O Que É Bossa Nova? | 33 discos essenciais que você precisa ouvir

 

Descubra os sons suaves e sensuais da bossa nova com estes 33 discos essenciais. Dos clássicos aos sucessos modernos, esta lista tem de tudo o que você precisa ouvir para entender o que é a Bossa Nova.

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Rio de Janeiro, década de 1950. Jovens, em maioria de classe média, buscando dar cores mais modernas e requintadas ao samba geraram um estilo musical intimista e inovador, a bossa nova. Na prática era uma forma de explorar a musicalidade ritmada que teria importância gigantesca na exportação da música brasileira, principalmente quando abraçada por renomados artistas do jazz norte-americano.

O nome bossa nova foi dado pela imprensa que não sabia como referenciar aquela fusão de samba, jazz e bolero mexicano de Lucho Gatica. A intensão de seus precursores era modernizar o samba pelo prisma de outros estilos em voga no fim dos anos 1950. Em certa medida, podemos dizer  que o gingado e o despojamento do samba se fundiu ao apelo cerebral, introspectivo e contido do cool jazz.

Os bossa-novistas e músicos de cool jazz compartilhavam estas características comedidas, econômicas e despojadas, valorizando o momento pelo prisma da modernidade. Assim como o jazzistas da era do cool jazz queriam retirar a pompa e circunstância das big bands, os precursores da bossa nova buscavam uma ruptura com a estética musical disseminada pela histórica Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.

Ou seja, a bossa nova vinha para romper com o passado de artistas como Emilinha Borba, Angela Maria, e Cauby Peixoto, glamourosos e pomposos artistas dos programas de auditório da Radio Nacional. Essa nova geração queria retirar o drama e o senso épico das desgraças amorosas, e da poesia romântica ligada ao samba canção e dissidente de tangos e boleros, além do uso de uma instrumentação variada.

A essência da bossa nova estava no minimalismo, despindo a música brasileira das camadas de instrumentações excessivas do samba canção, de estética operística dos vocais e da ostentação do figurino – os trajes de gala e a gesticulação dramática. Tudo isso foi jogado fora e trocado por roupas da juventude urbana dos anos 1950, por um banquinho e por um violão.

Na primeira fileira da bossa nova vinham nomes como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli, Newton Mendonça, Carlos Lyra e Nara Leão, todos dispostos a radicalizar contra todos os excessos da música brasileira da época. Não é exagero dizer que a ruptura é quase similar ao que o punk faria no rock nas décadas seguintes e o contraponto que o cool jazz ofereceu às big bands na década anterior.

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Bossa Nova: O Minimalismo Sofisticado entre o Jazz e o Samba

A bossa nova, em essência, foi criada por João Gilberto ao violão, sendo um redução estilizada e intimista do ritmo executado pela percussão do samba, emprestando de Chet Baker a forma introspectiva e afinadíssima de cantar.

Por este viés de definição, o mais certo seria encarar a bossa nova como uma modernização do samba, trazendo a sofisticação do jazz para as harmonias estruturadas em blocos, que também dialogavam com o expressionismo francês de Debussy e Ravel, além de cores mais brasileiras emprestadas de Alfredo Viana Jr. e Pixinguinha.

Nesta estética musical, João Gilberto dava mais importância à mão direita, responsável pelo ritmo ao violão, levado de forma irregular, do que aos dedilhados de escalas intrincadas do chorinho. Até por isso, a bossa nova era um estilo que dependia da precisão e do suingue do músico ao violão, que precisava criar um diálogo das cordas graves (tocadas com o polegar da mão direita fazendo o papel rítmico do surdo) com as notas das cordas agudas (três notas em blocos que correspondiam a instrumentos como o tamborim e suas variações rítmicas).

João Gilberto caracterizava a bossa nova pela forma de lidar com a voz e o violão, trazendo ambos para o primeiro plano, com a mesma importância na estrutura criativa da composição e dialogando entre si para formar plenitude do formato canção.

Além disso, as letras também se tornavam parte integrante a canção como um todo, entrelaçando ao instrumental, como em “Samba de Uma Nota Só” (1960; de Newton Mendonça e Tom Jobim) e “Desafinado” (1958), que tinham metalinguagens comentando o processo de composição.

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O Desenvolvimento da Bossa Nova

As primeiras gravações do ritmo básico da bossa nova estão em composições como “Outra Vez” e “Chega de Saudade”, do disco “Canção do Amor Demais” (1958), de Elizete Cardoso e no histórico compacto “Chega de Saudade”, lançado por João Gilberto em 1958.

O LP “Canção do Amor Demais” (1958), composto por Tom Jobim em parceria com Vinícius e interpretação de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, “Canção do Amor Demais”, “Chega de Saudade” e “Eu Não Existo sem Você”.

A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações “Chega de Saudade”, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, que selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente.

Até por isso, o ano de 1959 é considerado como a data oficial de nascimento da bossa nova. A primeira geração do gênero foi representada por Tom Jobim, cujas composições foram executadas por João Gilberto, e Vinicius de Moraes, um dos principais letristas dos primórdios da bossa nova. Carlos Lyra e Nara Leão foram outros grandes nomes da primeira geração.

A dupla formada por Jobim e Moraes posteriormente compôs outra famosa obra representativa da bossa nova: “Garota de Ipanema”, uma das músicas mais populares da história da cultura ocidental.

Em meados da década de 1960, o gênero sofreu uma cisão cultural motivada por artistas como Edu Lobo e Marcos Valle, e por organizações de preservação da cultura brasileira. Inspirados por uma ideologia nacionalista e de esquerda, esses grupos criticaram a influência do jazz americano na música, sugerindo, em vez disso, influências enraizadas na Música Brasileira.

A segunda geração do gênero foi concebida com intérpretes de bossa nova associando-se e colaborando com outros grandes nomes de variados gêneros regionais, dando um tom mais “brasileiro” ao gênero.

Em 1966 o som da bossa nova, incorporando fortes influências musicais nativas brasileiras, afastou-se em estilo, composição e elementos musicais da bossa nova original, marcando seu fim e a concepção do movimento MPB, que teve grandes influências iniciais do final do período bossa-novista brasileiro.

Mas aí, o gênero já tinha sido aprovado e abraçado no exterior, principalmente após o show Bossa Nova At Carnegie Hall, realizado de noite de 21 de novembro de 1962, após Sidney Frey, executivo da gravadora Audio Fidelity assistir alguns dos principais nomes da bossa nova no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro.

Na lista de músicos brasileiros daquela noite estavam Antonio Carlos Jobim, João Gilberto, Luiz Bonfá, Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Normando Santos, Dom Um Romão, Agostinho dos Santos e outros nomes desconhecidos.

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A Repercussão Internacional da Bossa Nova:

A consequência imediata do show no Carnegie Hall foi o fato de muitos destes músicos americanos gravarem o repertório da Bossa Nova, afinal, na plateia lotada por mais de 3 mil pessoas daquele show, alguns nomes estavam na primeira prateleira do jazz.

O Latin Jazz talvez seja o formato mais popular do jazz da era pós-Swing, devido à sua exploração febril e “caliente” dos ritmos cubanos, formando o que ficaria conhecido como Afro-Cuban Jazz. Todavia, o estilo evoluiu dentro de sua proposta ao longo dos anos, abarcando toda uma constelação de músicos sul e centro americanos, que se dedicavam a misturar o Jazz com suas influências musicais regionais.

A proposta melhor sucedida dentro do jazz latino certamente é a Bossa Nova, que viria nos anos 1960, quando músicos importantes do jazz começaram a incluir músicas dos principais compositores do estilo brasileiro em seu repertório.

Entre eles, podemos listar Stan Getz (que explorou fartamente a bossa nova), Gerry Mulligan, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Herbie Mann como os disseminadores da bossa nova no seio do jazz norte-americano.

Enquanto a bossa nova era renegada pela nova geração de compositores brasileiros, os grandes arquitetos do gênero eram reverenciados pelo jazz norte-americano que buscava renovar sua identidade musical após o advento do rock n’ roll.

Tanto que após o show no Carnegie Hall de 1962 e a recepção que o brasileiros tiveram dentro do mundo do jazz norte-americano, alguns dos músicos brasileiros trocaram o Brasil pelos Estados Unidos. Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Tom Jobim e João Gilberto abriram mercado por lá imediatamente depois daquela apresentação e tornaram a bossa nova um estilo com dupla nacionalidade.

Talvez o grande momento de sucesso da bossa nova aconteceu com a gravação de “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim” (1967), com o gigante Frank Sinatra chancelando a genialidade de Tom Jobim como compositor. Este foi o disco que tornou “Garota de Ipanema” um sucesso mundial.

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33 Discos Essenciais Para Conhecer a Bossa Nova:

Bossa nova é um gênero de música brasileira que surgiu no final dos anos 1950 e desde então se tornou um estilo amado em todo o mundo. Com seus ritmos suaves e melodias sensuais, a bossa nova conquistou os corações dos amantes da música em todos os lugares. Aqui estão 10 músicas essenciais que mostram o melhor desse gênero, de faixas clássicas a sucessos modernos.

  1. Elizeth Cardoso – “Canção do Amor Demais” (1958)
  2. João Gilberto – “Chega de Saudade” (1959)
  3. João Gilberto – “João Gilberto” (1961)
  4. Quincy Jones – “Big Band Bossa Nova” (1962)
  5. Stan Getz & Charlie Byrd – “Jazz Samba” (1962)
  6. Luiz Bonfá – “O violão e o samba” (1962)
  7. Vários – “Bossa Nova At Carnegie Hall” (1963)
  8. Roberto Menescal – “A Bossa Nova de Roberto Menescal e seu conjunto” (1963)
  9. Stan Getz & Luiz Bonfá – “Jazz Samba Encore!” (1963)
  10. The Dave Brubeck Quartet – “Bossa Nova U.S.A.” (1963)
  11. Tamba Trio – “Tempo” (1964)
  12. Tom Jobim – “The Composer of Desafinado, Plays” (1964)
  13. Dorival Caymmi & Tom Jobim – “Caymmi visita Tom” (1964)
  14. Stan Getz & João Gilberto featuring Antônio Carlos Jobim – “Getz / Gilberto” (1964)
  15. Eumir Deodato – “Inútil paisagem” (1964)
  16. Nara Leão – “O canto livre de Nara” (1965)
  17. The Sergio Mendes Trio – “Brasil ’65” (1965)
  18. Marcos Valle – “O compositor e o cantor” (1965)
  19. Milton Banana Trio – “Balançando” (1966)
  20. Sergio Mendes & Brasil ’66 – “Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil ’66” (1966)
  21. Antônio Carlos Jobim – “Wave” (1967)
  22. Astrud Gilberto – “I Haven’t Got Anything Better to Do” (1969)
  23. Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim – “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim” (1970)
  24. Baden Powell – “Poema on Guitar” (1968)
  25. Edu Lobo – “Cantiga de longe” (1970)
  26. Antônio Carlos Jobim – “Stone Flower” (1970)
  27. Werther – “Werther” (1970)
  28. Rosinha de Valença – “Um violão em primeiro plano” (1971)
  29. Nara Leão – “Dez anos depois” (1971)
  30. João Donato – “Quem é quem” (1973)
  31. Elis Regina & Antônio Carlos Jobim – “Elis & Tom” (1974)
  32. Toquinho  Vinícius – “O poeta e o violão” (1975)
  33. João Gilberto – “Amoroso” (1977)

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