Cancer – Resenha de “Shadow Gripped” (2018)

 

Cancer - Shadow Gripped
Cancer – “Shadow Gripped” (2018 | Hellion Records) NOTA:9,0

O Cancer é um dos grandes nomes do death metal britânico, ao lado de Bolt Thrower, Benediction e Carcass. Seus primeiros álbuns (“To the Gory End” [1990], “Death Shall Rise” [1991] e “The Sins of Mankind” [1993]) são clássicos indiscutíveis da primeira fase do gênero na Europa.

Originalmente, o Cancer interrompeu suas atividades depois do álbum “Black Faith” (1995), e só veríamos um novo disco da banda em 2005, intitulado “Spirit in Flames”, após a reformulação em 2003.

Mas um novo hiato se seguiria até 2013, quando o Cancer se reuniria novamente para promover o relançamento daqueles três primeiros álbuns clássicos.

Nessa biografia, “Shadow Gripped” é o sexto disco da carreira do Cancer, que resgata o espírito old-school do death metal, com riffs alicerçados por ritmos violentos e sobrepostos por vocais guturais.

A capa chama a atenção por dois motivos: 1) as referências diretas às cartas do tarô, e ao Baphomet e suas releituras satânicas, tão usadas no ápice do death metal e do black metal; e 2) o aspecto digital da imagem que contrasta com a organicidade sonora que a produção imprime nestas dez faixas.

Musicalmente, “Shadow Gripped” é primitivo nos grooves e de vibração suja, poderosa, que está no meio termo entre os dois primeiros discos no quesito composição, com pegada thrash metal nos solos.

As linhas de bateria estão sólidas, com precisão e boa dinâmica. Carl Stokes é um baterista de death metal à moda antiga e sabe que nem só de velocidade vive o gênero. Ouça o que ele faz no início da sensacional “The Infocidal” (algo aqui me lembrou os bons tempos do Obituary)!

Além disso, o baixo vai além de preencher bem os espaços, junto a bateria que não só sustenta as harmonias como dita o ritmo sem o uso de artifícios fáceis como blast beats constantes.

“Shadow Gripped” possui sua dinâmica construída pelo que há de mais tradicional dentro do death metal. Até por isso, não espere breakdowns, movimentos melódicos, ou os já mencionados blast beats. 

Impressiona a maturidade na estruturação das composições.

O trio mostra que tem know-how nas artes pútridas e violentas do metal. Sabem encaixar uma introdução pertinente à música (as orquestrações da poderosa “Half Man Half Beast” são um exemplo), um movimento climático para dar fôlego e dinâmica à composição, um desfecho nada deslocado ou fade out, além de ser preciso na hora de disparar os solos de guitarra.

E tudo isso está bem resumido no desfecho, com a instigante “Disposer”.

Em “Shadow Gripped” temos aquele death metal esporrento, firme e violento, com bumbos duplos dinâmicos, vocais guturais e viscosos, solos construídos com a alavanca da guitarra e idas e vindas pelo thrash metal.

“Down the Steps” e a faixa-título se apresentam com todo aquele peso árido e encorpado do pútrido death metal britânico, dando exatamente o que a sonoridade pede, além de pisar com força nos terrenos mais pesados e fétidos do thrash metal como em “Crimes So Vile”.

Já “Garrotte” pisa no acelerador e “Ballcutter”, uma das melhores de “Shadow Gripped”, insere grooves musculares, tipicamente death metal, no trabalho, reafirmando os momentos mais violentos de sua história, assim como a arrasa-quarteirão “Organ Snatcher”, criando uma sequência avassaladora de peso e violência, que será reafirmada em “Thou Shalt Kill”.

Por isso tudo, “Shadow Gripped” é uma volta às raízes do Cancer, com peso obscuro reforçando o tradicionalismo que respeita o seu legado no underground, mesclando muito bem a escola norte-americana com a inglesa do death metal.

Uma sonoridade que parece ser reflexo da recente turnê de reunião da banda, entre 2013 e 2014, onde tocaram os três primeiros discos. E vou ousar dizer que “Shadow Gripped”, se não é melhor, está no mesmo nível de “The Sins of the Mankind” (1993).

TRACKLIST

1. Down the Steps
2. Garrotte
3. Ballcutter
4. Organ Snatcher
5. The Infocidal
6. Half Man Half Beast
7. Crimes So Vile
8. Thou Shalt Kill
9. Shadow Gripped
10. Disposer

FORMAÇÃO

Ian Buchanan (baixo)
Carl Stokes (bateria)
John Walker (guitarra e vocal)

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