Beast In Black – “Dark Connection” (2021) | Resenha

 

“Dark Connection” é o terceiro álbum da banda finlandesa Beast in Black, formada por Anton Kabanen depois que ele deixou o Battle Beast. O disco foi lançado no Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast. Abaixo você lê nossa resenha sobre este disco.

Beast In Black - Dark Connection

O primeiro single de “Dark Connection”, intitulado “One Night In Tokyo” já mostrava que pouca coisa iria mudar na sonoridade da banda finlandesa Beast in Black, principalmente no que tange à performance do vocalista Yannis Papadopoulos, que será o destaque individual ao logo de todo o repertório.

Mesclando peso e melodia à moda européia, alicerçado no power metal e lembrando uma costura de Battle Beast, Sabaton, Primal Fear e Dynazty, mas utilizando a cultura geek como tema para as letras (que combina com as bases eletrônicas das músicas), em especial o mangá “Berserk”, escrito e ilustrado pelo mangaká Kentaro Miura, “Dark Connection” irá seguir exatamente de onde pararam em “From Hell With Love” (2019). Bem, ao menos na intenção…

Até por isso, mantenho a crítica que fiz na resenha daquele disco anterior, do Beast In Black se manter fechado e encastelado numa fórmula musical que abusa de clichês, soando ainda repetitivo e com seu potencial latente pouco explorado, de fato. Ou seja, temos mais um festival de refrãos em coro, linhas melódicas cíclicas e andamentos ora vertiginosos, ora pomposos.

Mesmo com um trabalho instrumental muito bem executado ainda fico com a impressão de que eles podiam sair da fórmula genérica saturada de sintetizadores, teclados e melodias fáceis; oferecer mais em termos de criatividade, além de equilibrar alguns elementos usados à exaustão, que mesmo sendo característicos do estilo já estão ficando cansativos.

Sendo mais franco, “Dark Connection” mostra uma dose ainda mais farta de clichês, usados sem nenhum rubor de soar como uma fusão de ABBA com Judas Priest, ou seja de pop com heavy metal (e a versão de “They Don’t Care About Us” de Michael Jackson é uma prova disso),  e muito menos disfarçar o fato do trabalho em estúdio ser clinicamente super-produzido.

Algumas músicas são boas e cativantes? Sim. E algumas delas são “Highway to Mars” (que pode apontar um novo caminho interessante para o futuro), “Dark New World”, “One Night In Tokyo”, e “Moolight Rendezvous”. Mas outras chegam às raias de não serem bem-vindas conseguindo fazer até mesmo os vocais de Yannis soarem irritantes, em músicas genéricas construídas sobre uma overdose de adrenalina e velocidade impressas por texturas e timbragens artificiais.

Creio que dá pra fazer tudo isso que ouvimos nestes quase sessenta minutos de músicas com mais paixão e personalidade. Talvez falte apenas uma dose a mais de guitarras no protagonismo dos arranjos e a inserção de alguns solos menos preguiçosos.

Usando uma analogia culinária: uma pizza congelada hiper-palatável e ultra-processada é muito gostosa, mas a arte está mesmo é na pizza fresca, feita com os melhores ingredientes orgânicos, o tempo devido de preparação e um toque da alma de quem a preparou. Neste desenho, “Dark Connection” é a terceira pizza congelada que você come em três dias seguidos, ou seja, já está ficando sem sabor definido e enjoativa.

Tudo bem, pra mim “Dark Connection” não chega a ser um desastre completo (como a pizza congelada não seria), mas foi uma decepção, principalmente após o excelente “From Hell With Love” (2019). Espero que este disco seja apenas uma parte do percurso onde a banda poderá repensar na oxigenação sua musicalidade, pois o poder do ineditismo que ela tinha já desgastou!

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