuns de Heavy Metal e Hard Rock que eu conseguia nos sebos da cidade, demorei a folhear o volume com suas pouco mais de 300 páginas, e, após me dedicar à leitura do primeiro conto, encostei o livro, mesmo apreciando bastante a história.
Anos mais tarde, já mais interessado pelo mundo literário e completamente curioso quanto aos primórdios literatura gótica e, em especial, à literatura vampírica de autores como Jean Polidori e Bram Stoker, dediquei mais atenção à compilação, agora uma edição de minha biblioteca pessoal, e que hoje é relativamente difícil de encontrar.
E nesta compilação se encontra a história de “Carmilla: A Vampira de Karnstein”, uma das mais emblemáticas e simbólicas da literatura gótica. Podemos dizer que todo estereótipo da vampira clássica foi forjado aqui neste conto. A sensualidade, o desejo carnal, o luxo aristocrático…
Está tudo aqui!
Ilustração da primeira publicação do conto no periódico “The Dark Blue”, em 1872…
O autor do conto é Joseph Sheridan Le Fanu (18114 – 18783), irlandês natural de Dublin, que ficou conhecido por narrativas de mistério e novelas góticas, sendo uma das figuras centrais para desenvolver as histórias de fantasmas na era vitoriana.
Também dirigiu diversos jornais, nos quais publicava seus contos, geralmente sem assiná-los. Após o falecimento de sua esposa se tornou um recluso e, neste período se concentrou nas histórias de terror e de fantasmas.
Desconhecido até o começo do século XX, Sheridann erigiu uma das bases para a literatura vampírica ao escrever, quiçá, sua melhor história: “Carmilla”, também lançada no Brasil como “O Vampiro de Karnstein”.
Publicada originalmente em 1872, no periódico The Dark Blue, o conto narra a história de uma jovem susceptível aos “poderes” da vampira Carmilla, tratando com muita sensibilidade e sutileza, o componente sexual subjacente no mito do vampiro. Até mesmo Bram Stocker reconheceu a influência de “Carmilla” em seu clássico atemporal, “Drácula” (1897).
Ilustração da primeira publicação do conto no periódico “The Dark Blue”, em 1872…
A história é narrada por Laura, a personagem principal do conto, e discorre sobre a solidão do castelo em que vive com seu pai, um viúvo inglês. Quando completa seis anos, ela tem uma visão de uma bela visitante que vem até sua cama e morde em seu peito, porém, ao acordar, não existe marca nenhuma.
Anos mais tarde, ela e seu pai são visitados pelo general Spielsdorf que deveria trazer sua sobrinha com ele, mas ela morreu em circunstâncias duvidosas pouco antes da viagem. Mas o general só irá contar mais detalhes sobre esta morte na volta da jornada em que se encontra durante a visita.
Laura sente tristeza pela falta da amiga em potencial, até que um acidente na porta de seu castelo traz para sua vida a desejada amiga: Carmilla. A partir daí, a história se desenrola com a amizade entre Laura e Carmilla e mistérios que são desvendados com a volta do general Spielsdorf num final de tirar o fôlego.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=oup1qhNO4KY&w=560&h=315] Confira o filme “A Vampira de Karnstein” (“The Vampire Lovers”), de 1970, na íntegra e legendado…
Algumas observações são pertinentes quanto a esta obra. Primeiramente, temos o fato de que Carmilla precede Drácula de Bram Stocker por 25 anos o que o coloca ainda mais dentro do pioneirismo do gênero e, em segundo lugar, observamos que o protótipo de todas as vampiras lésbicas que aparecem posteriormente na cultura pop está construído aqui, além da importante observação de que a personagem Carmilla possui hábitos noturnos, porém não se priva da vida diurna como seria imposto aos hábitos vampirescos modernos.
Adaptada várias vezes para o cinema, a história se popularizou como filme de 1970, “A Vampira de Karnstein” (“The Vampire Lovers”), que foi precedido pelo clássico “Vampiro” (1932), do dinamarquês Carl Dreyer, e “Blood and Roses” (1960), de Roger Vadin.
Joseph Sheridan Le Fanu (18114 – 18783), irlandês natural de Dublin, ficou conhecido por narrativas de mistério e novelas góticas, sendo uma das figuras centrais para desenvolver as histórias de fantasmas na era vitoriana, tendo influenciado Bram Stocker em seu Drácula…
Leiam o conto, vale a pena muito mais do que assistir os filmes. Existem diversas publicações dele em português, como na coletânea de bolso intitulada Contos de Vampiros, editada mais uma vez por Flávio Moreira da Costa e publicada pela editora Pocket Ouro.
Ainda é possível, nos sebos online, encontrar edições da coletânea 13 dos melhores contos de Vampiros e também, pra quem quiser conhecer mais histórias do autor, nestes mesmos sebos pode-se encontrar uma belíssima edição de “O Vampiro de Karnstein e Outras Histórias”, de Sheridan Le Fanu, publicada pela Editora Círculo do Livro, em capa dura.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=n3ycIWlSkuE&w=853&h=480] Confira o trailer do filme “Blood and Roses“, de 1960…
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