Bolt Thrower – “Those Once Loyal” (2005) | Você Devia Ouvir Isto!

 

“Those Once Loyal”, último disco da banda BOLT THROWER é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: pesado, old-school, guerra, fim de uma era.

Estilo do Artista: Death Metal

Comentário Geral:  O Bolt Thrower nasceu defendendo uma forma crua e pesada de música.

A metamorfose até o death metal que ouvimos no brutal “In Battle There Is No Law” (1988), seu primeiro disco, começou em 1986 quando tentavam praticar uma mistura de Slayer com Discharge.

Pouco antes do disco ser gravado, Karl Willets chegou para o posto de vocalista e colocou a engrenagem para rodar da forma clássica e genuína que conceberia discos primorosos como “Realm of Chaos: Slaves to Darkness” (1989), “War Master” (1991) e “The IV Crusade” (1992).

Todos esses discos construíram a  identidade da banda, incorruptível dentro da prática do death metal, seja ele visceral, rápido, com riffs pesadíssimos, ou cadenciado, com solos trabalhados e fortes esbarrões no doom metal.

Bolt Thrower - Those Once Loyal (2005, 2020 - Shinigami Records)
Bolt Thrower – “Those Once Loyal” (2005 – Metal Blade | 2020 – Shinigami Records)

Nesse contexto, “Those Once Loyal” é o oitavo e último álbum de estúdio do Bolt Thrower, lançado em 2005, e pode facilmente ser incluído nesse seleto grupo de discos essenciais de sua discografia.

O sopro renovador veio com a volta do vocalista Karl Willets, que não gravou o disco anterior, “Honour-Value-Pride” (2001), cujos vocais ficaram à cargo de Dave Ingram, do Bennediction.

As saídas de Karl Willets do Bolt Thrower não eram novidade.

Mesmo tendo gravado todos os discos até “Honour-Value-Pride” (2001), ele já havia deixado a banda oficialmente em 1994, tendo voltado rapidamente para gravar “Mercenary” (1998) após a saída do vocalista Martin Van Drunen, que não chegou a gravar material de estúdio.

Karl nem chegou a sair em turnê desse disco, pois estava dividido com outros compromissos, deixando sua vaga para Dave Ingram.

Porém, o desgaste começou a cobrar seu preço para Dave que teve vários problemas motivando sua saída, não oferecendo alternativa para os músicos a não ser chamar Willets de volta.

Quando Willets voltou, o quarteto de músicos que ali estava já trabalhava num novo material  que seria gravado em maio de 2005.

Na verdade, o plano inicial era ter lançado o sucessor de “Honor – Value – Pride” ainda em 2004, mas a saída de Ingram inviabilizou a execução do projeto.

Sobre o último retorno, Willets declarou ao site oficial da banda que se sentia como se estivesse reunindo com amigos (quase uma família). Ele completa:

“O Bolt Thrower é a única coisa na minha vida que me fez sentir motivado e ativo, desde que saí sempre usei meu tempo na banda como uma medida contra minha felicidade atual com a qual nada realmente se compara.”

Musicalmente, “Those Once Loyal” reúne o melhor das facetas do Bolt Thrower em composições inspiradas, sem perder um grama de peso ou personalidade e dialogando com as composições clássicas do passado.

Novamente a banda executa com maestria sua forma indiscutivelmente própria de death metal e Karl Willets não exagerou quando disse, pouco tempo antes do lançamento, que “novamente o disco soaria como o clássico Bolt Thrower, talvez até mais pesado”.

De fato, Those Once Loyal” é pesado, carregado nas guitarras, proeminente nas linhas de baixo e falando sobre guerra.

Até a influência do hardcore presente nos vocais de “… For Victory” ficaram no passado.

Desta forma, temos uma seção rítmica tão honesta quanto pesada, riffs graves e certeiros, e vocais guturais que unidos a estes predicados respingam sujeira pra todo lado, enquanto a banda executa uma de suas melhores performances, seja na composição ou na execução.

“At First Light” introduz o trabalho com tensão, clima de suspense, até as guitarras pesadas e melódicas explodirem sustentadas pela cozinha tenaz.

Quando os vocais de Willets ecoarem você pensará: “enfim, tudo está como desveria estar!”.

Esse mesmo pensamento se fará presente em destaques como “Entrencher” (um rolo compressor death metal), “Killchain” (com palhetadas certeiras de guitarra), “Granite Wall” (com ritmo groovado e bem marcado), “Anti-Tank (Dead Armour)” (a melhor faixa do disco), “Salvo” (com movimentos quebrados e groove pesado) e o desfecho com a matadora “When Cannons Fade”.

Em 2008 a banda já estava preparando um novo álbum, e isso é uma das provas de que não estavam planejado que “Those Once Loyal” fosse seu último disco.

Porém, como não ficaram satisfeitos com o resultado final do material que criaram, adiaram indefinidamente os planos para o novo trabalho.

Os shows continuaram esporadicamente, mas com a morte do baterista Martin Kearns, em 2015, o Bolt Thrower se colocou em um hiato por tempo indeterminado.

O fim da banda foi anunciado apenas em setembro do ano seguinte, através do de seu site oficial.

Mas se você prestar atenção ao título do disco, parece que eles já profetizavam o fim quando o escolheram, pois a quem é dedicado e porque ele foi feito está claro como num epitáfio.

Ano: 2005

Top 3: “Entrencher”, “Anti-Tank (Dead Armour)” e “When Cannons Fade”.

Formação: Jo Bench (baixo), Martin Kearns (bateria), Karl Willetts (vocais), Baz Thomson (guitarra) e Gavin Ward (guitarra)

Disco Pai: Slayer – “Divine Intervention” (1994)

Disco Irmão: Napalm Death – “The Code Is Red… Long Live the Code” (2005)

Disco Filho: Memoriam – “For the Fallen” (2017)

Curiosidades: A banda tirou seu nome de uma arma no popular jogo de estratégia Warhammer Fantasy Battles, inclusive, vários de seus discos tiveram letras e capas baseadas no conceito desse jogo.

Pra quem gosta de: retornos triunfantes, finais inesperados, peso clássico, jogos de guerra e muita cerveja.

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