Talvez Axel Rudi Pell seja o nome que melhor traz para a modernidade a musicalidade da de ouro do classic rock e “Sign of the Times” é mais uma prova disso.
Sem titubear, “Sign of the Times” me garrante que posso reafirmar minha impressão escrita na resenha do álbum anterior, “Knight’s Call”: Axel Rudi Pell vive um dos melhores momentos de suas três décadas de carreira solo.
Talvez isso seja consequência do time de músicos que já está entrosado pelo tempo que atuam juntos, sendo que a peça que faltava para atingir esse altíssimo nível era exatamente o baterista Bobby Rondinelli, que entrou para o grupo em 2013.
Neste décimo nono álbum de estúdio, o guitarrista alemão aglutina mais alguns ensinamentos preciosos de pedras fundamentais do classic rock.
“Gunfire”, por exemplo, chega após a introdução épica e climática (intitulada “The Black Serenade”) remetendo direta e intencionalmente ao Rainbow, com show de Rondinelli nas linhas de bateria explosivas, guitarras mais agressivas e linhas vocais tão determinadas quanto inspiradas.
Por sua vez, “Into the Fire”, que fecha o disco, tem uma vibe bem Led Zeppelin, desenhando sua inspiração em “Kashmir” por tintas mais carregadas tanto no peso quanto na dramaticidade.
Já “Wings of the Storm” traz uma interessante mescla entre o Deep Purple da fase Coverdale/Hughes e os acordes característicos de Jimi Hendrix, enquanto “As Blind As A Fool Can Be” lembra como o classic rock é terreno fértil para baladas épicas e emocionais entoadas por um vocalista técnico.
Novamente ao lado de Axel Rudi Pell temos o fiel escudeiro Johnny Gioeli, um dos vocalistas mais talentosos de sua geração, imprimindo emoção e técnica por onde passa.
Em “Bad Reputation”, um melodic rock à moda antiga, são suas linhas vocais que transformam uma música simples numa avalanche de feeling com alto potencial de cativar.
Geralmente os admiradores da música do guitarrista alemão sabem exatamente o que esperar de um novo álbum: melodic rock com destreza e a força do rock clássico.
Neste “Sign of the Times” não é diferente e a simplicidade direta e infalível de “The End Of The Line” e “Waiting for Your Call” estão aqui para mostrar que a essência da música de Axel Rudi Pell tem identidade própria.
Se bem que existem pontuais ampliações dos horizontes musicais nesse álbum que pode ser visto como uma extensão dos dois discos de estúdio anteriores, principalmente do ótimo “Knights Call” (2018).
Alguns artifícios (além da excelente produção) tiraram o sabor saudosista (no bom sentido) que vinham acompanhando os discos mais recentes, como nas pesadíssimas e quase modernas linhas de guitarra da faixa-título (onde Gioeli dá mais um show) ou no reggae introdutório de “Living In A Dream”.
Axel Rudi Pell além de desfilar sua habilidade em solos precisos e riffs de impacto, se mostra um compositor maduro e com total controle do terreno musical onde quer dispor suas armas, como grandiloquência melódica e climas intensos.
Muito dessa dimensão reenergizada que “Sign of the Times” apresenta está sustentada no trabalho em estúdio ao lado do produtor Tommy Geiger.
Ele já havia trabalhado nos dois últimos discos ao vivo do guitarrista e esteve ao lado de Axel Rudi Pell em todo o processo de masterização e mixagem de “Sign of the Times” e ajudou a construir uma sonoridade orgânica, mas cheia de adrenalina e energia.
Em suma, longe de modernismos, sem muitas surpresas, mas mostrando o brilhantismo de sempre, “Sign of the Times” é mais uma excelente contribuição de um guitarrista que já tem status de cult para o heavy metal europeu.
FAIXAS:
1. The Black Serenade (intro)
2. Gunfire
3. Bad Reputation
4. Sign Of The Times
5. The End Of The Line
6. As Blind As A Fool Can Be
7. Wings Of The Storm
8. Waiting For Your Call
9. Living In A Dream
10. Into The Fire
FORMAÇÃO:
Volker Krawczak »» Baixo
Axel Rudi Pell »» Guitarra
Ferdy Doernberg »» Teclados
Johnny Gioeli »» Vocal
Bobby Rondinelli »» Bateria
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